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Trata-se da constatação de que para além dos profissionais e das respostas sociais e de saúde existentes, existe uma rede informal que garante a humanização e a continuidade dos cuidados e que assegura a manutenção das pessoas no seu meio normal de vida.
A legislação em vigor foi um passo relevante ao prever a possibilidade de um apoio pecuniário para o cuidador principal, medidas de apoio e a indicação de profissionais de referência que deverão acompanhar os cuidadores informais.
Documento importante, mas que, três anos volvidos e depois de alargado o Estatuto a todo o território nacional, se revela insuficiente. Insuficiente porque não abrange todas as situações de cuidadores e condiciona o seu reconhecimento à existência de condição de recursos. Frustrante porque ainda não disponibiliza efetivamente as medidas de apoio que os cuidadores necessitam. Perigoso porque não verifica condições de habitabilidade, porque não acautela devidamente o consentimento informado da pessoa cuidada, porque não investe na capacitação e na supervisão e porque impede as pessoas cuidadas de frequentarem outras respostas complementares.
Para que o Estatuto do Cuidador Informal seja uma real mais-valia para a vida dos cuidadores informais, ajudando-os na dura tarefa de cuidar e proporcionando à pessoa cuidada, um apoio de qualidade e com respeito pela sua autonomia e vontade, precisamos de apostar na informação e na formação dos cuidadores e envolver outros atores.
Cuidar nem sempre é uma decisão livre do cuidador, mas pode tornar-se uma experiência gratificante, desde que exista um conjunto de condições que permitam aos cuidadores:
Consulte a Lei e leia o guia prático disponível no site da Segurança Social, solicite esclarecimentos sobre a possibilidade de requer o reconhecimento e o subsídio.
Este processo nem sempre é rápido ou fácil e por isso o papel das Associações de Cuidadores Informais é tão importante.
Se é cuidador a tempo permanente ou parcial, ou se acha que essa circunstância pode vir a acontecer, informe-se junto dessas estruturas e faça-se associado para poder aceder aos seus serviços de apoio.
Também muitas autarquias já iniciaram trabalho neste domínio com o objetivo de ajudar os seus munícipes e fregueses. O Instituto Padre António Vieira criou um programa de apoio para ajudar as autarquias a fazerem mais e melhor nesta área e já existem experiências interessantes em vários concelhos.
Procure informação junto da sua freguesia ou Câmara. Faça perguntas, peça auxílio sempre que precisar. Dê sugestões e reivindique mais benefícios para si e para a pessoa de quem cuida.
Ser cuidador significa, muitas vezes, estar só. Em burnout, sem acesso à informação, mas também depende de si mudar a história.
Ser cuidador também é uma missão de amor, um ato reiterado de afeto, um exercício positivo de cidadania que nos transforma para sempre.
Sobre a Autora: Paula Guimarães, jurista, com trinta anos de experiência nas áreas da economia social e responsabilidade social das empresas, com principal dedicação às causas dos direitos humanos e intervenção no domínio do envelhecimento. Coordenadora do projeto do IPAV de apoio aos Cuidadores Informais.