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O Palácio dos Anjos teve o auditório cheio para mais um debate no âmbito do ciclo de conversas Praça das Liberdades sobre a atualidade promovido pela Camara Municipal de Oeiras. Com moderação de Nicolau Santos, com transmissão em direto no Facebook do Município de Oeiras e das Bibliotecas Municipais de Oeiras, teve a participação de sexóloga Marta Crawford, a escritora Dulce Maria Cardoso e o urologista Nuno Monteiro Pereira.
Com um público maioritariamente feminino, a longevidade e a sexualidade foram abordadas como sendo assuntos complementares. As limitações, impostas pelo processo natural de envelhecimento, apresentam transformações físicas, riscos para a saúde, receio de fracasso em manter uma relação sexual satisfatória, que se juntam ao pudor e a timidez e muitas vezes são temas controversos e evitados.
No entanto a atividade sexual, enquanto parte integrante da vida do ser humano, influencia pensamentos, emoções e relações e é determinante na saúde física e mental, independentemente da idade e da orientação sexual.
A primeira questão discutida foi:
- afinal quantos anos tem uma pessoa na 3º idade hoje?
O consenso foi que com o aumento da longevidade dizer que pessoas que tem mais de 60 anos estão numa 3ª idade é redutor e que se faz necessário uma outra abordagem que retire o preconceito ao envelhecimento.
Segundo a Dra. Marta Crawfort, a sexualidade esta diretamente ligada a maturidade, a liberdade e o autoconhecimento e, portanto, quanto mais tempo de experiência em viver e conviver uma pessoa tem mais apta para o desejo e o prazer ela pode estar. A idade permite uma consciência da intimidade e da sexualidade.
Há uma diferença entre o prazer na juventude e na idade madura, onde o corpo é o que apresenta maior mudança do ponto de vista fisiológico. Entretanto é muito importante entender que o prazer é consequência de uma série de outras questões como a sedução, a intimidade e principalmente o entendimento que há inúmeras formas de encontrar o prazer.
No caso feminino, a complexidade é ainda maior e tem relação direta com os tabus aos quais as mulheres são implicadas e uma boa gestão da saúde mental. O conceito trazido pela menopausa que a mulher deixa de “ser útil” ainda está muito incutido ao processo de envelhecimento feminino. Crawfort defende que todas as idades deveriam passar por uma educação sexual continuada.
A reter: a sexualidade na idade madura deve ser vivida em pleno na sua condição, como aporte importante para a felicidade e longevidade e que os casais devem estimular a intimidade em todos os níveis pois só assim é possível ter prazer em qualquer idade.
Sobre a autora:
Cláudia Girelli, é Mãe, jornalista, cozinheira e agora biodanzante. Adora as letras e as artes em todas as suas expressões. Uma mulher brasileira, com 53 anos que vive em Portugal a 20 anos e é aqui onde sente-se em casa. A passar pela menopausa forçada por uma intervenção cirúrgica, ficou alerta para os temas da longevidade e para as transformações que surgem no decorrer da jornada que é viver. Caminha, medita e dança. Em doses diárias de escrita semipoética, coleciona histórias que um dia vão virar livros enquanto procura conhecer-se para poder enfrentar todas a dor e a delícia do amadurecimento e da vida longa e leve.