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Descritas como "êxito de culto", as cerâmicas de Bordallo Pinheiro estão cada vez mais na moda um pouco por todo o mundo e a culpa é do estilo de decoração, que se assemelha ao "das nossas avós".
A razão para tal, tem a ver com as cerâmicas portuguesas de Bordallo Pinheiro, histórica marca oriunda das Caldas da Rainha, que se tornaram um “êxito de culto”, para esta geração de jovens nascidos entre os anos 80 e finais dos 90.
Uma marca com mais de 130 anos
A marca com 134 anos está a “tomar conta de mesas e Instagrams” um pouco por todo o mundo, fruto do seu caracter inovador e ainda muito atual, com as suas cores e formas. Elogiando o “fantasioso, colorido e excêntrico” mundo destas criações portuguesas, o The Guardian justifica a nova moda afirmando que o estilo “casa da avó” está aí em força, seja materializado num jarro em forma de peixe, numa bandeja disfarçada de couve ou num aplique de croché.
As vendas tem ganho um grande impulso com cada vez mais lojas portuguesas a vender animais, vegetais e frutos da cerâmica portuguesa. Este novo impulso vai levar a Bordallo Pinheiro a inaugurar as duas primeiras lojas fora de Portugal, uma em Paris e outra em Madrid, ainda em 2018, pois é onde se nota o maior crescimento na procura, com mais de metade do milhão de peças produzidas em 2017 (são todas feitas à mão) a serem vendidas para fora.
Raphael Bordallo Pinheiro é uma das personalidades mais relevantes da cultura portuguesa oitocentista, com uma produção notável designadamente nas áreas do desenho humorístico, da caricatura e da criação cerâmica sendo um documento fundamental para o estudo político, social, cultural e ideológico de uma época.
Cedo ganha gosto pelas artes, frequentando inclusive as Belas Artes. Em 1884 começa a sua produção cerâmica na Fábrica de Faianças nas Caldas, revelando peças de enorme labor técnico, qualidade artística e criativa, desenvolvendo: azulejos, painéis, potes, centros de mesa, jarros bustos, fontes lavatórios, bilhas, pratos, perfumadores, jarrões e animais agigantados, etc. Representou figuras populares como o Zé Povinho, Maria da Paciência, a ama das Caldas, muitos outros.
O seu notável trabalho na cerâmica conquistou medalha de ouro em exposições internacionais (Madrid, Antuérpia, Paris e nos Estados Unidos, em St. Louis).
A Fábrica de Faianças das Caldas foi fundada a 30 de Junho de 1884, ficando Raphael Bordallo Pinheiro responsável pelos aspetos técnico-artísticos, tendo também acompanhado a conceção arquitetónica das instalações que incluía um espaço destinado a escola de cerâmica, onde se lecionavam vários cursos da especialidade.
A sua produção cerâmica, especialmente pela sua qualidade artística, ganhou grande projeção e transformou-se num pólo de atração nacional e internacional.
Raphael Bordallo Pinheiro com ajuda da sua equipa de operários, produziu obras arrojadas, quer pelas dimensões, quer pela delicadeza dos pormenores. A “Jarra Bethoven”, que ultrapassa os 2,60m de altura, é um símbolo da exuberância e do talento do artista (Museu das Belas Artes, no Rio de Janeiro).
Os vinte e um anos de produção de Raphael Bordallo Pinheiro (1884-1905) ficaram imortalizados na história da cerâmica caldense. Para tal, contribuiu não só a exuberância e criatividade das suas faianças, mas também o alto nível técnico atingido, principalmente ao nível da modelação e dos vidrados.
Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro faz da sua vida uma verdadeira missão pela salvaguarda da memória de seu pai, Raphael Bordallo Pinheiro. Continuador da sua obra, permitiu que esta tradição cerâmica chegasse aos nossos dias e se tornasse novamente moda e inspiração para uma nova geração – os millenials.
Após a morte de Manuel Gustavo, em 1920, um grupo de ilustres caldenses, juntamente com os operários deram continuidade à empresa e, após a grave crise de 2008, é adquirida pelo Grupo Visabeira que lhe assegura a continuidade produtiva e histórica.