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Nasci no Rio de Janeiro, filha de pais portugueses. Em 2001 resolvi conhecer a terra onde eles nasceram e da qual eu sempre tive muitas referências durante toda a minha infância e adolescência. Pronto, foi paixão à primeira vista.
A partir desse encontro com essa terra mágica, eu e meu marido decidimos que, quando nos reformássemos, mudaríamos para Portugal.
Após uma viagem de reconhecimento que durou três meses, percorrendo o país de norte a sul em 2014, nos decidimos por Lisboa e chegamos, de mala e bagagens, em junho de 2015.
Sou licenciada em História e Administração de Empresas, possuindo ainda uma pós-graduação em Marketing. Minha vida profissional dividiu-se entre o magistério e a banca, sendo que foi nesta última função que passei a maior parte da minha vida profissional.
O trabalho como funcionária do Banco do Brasil permitiu-me morar em diferentes estados do Brasil, de norte a sul, o que muito me agradou, já que viajar e conhecer outros lugares sempre foi a minha paixão. O que fez com que eu adquirisse uma certa experiência em mudanças.
Morei em 4 estados e 5 cidades diferentes durante a minha vida profissional. Como eu e meu marido trabalhávamos no mesmo banco, facilitou muito as nossas vidas e transferências.
Mas mudar para outro país, noutro continente, com 57 anos, mesmo sendo esse um “país irmão”, onde se fala a mesma língua (ok, quase a mesma), não é uma tarefa simples.
Implica deixar para trás toda uma vida, família, filhos, amizades, enfim, começar tudo outra vez.
Deixei no Brasil a minha mãe, a minha sogra, os meus irmãos, os meus cunhados, dois filhos e uma neta a caminho, que nasceu alguns meses depois da minha mudança.
O que fazer com a minha casa? Alugar, vender, deixar fechada? Empacotar os livros, cds, discos de vinil, dvds, álbuns de fotografias, lembranças de viagens, enfeites, quadros? E os móveis? E a roupa de cama, banho? E a nossa roupa?
Quando mudava a trabalho, tudo era pago pela empresa, mas agora…. Começamos a fazer orçamentos para transportar nossos bens, amealhados durante 27 anos de vida em comum. Pois bem, se trouxéssemos tudo, iríamos à falência imediatamente.
Aqui a tática tinha que ser outra. Não podíamos transportar todas as coisas que queríamos, tínhamos que priorizar, separar o que era importante, exercitar o desapego, reduzir as nossas “tralhas” ao mínimo indispensável, montando uma operação logística complexa, com a ajuda dos filhos e dos amigos.
A primeira decisão foi quanto ao apartamento, que resolvemos arrendar. Para isso, precisávamos esvaziá-lo.
Distribuímos os móveis, doando-os para quem deles precisava, reservando os que não foram aproveitados. Separamos alguns livros, cds, e dvds que queríamos trazer conosco e, igualmente, guardamos os demais. E assim fizemos com todos os nossos pertences.
Filhos, noras, mãe, irmã, amigos, todos foram chamados para escolher o que gostariam de levar.
Com o que sobrou, fizemos uma “venda de garagem”, anunciando em uma página criada no Facebook para esse fim.
Dessa forma conseguimos ganhar uns trocados para ajudar nas despesas. O que não foi vendido foi doado a instituições de caridade, como a casa Ronald McDonald e o Exército da Salvação.
Tudo resolvido? Claro que não! Não esqueçam que eu disse ser licenciada em História, meu marido também! Livros eram a maior parte dos nossos bens, e a mais pesada também! Mesmo reduzindo ao máximo o número de títulos considerados essenciais, o volume que restou era consideravelmente grande. Como solucionar essa questão, já que, na época, só tínhamos direito, cada um de nós, a duas malas de 32 quilos cada uma? Mais uma vez entraram em cena os amigos pois, quem tem amigos tem tudo!
