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Um projeto que se foca na população que vive só ou em isolamento social e nos estudantes, nacionais ou estrangeiros, que não tenham recursos financeiros para arrendar uma casa, funcionando como uma forma de combate a solidão e uma oportunidade de encontrar onde habitar, respondendo a estas duas necessidades numa logica win-win.
No ano letivo 2021/2022, mais concretamente neste último trimestre, estão integrados 12 beneficiários (seis estudantes e seis seniores) no “Aconchego”.
Decorreu este mês de julho, o encontro anual dos participantes no “Aconchego”, numa troca de experiências entre os intervenientes, tendo a participação do vereador da Educação e da Coesão Social, Fernando Paulo, e da vereadora da Saúde e Qualidade de Vida, Juventude e Desporto, Catarina Araújo, e demais dirigentes do Município.
Fernando Paulo agradeceu o envolvimento de todos: Federação Académica do Porto, seniores que acolhem os jovens universitários e estes por aderirem ao programa e, desta forma, "acarinharem os seniores da cidade do Porto".
Já Catarina Araújo realçou a "enorme relevância do projeto, assim como a importância do envolvimento da FAP.
A presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas, referiu a importância de criar pontes entre gerações e combater a solidão entre jovens e seniores e a resposta que o programa dá aos novos jovens universitários que chegam ao Porto."
Maria José, de 98 anos, participa no programa Aconchego desde 2005. No encontro deste ano partilhou o gosto e conforto que sente ao ter uma jovem estudante de arquitetura, Giulia Poletto (brasileira), a viver consigo.
Maria Teresa Vaz, de 93 anos, acolhe estudantes desde 2009 e testemunhou que, João Mira, natural da Serra da Estrela e a estudar Conservação e Restauro na Universidade Católica, "tem sido uma companhia e uma pessoa tão atenta como os meus próprios filhos". João Mira, que mora há três anos com Maria Teresa Vaz, reforça: "sempre me senti parte da família, desde o primeiro dia."
Maria Albertina, minhota, com 91 anos, acolheu Vinicius Pedra, brasileiro a frequentar o mestrado em Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, ao mesmo tempo que trabalha numa empresa do setor. Ainda recentemente, o estudante confessou, a Rádio Renascença, que viver na, como o próprio denomina, “casa de boas maneiras da D. Albertina” tem sido uma experiência de aprendizagem, mas sobretudo de amizade.
Adelina e João Costa, natural de Braga e estudante de conservação e restauro na Católica, partilharam as suas vivências, bem como Roberta, brasileira e estudante de arquitetura, que mora com Fernanda Lopes e Marco Martins, a fazer doutoramento em psicologia, que mora há três anos com Maria João Spratley, que, igualmente, por razões de saúde não pôde estar presente.
O programa Aconchego dirige-se a pessoas com mais de 60 anos, residentes no Porto, que vivam só ou com o cônjuge, em situação de solidão e/ou isolamento social, e a estudantes, nacionais ou estrangeiros, que venham estudar para a cidade e não tenham recursos financeiros para arrendar um espaço.
Aos mais jovens é apenas solicitado que se comprometam com o acompanhamento e melhoria da qualidade de vida de seus anfitriões. Não sendo "cuidadores", devem assumir-se como uma companhia, principalmente à noite, e colaborar em tarefas como ir às compras ou à farmácia, esclarecer dúvidas sobre tecnologia, ou mesmo ajudar a preparar das refeições. Existe apenas uma taxa mensal de 25 euros para o dono da residência para fazer face ao aumento de despesas.
Devido à crescente visibilidade e sucesso do programa, várias organizações da sociedade civil têm demonstrado interesse em proceder à replicação da iniciativa noutros concelhos e cidades do país.
Internacionalmente, o “Aconchego” tem sido reconhecido.
Em 2010, foi premiado no concurso "This is European Social Innovation", promovido pela Comissão Europeia - Eurocities, devido ao seu potencial inovador e de empreendedorismo social.
Em 2012, recebeu o selo de Iniciativa de Elevado Potencial de Empreendedorismo Social, atribuído pelo Instituto de Empreendedorismo Social. Já em março de 2018 foi selecionado como uma boa prática “smart to-do/Ageing Summit”.
E em 2018, foi selecionado como uma “age-friendly housing practice”, através da WHO Global Network of Age-Friendly Cities and Communities e Grantmakers in Aging, no âmbito da iniciativa Innovation@Home.
Um bom exemplo de projeto que explora o potencial de cruzar com sucesso duas gerações que têm muito para dar. Venha a replica desta boa iniciativa a nível nacional para que estas boas praticas possam ser experienciadas pelo maior número de pessoas com estas necessidades e não só.
Fonte: https://www.porto.pt/