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Portugal tem acompanhado a evolução da esperança de vida dos países desenvolvidos, mas não tem acompanhado a evolução da qualidade de vida dos países desenvolvidos a partir dos 65 anos. Os portugueses vivem tantos anos quanto os cidadãos dos países mais desenvolvidos do mundo, mas, a partir dos 65 anos, a qualidade de vida dos portugueses cai mais abruptamente.
A falta de informação sobre os resultados dos cuidados de saúde prestados no nosso país pode, pelo menos em parte, explicar esta diferença.
Em Portugal, os cidadãos tendem a pensar que a qualidade dos cuidados de saúde é mais ou menos idêntica entre prestadores. Parece existir a ideia generalizada de que os hospitais centrais são melhores do que os de menor dimensão, mas, em geral, as pessoas pensam que serão igualmente bem servidas seja qual for o hospital ou, se não forem igualmente bem servidas, que a diferença dos resultados de saúde entre hospitais não deverá ser significativa o suficiente para ter um impacto, que se note, na sua futura qualidade de vida.
Nos países para os quais existem dados, vemos que a variação dos resultados de saúde pode ser considerável. Por exemplo, na Alemanha, a taxa de reoperação depois da cirurgia à anca do melhor hospital é 18 vezes inferior à taxa de reoperação do pior hospital. Além disso, os dados mostram que, frequentemente, os maiores hospitais em número de camas não têm os melhores resultados de saúde.
Em Portugal, salvo raras exceções, desconhecem-se os resultados, por condição e ao nível do doente, que advêm da atividade clínica dos prestadores, como acontece no exemplo referido da Alemanha. Ao entrarem num hospital, os cidadãos não sabem se estão a entrar no hospital que tem os melhores ou os piores resultados de saúde.
Informação deve ser dada
O acesso à informação sobre os resultados de saúde dos prestadores é um direito que não deve ser negado aos cidadãos portugueses, porque estes dados podem ter um grande impacto na qualidade de vida das pessoas. Refiro-me não apenas à possibilidade de as pessoas passarem a fazer escolhas informadas, mas também ao efeito positivo que esta informação terá, forçosamente, nos resultados de saúde dos prestadores com pior desempenho. Quem tiver resultados piores, poderá aprender com quem tem melhores resultados.
Globalmente, todos temos a ganhar com isto. Quem tem 65 ou mais anos poderá beneficiar de anos bem mais felizes na reforma, se tiver acesso aos melhores tratamentos.