As vulnerabilidades das pessoas mais velhas | Sociedade

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As vulnerabilidades das pessoas mais velhas

03/03/2022 | Sofia Alçada

Como podemos ajudar as pessoas mais velhas Fonte: Site HelpAge Como podemos ajudar as pessoas mais velhas Fonte: Site HelpAge

Vivemos nos últimos tempos, situações que têm colocado em evidencia a fragilidade da situação das pessoas mais velhas, população que é colocada em segundo plano ou abandonada a sua sorte em caso de conflitos.

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia, entre muitos outros, mas este talvez pela maior proximidade a nós - situado na Europa e entre países que consideramos evoluídos e civilizados -  toca-nos de forma diferente (embora, talvez não devesse, pois afinal, são sempre seres humanos independentemente da sua maior ou menor proximidade).

Ao vermos pessoas a fugir da guerra, a abandonar as suas casas, as suas famílias, os seus maridos, sem saber como será o futuro, é algo que dificilmente nos deixa indiferentes.

A mim, tocou-me em especial, pelo tema que vimos a tratar aqui no Impulso Positivo, ao ver as pessoas mais velhas a serem abandonadas, deixadas para trás, como se a vida já pouco ou nada importasse.

Ganhamos consciência, mais uma vez, da vulnerabilidade desta população, que muito sofre nestes conflitos, pela incapacidade ou dificuldade em se movimentar, sendo deixados para trás, sem acesso a quem cuide ou proteja, a medicamentos, a alimentos e sem suporte psicológico de qualquer tipo. 

 

Plataforma de apoio as pessoas mais velhas: Helpage.org

Como referido na plataforma Helpage.org

“Sabemos por experiência própria a devastação causada às comunidades e às vidas das pessoas mais velhas pelo conflito em 2014, o que não pode ser repetido e uma resolução pacífica urgente deve ser encontrada para evitar uma catástrofe humanitária”, disse Justin Derbyshire, responsável pela plataforma.

“Em 2014 e 2015, testemunhamos a terrível devastação causada pelo conflito que destruiu comunidades que viviam bem, dividindo famílias e pondo em causa a saúde física e mental das pessoas. Muitos, em particular a população mais velha, ainda não se recuperaram. Não podemos permitir que a história se repita. Uma crise humanitária massiva só pode ser evitada se todas as partes respeitarem o Direito Internacional Humanitário e colocarem a segurança dos civis em primeiro lugar”.

Na plataforma https://www.helpage.org/what-we-do/older-people-in-ukraine/ vemos vários testemunhos de quem está a sentir na pele a exclusão, o medo e a impotência de nada poder fazer para se defender, revivendo muitas vezes grandes traumas de outras guerras como o conflito de 2014 ou mesmo a 2ª Guerra Mundial.

“Se a guerra começar, ficarei em casa. Há uma cave em minha casa, mas não devo conseguir lá chegar. Conto que os meus vizinhos não me deixem, se Deus quiser. As pessoas sofrem, vivem com medo, todos estão preocupados...”Lydia Manuylova , uma mulher de oitenta e seis anos na Ucrânia é um dos testemunhos.

A pesquisa realizada pela HelpAge na Ucrânia após o conflito de 2014 destaca os riscos específicos que esta população mais velha enfrenta se o conflito escalar:

  • Dificuldades para conseguir fugir, resultando na separação das famílias e na exclusão e isolamento social. A grande maioria (96%) dos idosos alvo desta pesquisa, enfrentou problemas de saúde mental relacionados com os conflitos que viveram no passado.
  • Risco de grave escassez de rendimento, pois quase todos (99%) dependiam de uma pensão como principal fonte de rendimento ao qual não terão acesso se o conflito perdurar por muito tempo.
  • A falta de acesso aos cuidados de saúde. 97% das pessoas pesquisadas tinham pelo menos uma doença crônica, o que irá agravar ainda mais as suas vidas já fragilizadas.
  • Más condições de vida e falta de apoio às pessoas com deficiência. Mais da metade (53%) dos idosos relataram precisar de dispositivos assistidos, incluindo andarilhos, bengalas e cadeiras sanitárias.

O que nos resta fazer?

Para mim, o que fica é que nos cabe ganhar consciência. E ao ganharmos consciência, cabe-nos agir e proteger quem nos está próximo e é excluído. Seja por que razão for. E assim, garantir um olhar atento, denunciando abusos e exclusões, mesmo que na nossa aldeia ou quem sabe no nosso quintal, para que possamos fazer o que está ao nosso alcance para mudar a vida de alguém, para melhor.

E que seja um alerta claro que todos contamos e merecemos ser cuidados.

Seja num mundo distante, num mundo próximo ou à nossa porta.

Fazer a diferença no que está ao nosso alcance, pode ser o que nos é pedido quando estamos perante situações destas, onde é total nossa impotência, ou talvez não!

O que vamos fazer?