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4 dicas para uma linguagem mais inclusiva e precisa no seu dia-a-dia

10/09/2021 | Silvia Triboni

Como podemos comunicar de forma clara e inclusiva? Fonte: Pexels Como podemos comunicar de forma clara e inclusiva? Fonte: Pexels

Alguma vez teve dificuldade em construir uma mensagem por não saber como se expressar de forma clara?

Já pensou que muito mais do que falar de maneira politicamente correta é verbalizar seus pensamentos de forma precisa e inclusiva?

Se respondeu sim a alguma dessas questões, acredito que este artigo poderá ser útil. Para mim foi, e muito.

Foi em busca de orientações sobre comunicação precisa que encontrei este material no site Think with Google criado pela equipe de Precise Language, que trabalha para capacitar o uso de linguagem inclusiva no local de trabalho.

Da leitura do artigo vi logo que mais do aplicado no trabalho, o estudo é e deve ser adotado nas nossas vidas quotidianas.

 

Comunicação é ferramenta chave para um ambiente seguro

Sabemos que o bom relacionamento entre as pessoas depende muito da qualidade da comunicação entre elas.

“Comunicar de forma inclusiva e precisa significa ter a consciência de que nos relacionamos com pessoas com diferentes características e identidades e por isso é importante comunicar incluindo, valorizando, respeitando e acolhendo toda a diversidade inerente ao ser humano.”

Linguagem inclusiva e precisa levada a sério

É importante que estejamos atentos para adotarmos uma postura legítima quanto à adequação de nossa comunicação daqui para a frente, em qualquer contexto em que estejamos.

Transformar os nossos hábitos, ou de equipas que façamos parte, não é tarefa fácil.

É preciso converter mentalidades para tornar o ambiente de trabalho mais:

  • diversificado,
  • igualitário
  • inclusivo

para que a nova atitude não seja passageira, ou a nova diretriz de trabalho não seja algo “para inglês ver”.

“De acordo com um estudo recente da PwC sobre diversidade e inclusão em organizações globais, 76% das empresas citam a D&I como um valor ou prioridade, enquanto apenas 22% dos colaboradores relatam estar cientes dos esforços relevantes sobre o tema nas empresas onde trabalham.”

4 dicas para ter uma linguagem inclusiva e precisa no seu dia-a-dia

Tudo isso parece muito complexo, entretanto, a orientação fornecida pela Think with Google para a criação e adoção de uma linguagem inclusiva é bem prática, e é útil para todos nós, desde as chefias até as várias equipes de trabalho.

A real diversidade, equidade e inclusão, na prática, há de criar locais de trabalho onde pessoas de todas as origens e culturas se sintam capazes de prosperar. Para isso é importante:

  1. Entender a relação entre linguagem e poder
  2. Avaliar as palavras que usa
  3. Considerar sempre a interseccionalidade
  4. Comprometer-se a continuar a praticar

1. Entender a relação entre linguagem e poder

“As palavras que usamos todos os dias têm um impacto real — em nós mesmos, nos nossos colegas e nas nossas instituições.

A linguagem pode ajudar a manter sistemas de poder que impedem, por exemplo, que um local de trabalho seja inclusivo, criando um ambiente hostil para os funcionários, especialmente aqueles que se identificam com comunidades sub-representadas.

Em geral, indivíduos e grupos com mais poder têm acesso a mais oportunidades e podem impor a sua forma de pensar e fazer as coisas às pessoas que têm menos poder, muitas vezes sem se darem conta.

A linguagem pode ajudar a manter sistemas de poder que impedem que um local de trabalho seja inclusivo, criando um ambiente hostil para os funcionários.

A linguagem pode ser um reflexo disso, já que as pessoas com mais poder influenciam não apenas a linguagem usada, mas como ela é usada no local de trabalho. Como resultado, as palavras que usamos podem perpetuar um ciclo de desigualdade sistemática que é difícil de ser quebrado.

Ao se conscientizar dos desequilíbrios de poder, você pode começar a resolvê-los para melhorar o local de trabalho para todos.”