Cada amigo que vinha para Portugal tinha “direito” a trazer uma mala cheia de livros! O que sobrou está, ainda hoje, em casa de alguns dos mais chegados. Quem disse que o saber não ocupa lugar?
Isso aconteceu também com os discos de vinil, cds, dvds e álbuns de fotografia, que são muitos!
Todas as vezes que vamos ao Brasil procuramos trazer alguma coisa, mas esse processo é lento e trabalhoso.
E nosso pensamento evolui sempre para nos desfazermos dessas coisas pois, se não precisamos delas até agora, a chance de vir a precisar algum dia é cada vez menor. Além disso, a tecnologia evoluiu muito.
Quem precisa de CD se hoje temos o Spotify e a Alexa?
Quem precisa de DVD’s se temos os “streamings”?
E quem hoje em dia faz álbuns de fotografia, se pode publicar suas fotos digitais no Instagram e no Facebook?
E livros, para que ocupar espaço com eles se podemos comprá-los em formato digital e ler no Kindle ou em outro leitor de livros digitais?
Parte material resolvida. Apartamento em Lisboa arrendado. Móveis e utensílios domésticos comprados na Ikea, Worten e no chinês (onde mais?), com seria a vida?
E os amigos, a família, como fica?
E, principalmente, como fazer novas amizades, criar novos laços, conhecer pessoas, formar novos círculos de amigos em uma terra estranha, numa idade em que já não frequentamos tantos lugares assim?
Tenho família aqui em Portugal, mas todos em Castainço, uma aldeia no Concelho de Penedono, Distrito de Viseu, um pouco longe de Lisboa.
Quis o destino que eu encontrasse um ex-aluno, que é dentista e vive em Portugal há 30 anos!
Esse rapaz, além de ser muito competente na sua profissão, é uma das melhores pessoas que eu conheço.
Amigo, prestável, simpático, casado com um optometrista espanhol igualmente competente e de excelente índole!
Esse casal auxiliou-nos em tudo o que necessitávamos. Desde assuntos burocráticos até ao empréstimo do carro para que pudéssemos nos movimentar mais facilmente pela cidade e comprar as inúmeras coisas de que precisávamos.
Como são pessoas da melhor qualidade, possuem um grande círculo de amigos, no qual fomos prontamente introduzidos e muito bem recebidos! Rapidamente conhecemos professores, escritores, advogados, economistas, enfim, gente muito interessante.
Aliado a esse novo grupo de amigos, contamos também com o fluxo constante dos “velhos” amigos brasileiros, que chegavam sem parar para nos visitar. Para terem uma ideia, recebemos a primeira visita no dia em que chegaram os móveis comprados na Ikea!
Ainda bem, senão a visita teria que dormir no chão!
Acertamos em cheio quando decidimos arrendar um apartamento grande, com duas casas de banho, porque os hóspedes não paravam de chegar, para nossa alegria e conforto.
Em 2016, o meu filho e minha nora resolveram seguir nossos passos e vieram morar em Lisboa, o que ajudou a diminuir as nossas saudades.
Depois deles, já chegaram mais 2 sobrinhos e uma sobrinha!
Antes da pandemia, íamos ao Brasil uma vez por ano para ver a família e os amigos. Meu filho mais velho, pai das minhas duas netas (sim, agora já são duas), vinha uma vez por ano a Lisboa.
Infelizmente ficamos dois anos sem nos ver, mas acabei de recebê-los aqui este mês de outubro, e espero ir ao Brasil em abril de 2022.
Pronto, novos amigos, velhos amigos, uma casa nova e todo um país para desbravar!
Já estamos cá há 6 anos e não podia estar mais feliz.
O curso Repórter 60+ foi outra oportunidade de conhecer pessoas e alargar meus horizontes, o que acontecerá também com o Impulso Positivo, com toda certeza.
Espero continuar por aqui, conhecendo cada vez mais pessoas e lugares interessantes.
Mantendo a minha mente ativa.
Desenvolvendo novos projetos e contribuindo para o envelhecimento ativo em Portugal.