90 Anos do Colete Encarnado, 9 décadas de animação.

Devido a longa época em que a festa ocorre, a mesma encontra-se arraigada na alma dos mais idosos que a descrevem com orgulho e entusiasmo, principalmente aos que participam pela primeira vez. Provavelmente a totalidade dos moradores da cidade, tem registo desse evento durante toda a sua vida, tem histórias para contar e marcam presença na festa juntamente com seus familiares e amigos.

A festa do Colete Encarnado, que tem esse nome inspirado na cor do colete utilizada pelos Campinos, realizou-se, pela primeira vez, em julho de 1932, organizada por José Van-Zeller Pereira Palha, defensor da preservação das raízes culturais, em homenagem ao Campino, trabalhadores do campo e também para angariar fundos para ajudar os bombeiros da terra. Desde o seu inicio, somente não se realizou por 3 anos, um devido a 2a Guerra Mundial e os outros dois, devido a recente pandemia.

O seu brilho foi tal, que ela transformou-se numa referência da tradição Ribatejana, até aos dias de hoje. Desde então, falar de Vila Franca de Xira é falar também desta festa, da consagração da figura do Campino e do seu trabalho com os cavalos e toiros, do Tejo, da Lezíria, de uma alegria contagiante nas ruas cheias de gente e dos laços que se renovam a cada ano que passa.

Durante os 03 dias foram dezenas de atividades, numa intensa programação cultural destinada a todos os moradores, familiares e visitantes.

Os maiores destaques foram:

• A feira de velharias
• Corrida de campinos
• Concentração de barcos
• Homenagem ao Campino
• Desfile dos campinos, cavaleiros e amazonas
• A largada de toiros
• As crianças sevilhanas
• As tertúlias
• Os concertos
• Os fados

Por ser uma festa e segundo os moradores, o ribatejo não vive sem música, portanto, foram espalhados palcos por vários pontos da cidade para os grandes concertos, com apresentação de bandas e cantores famosos.

Sem deixar de referir o momento mais aguardado, a emocionante largada dos toiros. Eles são trazidos pelos campinos e conduzidos aos currais, onde centenas de pessoas os aguardam, algumas sobem nas tronqueiras (vigas de madeira) e os mais audaciosos, arriscam-se com total adrenalina, a desafiarem o animal, entretanto correm ao sentirem-se ameaçados. É uma espécie de diversão sem que o toiro seja ferido.

O evento contou também com a inauguração da exposição “90 Anos de Emoção”, no Celeiro da Patriarcal, com um acervo de imagens, fatos históricos e vídeos que reviveram as 9 décadas.

Para uns é a curiosidade de conhecer o Colete Encarnado, para outros, é viver momentos de alegria e convívio num ambiente familiar, festivo e especial, onde desde os mais idosos até as crianças, fazem questão de apresentar-se vestidos à caráter. Tudo é vivido com emoção e preservação da identidade cultural.

O Concelho comemora também o fato de em 2020, a sua festa mais tradicional, ter se tornado uma das “7 Maravilhas da Cultura Popular''. Reforça assim esta vertente expressiva da sua história e raízes, na qual a autarquia permanentemente, não mede esforços para preservar e promover o evento.

Vila Franca de Xira nestes três dias, expressa o seu orgulho, o seu sentido de pertencer à terra e a sua personalidade afetiva, num festival que expressa a alma dos Vilafranquenses e de alguma maneira, contagia todos que dele participam.