Etarismo. Um novo nome para um velho preconceito | Sociedade

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Etarismo. Um novo nome para um velho preconceito

21/02/2022 | Sílvia Triboni

O livro sobre o Etarismo  Foto: Capa Livro Fran Winandy O livro sobre o Etarismo Foto: Capa Livro Fran Winandy

E da leitura do que consta na orelha do livro publicado por minha amiga Fran Winandy creio que já pode imaginar o impacto que sua obra literária me causou. Além do conhecimento agregado, o livro desafiou-me a avançar no processo de desconstrução da etarista em mim existente.

Lançado em dezembro passado, o livro Etarismo. Um novo nome para um velho preconceito foi-me gentilmente oferecido por Mórris Litvak, CEO da startup Maturi, e por Fran Winandy, especialista ativa nesta organização.

Foi um presente inesperado, e muito valioso, que recebi como colaboradora que sou da Maturi, uma startup especializada no desenvolvimento de pessoas 50+ e empresas interessadas em promover a verdadeira diversidade etária e combate ao etarismo.

Além de nos apresentar o assunto, em seu livro Fran Winandy conta nos as suas experiências de forma envolvente e desafiadora, uma vez que nos provoca a vontade de combater esse sórdido preconceito existente na nossa sociedade. Um preconceito enraizado até em nós.

 

Onde há etarismo?

Fran Winandy, psicóloga com MBA em Recursos Humanos, Mestre em Administração de Empresas e consultora na área de Diversidade Etária. Pesquisadora, Professora e Palestrante, conduz programas de Integração Geracional e Transição de Carreira.

A especialista afirma que este preconceito pode manifestar-se de diversas formas e, quase sempre, de maneira sutil.

A idade e o nosso medo de envelhecer; Raízes do Etarismo; O etarismo ao longo da vida das mulheres; A interseccionalidade: o etarismo e os demais pilares da diversidade; O etarismo no mundo do trabalho; O Etarismo na publicidade e propaganda; O Etarismo no cinema, streaming, novelas e redes sociais são alguns dos temas abordados por Fran em seu icônico livro.

Já sentiu o etarismo na pele?

Já é de nosso conhecimento variadas práticas preconceituosas contra as pessoas mais velhas, e mais jovens também. Entretanto quando lemos os depoimentos fornecidos à Fran Winandy ficamos chocados ao constatar tais absurdos em nossa sociedade. Leia alguns trechos:

  • É idosa demais para acompanhar uma turma de ginástica (67 anos);
  • O meu marido e filhos dizem que não tenho mais idade para usar certas roupas (60 anos);
  • Jovem e bonita demais para trabalhar com velhos (40 anos);
  • As empresas precisam da experiência das cabeças prateadas, porém oferecem remuneração imoral argumentando que sendo aposentados não precisamos ganhar muito porque “já estamos com a vida feita” (69 anos).

Já passou por algo semelhante?

 

As razões para Fran Winandy escrever sobre este tema não faltam

Da entrevista concedida à Maturi podemos conhecer um pouco mais desta brilhante escritora e de seu livro:

Maturi: Fran, de onde surgiu a ideia de escrever esse livro?

Fran Winandy: Trabalho na área de Recursos Humanos há mais de 30 anos e a questão do preconceito etário me acompanha e me incomoda faz tempo!

Nas empresas, existem barreiras etárias em inúmeras práticas e processos organizacionais. Além disso, esse preconceito permeia nosso tecido social: está presente na área da Saúde, na Publicidade e Propaganda e em várias outras áreas. É um preconceito antigo que está em todo lugar, mas não prestamos muita atenção a ele, até que ele nos atinja.

Até pouco tempo atrás, ele não tinha um nome conhecido, e sabemos que a primeira coisa para combater um preconceito é saber nomeá-lo. (Des) prazer em conhecer: Etarismo!

 

Maturi: O livro aborda o etarismo no Mercado de Trabalho?

Fran: No mercado de trabalho, na área da saúde, na publicidade e propaganda, no cinema, streaming e redes sociais, na moda e nos esportes. Falo também da famosa economia prateada, trago alguns depoimentos de pessoas que foram vítimas do preconceito em diferentes momentos da vida e falo sobre o ecossistema da longevidade.

Maturi: As pessoas têm medo de envelhecer?

Fran: Sim, existem dois grandes medos: a aparência da velhice e a proximidade da morte, de ir rumo ao desconhecido. Falo das duas coisas no livro. O envelhecimento é um tema tabu em nossa sociedade: as pessoas evitam o assunto, como se falar sobre a velhice trouxesse consigo o envelhecimento em si. Em uma sociedade na qual o jovem é supervalorizado, há pouco lugar para o velho. E menos lugar para a velha. Refletir sobre a velhice é pensar sobre a passagem do tempo, seus rastros, suas marcas. Avaliar nossas conquistas, nossa história, nosso legado e nossa morte. A morte deveria ser parte da expectativa da vida, mas o confronto com a nossa própria mortalidade é algo sobre o que evitamos pensar e falar.

Maturi: Você disse “menos lugar para a velha”. As mulheres sofrem mais com o etarismo?

Fran: Sim! As mulheres sofrem de etarismo ao longo da vida. Elas têm idade para casar-se, idade para serem mães, e assim por diante! Além da cobrança social, isso também atrapalha a empregabilidade delas. Além disso, elas vivem tentando camuflar a aparência, seja para parecerem mais velhas no ambiente de trabalho (para passar maior credibilidade), seja para parecerem mais jovens (para driblar os estereótipos negativos relacionados ao envelhecimento). Se a mulher tinge os cabelos, é criticada por isso. Se não tinge, também o é. Se ela faz procedimentos estéticos, é porque não aceita o envelhecimento como algo natural. Se não faz, certamente é uma pessoa desleixada. É bem difícil ser mulher em nossa sociedade!

Bate-Bola rápido sobre o Etarismo

Fran Winandy é também autora do Blogue Etarismo nas Organizações que merece ser estudado e acompanhado. Deixo aqui algumas perguntas cujas respostas estão em seu blogue:

1. O etarismo acontece só com idosos?

2. Por que o etarismo acontece?

3. O etarismo tem o mesmo impacto para homens e mulheres?

Participar de suas palestras e workshops, e até mesmo conversar com Fran Winandy são sempre oportunidades de muito aprender, refletir e querer promover transformações que busco adotar em minhas falas e comportamentos. Sou muito grata à minha amiga e conterrânea Fran Winandy.

Quero erradicar o etarismo existente em mim, e transmitir às amigas e amigos informações e estímulos que possam nos ajudar neste processo de aperfeiçoamento.

O livro Etarismo. Um novo nome para um velho preconceito e o trabalho que Fran Winandy oferece a empresas e pessoas físicas são ferramentas efetivas na transformação da realidade de forma positiva e duradoura. Recomendo-os veementemente.

Etarismo. Um novo nome para um velho preconceito está disponível nas versões física e digital na Amazon, Kobo, nas plataformas digitais Apple e Google e no site da Editora Gulliver.

Silvia Triboni

silvia.triboni@gmail.com

Editora e produtora de conteúdo sobre longevidade, envelhecimento ativo e economia da longevidade no site Across Seven Seas, canal Youtube e Across Podcast.