Cohousing - o viver no século XXI | Habitação

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Cohousing - o viver no século XXI

29/06/2021 | Silvia Triboni

Munksøgård  é um dos cohousings pioneiros na Dinamarca. Fonte: Perfil Facebook Munksøgård é um dos cohousings pioneiros na Dinamarca. Fonte: Perfil Facebook

Além dos ganhos que a ciência e a medicina já nos coloca à disposição, implicações dessa vida longeva surgem para nos provocar e questionar sobre o nível global de qualidade de vida que permeará o nosso futuro.

  • Como estaremos daqui 10, 20 ou 30 anos?
  • Saudáveis? Independentes?
  • Com quem poderemos contar no caso de uma emergência?

Não temos respostas para todas essas perguntas. Entretanto, sabemos que podemos, hoje, planear e governar o nosso futuro, pelo menos, quanto ao lugar, como e com quem vamos morar, e isso é já nos conforta.

Ficou interessado? Vamos saber mais!

 

A comunidade intencional

Em primeiro lugar, vamos imaginar um grupo de amigos, acima dos 50 anos que, ao passo em que envelhecem, e ainda que a mobilidade deles seja limitada, continuam próximos uns dos outros, vivendo e convivendo em espaços pensados por eles e para eles.

Bom, não?! Isso é possível? Sim!

Envelhecer com os nossos amigos como vizinhos, e poder contar com eles no que for preciso numa comunidade intencional, é possível, e é uma boa forma de morar que já é uma realidade em muitos países.

Chama-se Cohousing-sênior.

O cohousing-sênior é reconhecido como um projeto de engenharia social, que tem como objetivo promover a qualidade de vida e a saúde dos moradores, por meio da maximização da interação social, da participação, da solidariedade e do apoio mútuo, da cidadania ativa e do respeito ao meio ambiente.

Veja também aqui outro artigo sobre o cohousing como nova forma de habitação.

O que é cohousing e como funciona

Vamos saber mais sobre Cohousing – o Morar no Século XXI.

Cohousing é uma habitação colaborativa, surgida como uma resposta social a um problema que afeta, sobretudo, grupos vulneráveis como os jovens ou os idosos.

De acordo com Charles Durrett, “cohousing é uma comunidade intencional, formada por pessoas que decidem morar em um mesmo ambiente físico, no qual o terreno, as construções e as demais benfeitorias existentes constituem-se em meios de integração e convívio entre todos os moradores, permitindo  promover uma vida comunitária intensa, sem impedir que cada morador tenha uma vida familiar de forma privativa.”

Não se trata de um condomínio para idosos, mas de uma “comunidade residencial intencional, construída pelos próprios moradores”, conforme define Charles Durrett, o arquiteto americano que mais estudou as características das comunidades cohousing dinamarquesas.

Além disso, projetou e acompanhou a construção de quase 60 comunidades cohousing nos Estados Unidos e no Canadá.

Charles Durret é um arquiteto norte-americano que introduziu o modelo de cohousing nos Estados Unidos.

Todo o modelo de cohousing possui, em comum, as seguintes características que definem este tipo de comunidade:

  1. Processo participativo;
  2. Projeto intencional de vizinhança;
  3. Instalações comuns;
  4. Gerenciamento pelos moradores;
  5. Estrutura não hierárquica;
  6. Recursos financeiros pessoais e independentes.

“Todos projetam o espaço de acordo com as necessidades do grupo, com casas independentes e áreas compartilhadas como a cozinha, o refeitório ou as áreas verdes. Além disso, compartilham serviços essenciais como a limpeza, jardinagem ou cuidar das crianças.”

 

Origem do cohousing

Esse sistema nasceu na Dinamarca nos anos 60, e combina diferentes soluções arquitetônicas com os princípios de vida:

  • comunitária,
  • cooperativismo
  • propriedade coletiva.

Munksøgård  é um dos cohousings pioneiros na Dinamarca.

Inicialmente era destinado para casais jovens com filhos, devido ao seu caráter cooperativo. Assim, quando o pai e a mãe estivessem trabalhando os filhos poderiam ser supervisionados e cuidados, num sistema de revezamento pelos adultos.

O revezamento de equipes para a compra de alimentos e preparação de refeições para todos os moradores, no refeitório da “Casa Comum”, é o outro grande diferencial dessas comunidades.

Com o passar dos anos, os moradores mais velhos dessas comunidades multigeracionais resolveram optar pela vida em um cohousing-sênior, onde a idade mínima dos moradores costuma ser de 50 anos.

 

Quem mora em um cohousing

O Fórum Econômico Mundial (WEF) reconhece os benefícios sociais, econômicos e ambientais da habitação colaborativa, um modelo mais inclusivo e sustentável que facilita a convivência, a cooperação e o uso responsável dos recursos naturais e energéticos.”

Viver em comunidade também é uma alternativa contra a solidão que afeta, sobretudo, às pessoas mais velhas e aquelas que sofrem de discriminação.

O cohousing para idosos é um dos modelos mais populares, mas não é o único uma vez que esse modelo é adequado para:

  • grupos de amigos que querem morar juntos e estabelecer um projeto comum,
  • pessoas que contam com recursos limitados,
  • pessoas com alguma deficiência ou com tratamentos crônicos,
  • grupos com necessidades específicas de espaço, iluminação ou acústica, etc.

 

Como o cohousing pode ser constituído

A forma mais frequente de propriedade no cohousing é a cooperativa de habitações com concessão de uso. Isso significa que o imóvel pertence à comunidade, mas seus habitantes têm direito a morar nele e a utilizar os espaços comuns para o resto da vida.

Este usufruto vitalício pode ser deixado como herança ou ser vendido através da cooperativa, facilitando assim a mudança de residência.

O imóvel para a habitação pode decorrer de:

  • Adquisição do terreno e construção;
  • Aluguel de imóveis mediante acordos com os proprietários.

Em ambos os casos a cooperativa assume todas as despesas originadas do projeto.

Saiba mais sobre os espaços do cohousing