2. Avaliar as palavras que usa

“A linguagem evolui com o tempo, de tal forma que as palavras usadas há alguns anos podem já não funcionar hoje em dia.

Por isso é importante avaliar continuamente os termos que usamos e trocar periodicamente as palavras à medida que novas informações se tornam disponíveis.

Ao escolher as palavras que usa, lembre-se de que o princípio mais importante da linguagem precisa é respeitar as escolhas e preferências alheias.

EXEMPLO PRÁTICO:

Uso da palavra 'minorias' para descrever qualquer pessoa que não seja branca.

Apesar de politicamente correto, não explica a quais pessoas nos referimos. Além do mais, certos grupos tidos como “minorias” são “maioria” em vários lugares deixando a palavra cada vez mais imprecisa.

“USE: GRUPO OPRIMIDO” no lugar de “MINORIA”

Ao substituir "minoria" por um termo mais preciso, como "grupo oprimido", suas palavras são mais precisas para as pessoas em seu local de trabalho que se identificam como tal.

Ao escolher as palavras que você usa, lembre-se de que o princípio mais importante da linguagem precisa é respeitar as escolhas e preferências alheias. Em termos simples, use sempre os nomes, pronomes e palavras que as pessoas e comunidades escolheram para se identificar.”

3. Considerar sempre a interseccionalidade

“Uma parte importante do uso de linguagem precisa é garantir que seus conteúdos reflitam o mundo ao nosso redor.

Fazer isso, efetivamente, significa reconhecer a interseccionalidade das identidades das pessoas e garantir que campanhas e comunicações representem a pluralidade que existe dentro da diversidade.

EXEMPLO:

“A COVID-19 teve um impacto desproporcional na vida de pessoas não brancas e de pequenos negócios comandados por mulheres".

Mesmo com a melhor das intenções a frase citada separa gênero e raça, e sem querer exclui pessoas não brancas proprietárias de pequenas empresas.

Uma abordagem mais inclusiva seria dizer que:

 "A COVID-19 teve um impacto desproporcional nas pequenas empresas de pessoas não brancas e mulheres".

Você poderia até completar, reconhecendo explicitamente a natureza desse impacto desproporcional:

"Como resultado das disparidades financeiras, geográficas e sociais preexistentes, a COVID-19 teve um impacto desproporcional em pequenas empresas comandadas por pessoas não brancas e mulheres".

Quando a comunicação não é capaz de refletir a interseccionalidade, ela corre o risco de reduzir identidades multidimensionais em histórias simplificadas demais, que podem perpetuar estereótipos e ser ofensivo às pessoas a quem se destina o trabalho.

Escolha sempre narrativas variadas e, de preferência, aquelas que vêm diretamente das pessoas que fazem parte da narrativa, mesmo quando elas desafiam visões históricas de como algo deve ser apresentado.”

4. Comprometer-se em continuar a praticar

“A inclusão não é uma moda. É necessário mudar as desigualdades estruturais, e isso requer uma vontade de examinar e resolver continuamente os desequilíbrios de poder.

Avalie as práticas de sua empresa rotineiramente para criar uma comunicação e relações mais eficazes entre a sua equipa.

Considere fazer uma pesquisa com todos os colaboradores para ter opiniões e comentários e decidir qual será o seu objetivo final.

EXEMPLO:

Pode definir como meta, ter 95% dos colaboradores satisfeitos com a comunicação da empresa e com a maneira como incentiva a produtividade e valoriza o trabalho deles.

Avalie rotineiramente as práticas da sua empresa para encontrar oportunidades de criar uma comunicação e relações mais eficazes entre todas as pessoas.”

Mãos à obra!

A aplicação dos princípios da linguagem inclusiva e precisa pode parecer complicada no início, mas é importante que nos dediquemos a isso com afinco, mesmo se parecer difícil.

Vamos usar as 4 dicas para termos uma linguagem inclusiva e precisa em nosso dia-a-dia, e nos comprometermos a melhorar a nossa comunicação constantemente, de forma que o nosso ambiente pessoal e de trabalho, seja verdadeiramente respeitoso e inclusivo.