Negócios da longevidade: exemplos além fronteira

“O preconceito atinge todos, sem exceção, e nos leva a desperdiçar um enorme potencial. Perdemos capital humano e oportunidades de negócios”, afirmou, acrescentando que uma das preocupações da Aging2.0 é promover a inclusão desta parcela de pessoas que estão à margem: “os projetos têm que ser viáveis em termos de escalabilidade, auto-sustentabilidade e inclusão”.

Qual a solução para ajudar sua mãe, que ficou viúva cedo e criou oito filhos, quando ela começa a perder independência e autonomia? Para Leônidas Porto, cuja trajetória profissional inclui TI, desenho industrial e finanças, a saída foi criar uma aplicação: “depois dos filhos casaram, a minha mãe quis continuar a morar sozinha. Quanto tinha 75 anos, notamos que já enfrentava algumas limitações, embora continuasse a querer ficar em casa. Três dos seus filhos moram perto, eu, diz Leônidas, fiquei responsável pela gestão dos cuidados. Foi quando comecei a trabalhar no conceito de um aplicação que controlasse a rotina dos medicamentos e as medições vitais”. Esse app é o Gero360, grátis e disponível para iOS e Android. Leônidas gosta de defini-lo como o “círculo de cuidados”, porque dele participam familiares, cuidadores e médicos – todos podem receber alertas se as tarefas (como dar o remédio na hora certa) foram ou não realizadas. Os Cuidadores que trabalham em sistema de rotação também foram lembrados: a aplicação tem um dispositivo que pode ser ativado quando começa o plantão. “Longevidade é uma causa familiar”, resume.

Este foi o primeiro dos seus projetos que em 2016 foi selecionado como um dos dez melhores projetos no Brasil. Desde então, esta startup caminha para um outro patamar: prepara-se para fornecer uma plataforma para gerir stocks de medicamentos das instituições para pessoas mais velhas. Foi uma das três vencedoras da 1ª. Chamada de Negócios da Longevidade, iniciativa da Aging2.0, instituição do Vale do Silício que tem como objetivo apoiar inovadores no campo do envelhecimento. Os demais parceiros da ação foram as consultorias Hype60+ e Ativen – Envelhecimento Ativo, ambas especializadas nesse segmento. As outras vencedoras foram o EuAvô, que presta serviços de transportes com motoristas treinados e oferece a opção de acompanhante para os mais velhos nos compromissos do dia a dia; e a ISGame, que ensina pessoas com mais de 50 anos a jogar e programar seus próprios jogos, desenvolvendo competências e mantendo ativas as suas capacidades cognitivas e de aprendizagem.

A Universidade de Stanford, na Califórnia, que mantém há dez anos um centro dedicado à longevidade, incluindo prémios para desenvolvimentos de projetos para este segmento, aberto a estudantes do mundo inteiro. A proposta do concurso foca-se na criação de produtos e serviços que estimulem um estilo de vida saudável. O projeto vencedor foi o “Ride rite”, um guidão de bicicleta dotado de um pequeno computador para garantir mais segurança a adultos que já não se sentem confiantes em pedalar: o equipamento tem dados de navegação, luzes de travão, aviso para pontos cegos e dispõe de um sistema de emergência que detecta quedas e aciona contatos se a pessoa não voltar ao veículo. O segundo lugar ficou com o “Gesturcise”, que monitora o padrão de movimentos do corpo através de uma webcam e sugere que o indivíduo se mexa, alongando-se ou fazendo exercícios, se verificar que ele está num estado de sedentarismo. O terceiro colocado foi o “Gather”, mistura de banco, mesa e andador – além de ter compartimentos para guardar ferramentas – para quem gosta de jardinagem mas tem algum tipo de limitação.

É bom ver que a tecnologia continua a brindar o envelhecimento com boas notícias facilitando a vida a quem quer envelhecer sem perder a vida que sempre viveu.

https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2018/05/06/negocios-da-longevidade-a-proxima-fronteira-do-mercado.ghtml