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A ideia surgiu em 2014, a partir de grupo de trabalho cujo tema era o cohousing – moradias criadas e administradas pelos próprios, em que decidem entre os amigos como e onde querem viver a reforma.
A associação formada por professores refornados (a Adunicamp) já conta com quase 200 pessoas.
Sérgio Mühlen, de 61 anos, conta que ficou mais sensível para o tema quando uma colega teve de mudar-se para uma casa de repouso depois de ficar doente. “Era a última coisa que ela queria“.
O professor diz ter encontrado a solução que procurava no modelo de cohousing. Juntou-se ao grupo de trabalho do Vila ConViver, que estuda implementar cohousing numa área de 20 mil metros quadrados no subúrbio de Campinas.
O local vai abranger, principalmente, professores reformados da Unicamp. “Será uma comunidade sénior solidária, de apoio mútuo” onde se pretende envelhecer juntos dos amigos, explicou Mühlen.
Cerca de 70 pessoas participam no projeto e o custo será de cerca de 400 mil reais por unidade – cerca de 98 mil euros -, com pagamento mensal de 3,5 mil reais, ou 862 euros. Todas as decisões serão tomadas em conjunto.
O ponto-chave é o convívio social. Por isso, há reuniões em que os participantes se dividem em grupos. “Ao contrário de um condomínio, onde se escolhe a casa, o preço e as facilidades, e depois se conhece o vizinho, aqui acontece o oposto. Escolhemos primeiro os vizinhos, alinhados com os nossos valores”, disse Mühlen.
Hoje, a Associação dos Docentes da Unicamp tem sido procurada por instituições e estudiosos ligados à questão de habitação em especial para os mais velhos.
“Os nossos estudos e a metodologia de preparação e formação do grupo que deu origem à Vila ConViver estão disponíveis para novos grupos da Unicamp, ou de fora, que queiram criar novas comunidades cohousings, tanto para os mais velhos como para multigerações, ou públicos específicos com necessidades especiais”, relata o professor Bento.
A Vila ConViver prevista para ser inaugurada em 2020, foi projetada para docentes da Unicamp acima dos 50 anos, reformados ou em vias de se reformar com o objetivo de envelhecer junto dos amigos e com quem partilharam interesses em comum. O modelo escolhido, de cohousing, surgiu na Dinamarca na década de 1960 e disseminou-se nos Estados Unidos e Canadá.
A disposição das moradias é feita para facilitar a proximidade dos moradores, com áreas de lazer comunitárias, mas garantia de privacidade. As pessoas socializam quando querem, mas há um sentimento de coletividade pelo mesmo tipo de atividade profissional do grupo.
A dos professores da Unicamp está virada para moradores de idade superior a 50 anos. “Muitas destas comunidades têm sido acompanhadas e estudadas por especialistas em geriatria, antropologia, sociologia, psicologia e arquitetura”, diz o professor Bento da Costa Carvalho Jr., da direção da Adunicamp.
“Vários estudos mostram que esse modelo de moradia contribui, de forma decisiva, para uma vida mais longa, com uma melhor saúde física e mental e, portanto, uma melhor qualidade de vida, reduzindo ou eliminando doenças comuns na idade avançada, como a depressão, a demência e o Alzheimer”, acrescenta o professor.
De acordo com o SNB, pesquisas recentes apontam que os mais velhos e de diferentes países têm pelo menos quatro pontos comuns no que se refere à questão da habitação
- Querem continuar a morar nas suas casas até ao fim da vida,
- Não querem mudar-se para a casa dos filhos,
- Não querem ser colocados em instituições
- Querem manter a autonomia e independência.
ZAP // Só Notícia Boa
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