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Com o passar do tempo vamos dando menos peso a algumas coisas. Vamos nos sentido melhor na nossa pele e, idealmente, vamos ganhando mais segurança e autoestima. Isto é muito bom e faz mesmo parte do nosso crescimento emocional. É uma das características que nos torna diferentes dos mais novos, o que é bom!
Olho para mim, para a forma como me sinto comigo mesma e reparo nas minhas amigas e percebo que também estão mais relaxadas, mais descontraídas. É como se vestíssemos um jeans emocional e fossemos viver a vida. Não sei se percebem o que quero dizer com isso.
De facto, esta forma mais livre e simultaneamente mais segura de estar na vida é um dos ganhos da maturidade. Não só física, mas principalmente emocional.
O que percebo é que nos tempos atuais, quando vivemos mais do que as gerações anteriores, esta forma de estar ajuda na descoberta de novos caminhos para a segunda grande metade da vida.
Chamo a esta descontração com segurança uma forma “jeans” de estar na vida porque olho para trás, para a minha vida, e é como se até hoje eu andasse num vestido que me tolhia os movimentos e com uns saltos que me deixavam um pouco tensa.
Agora que cheguei a esta nova etapa da vida, em que aprendi que posso relaxar e em que me sinto mais dona de mim mesma, é como se despisse o dito vestido, colocasse uma camiseta e uns jeans e saísse descalça pela casa, curtindo o espaço à minha volta, os meus amigos e sentido o meu corpo. Feliz por estar naquela roupa que nem me pesa.
Somente a maturidade nos dá esta capacidade de olhar em perspetiva e de relativizar as coisas. Mas ao mesmo tempo que nos sentimos assim, a longevidade vem também influenciar a forma como nos vemos a nós mesmas e aos outros.
Não sei se quem me lê sente o mesmo. Eu cheguei a esta etapa da vida e dou por mim a pensar em quem sou.
Quem é esta Ana que vejo todas as manhãs no espelho?
Esta criança que hoje é uma mulher e deixem que vos diga, é fascinante olhar para mim como se fosse outra pessoa a olhar para mim, observar-me.
Outro dia dei por mim a ver a minha metamorfose enquanto me maquilhava para ir trabalhar.
Gosto de me maquilhar. Gosto de sair mais bonita para a rua. E hoje em dia acho muito divertido todo o ritual que tirar uns traços aqui, realçar outros, dar uma cor aos olhos e um brilho aos lábios.
É isto. É viver a fase jeans da minha vida!
Uma fase de descoberta diária, de autoquestionamento que me tem guiado na busca da minha felicidade e de significado.
Este é sem dúvida um dos grandes trunfos da maturidade. E aquelas jovens que lutam com o corpo, com a forma como os outros as vêem, que vejam nas mulheres maduras que vestem bem o seu “jeans” como uma fonte de inspiração e de ânimo.
Um dia também elas vão viver assim: Com jeans por fora e por dentro.
Fonte: Artigo publicado na revista brasileira NO MORE
Sobre a autora:
Ana João Sepulveda
Expert em Economia da Longevidade e em Envelhecimento Sustentado
Presidente da Associação Age Friendly Portugal e Embaixadora da rede Aging 2.0
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