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Boas práticas no que toca a empregabilidade

27/01/2021 | Sílvia Triboni

Trabalho 50+ - Boas praticas. Foto: Andrea-Piacquadio Pexels Trabalho 50+ - Boas praticas. Foto: Andrea-Piacquadio Pexels

Segundo a especialista na área da longevidade, Ana Sepulveda da 40+Lab, os bons exemplos vêm de países como a Austrália e o Japão, referindo:

“A Austrália fez um estudo sobre o impacto da longevidade na população ativa e sobre o impacto da não empregabilidade dos 40+. Percebeu que se não fizesse nada, isso teria, por ano, um impacto negativo de 3% do PIB. Uma das medidas adotadas foi o desenvolvimento de políticas públicas e fiscais e publicou um manual que visa orientar as organizações na adoção das referidas políticas públicas e fiscais.

Com o foco no contínuo aumento da longevidade, a especialista refere ainda mencionando o país com maior esperança de vida do mundo,

“O Japão decidiu desenhar uma política de gestão de capital humano que está para ser implementada, inserida numa estratégia de construção de uma sociedade que permita a todos atingir os 100 anos de vida.”

”Isso para dar dois exemplos daquilo que o Estado pode fazer, porque tal como se pode ler no relatório do Banco Mundial para o desenvolvimento da Economia da Longevidade, na maioria dos casos, tem de ser o Estado a servir de acelerador na mudança de mentalidades e na adoção daquelas que são consideradas medidas fundamentais para a construção de uma sociedade efetivamente democrática e igualitária, que promove a igualdade de acesso e condições para todos, como se pode ler no Pilar Europeu dos Direitos Sociais.”

Ana João Sepulveda,​ Managing Partner ​ 40+​ Lab

 

Proteção dos mais velhos no trabalho: O exemplo Australiano

Assim, podemos concluir que o governo australiano está atento aos desafios enfrentados pelos trabalhadores mais velhos. Assim como em outros países, na Austrália, muitos sofrem discriminação de idade no local de trabalho ou ao procurar trabalho.

De modo a enfrentar tal situação, o governo estabeleceu normas que protegem os trabalhadores da discriminação e defende o seu direito de ter acordos de trabalho mais flexíveis (Legislação que poderá ser consultada no ​CEPAR - Centre of Excellence in Population Ageing Research​), com abrangentes e construtivas determinações legais nas áreas do:

  • emprego,
  • anti-discriminação,
  • cuidadores
  • regulamentos.

Colocação e manutenção no mercado de trabalho: O exemplo do Japão

Conforme noticiado pelo jornal The Guardian,​ na região metropolitana de Tóquio, a pequena indústria de metalomecânica, parece uma janela para o futuro.

Além de sua inventividade no desenvolvimento de novos produtos, a Hamano é uma empresa visionária, uma vez que quase 20% de sua mão-de-obra tem mais de 50 anos de idade.

O exemplo empresarial destacado é apenas um entre vários que se tem notícia, provenientes dos setores privados e públicos neste país asiático.

No Japão, o governo investiu pesadamente no que eles chamam de “silver human resourcecentres”,​ que fornecem suporte e aconselhamento para candidatos a emprego com mais de 60 anos.

Segundo consta, a chave para esses serviços é que no Japão os centros de empregos atuam como agências que propiciam o desenvolvimento de habilidades aos trabalhadores mais velhos, interligando com o que as empresas precisam.

As empresas também mobilizam as pessoas de mais idade para que tenham consciência cívica, prestando serviços comunitários, como:

  • cuidar dos anciãos ou
  • ajudar no trabalho de regeneração urbana.

Essa prática é amplamente valorizada pela sociedade japonesa, tendo em vista os ganhos resultantes dessa política, visto ser uma vitória para as empresas, que ganham funcionários experientes e capacitados.

Outro aspeto que ocorre quando as pessoas são ajudadas a voltar ao trabalho é uma ajuda para o orçamento de estado, que assim amplia a sua base de contribuintes.

 

Qual a realidade em Portugal quanto a empregabilidade dos 55+?

Independentemente da atual falta de adesão aos programas de benefícios fiscais criados pelo governo de Portugal, os órgãos empregadores que incluem cidadãos com 55 anos ou mais em suas corporações, o povo português há de se orgulhar de sua política de proteção ao trabalhador sênior.

Historicamente, as regras de proteção desse trabalhador, incluídas nos Planos Nacionais de Emprego, decorrem das recomendações e resoluções adotadas pela Comissão Europeia.

Muito embora o aumento da longevidade da população portuguesa seja um fato positivo, a qualidade dos anos de vida ganhos apresenta um potencial para melhorar, fato semelhante à realidade brasileira.

Em matéria do envelhecimento ativo e saudável, Portugal está comprometido com a Estratégia e Plano de Ação Global para o Envelhecimento Saudável da OMS e com os valores e objetivos fundamentais da União Europeia (UE).

Na esteira da prática europeia de desenvolvimento e proteção dos cidadãos que compõem a faixa etária dos adultos mais velhos, o Ministério da Saúde de Portugal, por meio da Directoria-geral da Saúde (DGS), possui um histórico evolutivo de programas, a exemplo do Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas ​ - ENEAS.

Da leitura do Decreto-Lei de Portugal destaca-se o seu objetivo:

“Pretende -se, desta forma, fomentar uma inserção sustentável dos jovens à procura do primeiro emprego e dos desempregados de longa e de muito longa duração no mercado de trabalho, dando resposta ao desemprego nestes grupos vulneráveis e criando estabilidade no mercado de trabalho.”

“A partir de agosto de 2017, as empresas que contratem jovens e desempregados de longa duração, passaram a ter uma redução temporária na contribuição para a Segurança Social, durante 5 e 3 anos, respectivamente”.

O diploma atual, que substituiu o de 1995, apresentou redução nos índices dos benefícios à contratação dos trabalhadores vulneráveis, uma vez que, antes, as empresas podiam ficar totalmente isentas de contribuições por três anos; agora, esta possibilidade só abrange desempregados de muito longa duração.

 

Em conclusão, devemos promover o envelhecimento ativo, valorizando a criação e a prática das ações governamentais que apoiem e premeiem as empresas aderentes a essas boas práticas, a fim de que valiosas normas não se tornem letras-mortas em decorrência do desconhecimento, desrespeito, ou falta de outras medidas protetoras. Porque as pessoas merecem continuar a fazer parte ativa da sociedade, num ambiente que se quer inclusivo e intergeracional, onde todos podemos ganhar com isso: Governos, empresas e pessoas.

 

Silvia Triboni é editora e produtora de conteúdo sobre Longevidade e Turismo na Across Seven Seas.
Adaptado do artigo original https://www.cidadaoereporter.com.br/viver-bem/longevidade/o-estado-na-inclusao-do-trabalhador-senior-no-mercado-de-trabalho