É preciso jeito para ser feliz? | Saúde e Bem Estar

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É preciso jeito para ser feliz?

05/08/2019 | Carolina Monteverde da Smile Stories

Como faço algo que me apaixona, em variadas áreas, tenho que colocar um travão a mim própria, porque Como faço algo que me apaixona, em variadas áreas, tenho que colocar um travão a mim própria, porque

Tenho imenso jeito para ser feliz. Sei aproveitar cada bocadinho da vida e olhar para o seu lado luz. É algo já quase inato em mim, mas que foi conseguido com muito trabalho. Muitas escolhas. Muitas decisões. E algum descanso (estou a trabalhar para que o mesmo adjetivo anteceda esta palavra).

Nasci com o otimismo cravado no ADN e o sorriso no rosto. Só quem se construiu com os balanços da vida sabe que é preciso ter uma enorme vontade de não perder o que é ganho, para manter esse otimismo e acreditar que quanto mais sorrio para a vida, mais a vida sorri para mim.

Mas não sou a Floribela. Sou a Carolina e vou partilhar a minha história.

Nasci e cresci em S. Miguel, nos Açores, e a minha história está cheia de maresia. Com 17 anos fui estudar para Lisboa, onde me formei em economia. Duas semanas depois de terminar o curso comecei a trabalhar na banca, carreira que durou 17 anos.

Durante 17 anos, passei por várias áreas, funções e cargos e terminei como diretora-geral de uma sociedade gestora de fundos de investimento imobiliário. Tinha uma função e carreira profissional admirada por muitos e desejada por alguns. Mas eu deixei de ser feliz.

Como sou guiada por este objetivo (diário) de felicidade, entrei num período de reflexão sobre o que faria se pudesse trabalhar apenas por prazer. Tive de fazer um exercício permanente de retirar o fator financeiro da equação. Não queria que esse elemento entrasse na minha decisão, porque sentia que iria retirar a clareza de um propósito maior. Não foi fácil. Deu muito trabalho lidar com o medo. Como iria conseguir trocar o certo pelo incerto? Será que era possível começar um novo caminho aos 40 anos? Como seria entrar num mundo desconhecido?

Depois de superar o medo (e levou tempo, foram dois anos), comecei a ver alguns caminhos possíveis, até que o vídeo veio ter comigo: era algo que eu fazia amadoramente desde sempre, e que me imaginava a fazer num registo profissional.

Ainda a trabalhar, voltei à escola e fiz um curso na ETIC em filmagens e edição de vídeo. As aulas eram das 19h00 às 23h00. Quando ia para a escola à sexta-feira, extenuada de uma semana de trabalho, e a minha energia se restabelecia quando se começava a falar de imagens, ou tinha de ir, de salto alto e câmara ao ombro, para o Bairro Alto entrevistar turistas à noite, percebi que aquele era o caminho.

Balão de oxigénio

Saí da empresa onde estava e finalmente tirei tempo para mim: durante seis meses viajei com amigos, com a família. Concretizei sonhos antigos e dediquei-me inteiramente ao descanso. Foi a primeira vez que o fiz desde que tinha começado a trabalhar. E foi o balão de oxigénio de que precisava para começar a minha segunda vida profissional: a Smile Stories.

A minha empresa é o projeto que me permite realizar-me enquanto pessoa. Utilizo as ferramentas que aprendi (e continuo a aprender) de filmagens e edição de vídeo para fazer o que me apaixona: contar histórias que perpetuam os momentos em que as pessoas sorriem.

Comecei este novo caminho contactando algumas associações com fins sociais (Terra dos Sonhos, Vencer Autismo, PWN) oferecendo os meus serviços em regime de voluntariado. Sentia que precisava ganhar experiência nesta área. Fazê-lo ao serviço de uma causa era a motivação de que precisava. A partir destes trabalhos começaram a vir os primeiros contactos para trabalhos remunerados, que hoje são #smilestories, depois criei o grupo no Facebook “Como fazer vídeos passo a passo”, a partir do qual comecei a dar Workshops (que já foram além-fronteiras), e onde a editora Livros Horizonte me contactou para escrever o livro “Fazer vídeos com telemóvel para as redes sociais”, que lancei recentemente.

Se me dissessem quando estava na banca, que tudo isto iria acontecer, não acreditaria, por isso não faço planos para o futuro. Sigo com a certeza que a vida me levará sempre onde eu tiver que estar. Sei também que o mais importante é o meu crescimento enquanto pessoa. E aí continuo (felizmente) a ter caminho para fazer: como referi no início do artigo, preciso aprender a descansar mais, porque agora o desafio é diferente: como faço algo que me apaixona, em variadas áreas, tenho que colocar um travão a mim própria, porque acredito que o descanso oxigena a minha felic(idade).

(Se, neste momento, o leitor está a pensar que, com certeza, tive condições familiares e/ou financeiras para fazer esta mudança de vida, que a minha vida pessoal deve ser leve para me permitir esta decisão, que eu não tenho problemas, tenho uma boa notícia para lhe dar: o leitor também gostaria de mudar. E está na fase em que eu já estive: de deixar que os medos falem mais alto, estando a espelhá-los em mim. Convido-o a pesquisar-me nas redes sociais e sentir o que está por trás do meu sorriso. Se conseguir ver-me através deste, então saberá que é preciso jeito para ser feliz.)