Nunca é tarde demais: Aos 96 anos conclui a licenciatura e prepara-se para o mestrado | Dar vida aos anos

Introduza o seu e-mail

Nunca é tarde demais: Aos 96 anos conclui a licenciatura e prepara-se para o mestrado

21/08/2020 | Sofia Alçada

Guiseppe Paternò: O mais velho licenciado Foto: Guglielmo Mangiapane Reuters Guiseppe Paternò: O mais velho licenciado Foto: Guglielmo Mangiapane Reuters

Esta é sem dúvida uma história de vida cheia de peripécias e com um sonho para concretizar.

Os primeiros anos de uma historia inspiradora

Guiseppe Paternò nasce na Sicília na década de 1930, numa família numerosa e sem grandes recursos económicos, sendo o mais velho de 7 irmãos.

Sempre teve o sonho de poder estudar, mas a vida não lho permitiu até muitos anos mais tarde.

Sobreviveu ao fascismo e à Segunda Guerra Mundial.

Teve que lidar com a pobreza, e com a necessidade de sustentar uma família numerosa enquanto vivia com os pais e irmãos, ajudando em casa e mais tarde, suportando a sua própria família.

“Não estava entusiasmado com o meu trabalho, mas sabia que tinha de o fazer porque na altura estava casado e tinha uma família para sustentar.

Importância do sonho:

Ao mesmo tempo, tinha um grande desejo de ler, de estudar e de aprender”, disse à Reuters. “O conhecimento é como uma mala que eu levo comigo. É um tesouro.”

Só aos 31 anos é que consegue terminar o secundário, fazendo-o no regime pós-laboral para conseguir trabalhar ao mesmo tempo.

É no ano de 2017 que Giuseppe Paternò se inscreve na Universidade de Palermo, escolhendo o curso de História e Filosofia. Segundo refere a Reuters, “Era agora ou nunca”.

“Acordava às sete para começar a estudar. Utilizava uma máquina de escrever velha (dada pela mãe quando se reformou) para acabar os trabalhos. Descansava durante a tarde e à noite estudava até à meia-noite. Os meus vizinhos, incrédulos, perguntavam: ‘Para que tanto trabalho com a sua idade?’. Não conseguiam perceber a importância de alcançar o sonho, independentemente da idade”, contou o mais recente graduado.

O Covid-19 obriga a mudar de ferramenta de trabalho

A pandemia quase fez com que o sonho não se realizasse.

Obrigou a que aos 96 anos, com a covid-19 à porta de casa, tivesse de passar a utilizar o computador, de forma a poder acabar o curso à distância.

A sua filha chegou dizer-lhe que deveria adiar as poucas cadeiras que lhe faltavam, para em Setembro ou Outubro regressar a Universidade para as terminar.

Mas Guiseppe, não se deu por vencido. Manteve-se focado apesar dos contratempos, e da necessidade de readaptação a nova realidade e as novas tecnologias.

Nunca abdicou do seu sonho de continuar a aprender e de tirar o curso.

E não só o fez aos 96 anos de idade como conseguiu ser um dos melhores alunos da sua licenciatura.  

Ao receber o diploma, Giuseppe Paternò referiu esse dia, como um dos mais felizes da sua vida. Só tinha pena que a sua mulher não pudesse estar presente (morreu há 14 anos atras).

 

O sonho continua

Para Guiseppe Paternò o sonho continua. Vencida mais uma etapa, está agora a equacionar tirar um mestrado.

“A minha mãe viveu até aos 100 anos. Portanto, a genética está o meu lado. E se for igual, ainda tenho 4 anos…” refere a Reuters.

 

Um exemplo sem dúvida inspirador de quem não desiste do seu sonho, um dos motivos que o leva a uma vida com propósito e de grande longevidade.

Fica então para si, nosso leitor, a seguinte questão: Onde andam os seus sonhos?