Introduza o seu e-mail
No Canadá parece que sim. Um canal de televisão CTC National New, pressionou a principal pivot de notícias e editora sénior, Lisa LaFlamme, porque ela aos 58 anos decidiu deixar de pintar o cabelo e assumir os seus cabelos…grisalhos!
Como aconteceu com outras mulheres, Lisa LaFlamme deixou de pintar o cabelo durante a pandemia de Covid19 e deu-se conta de que até gostava de ter o cabelo com a sua cor natural. Mas o que ela não sabia era que ia provocar o seu despedimento com este simples ato.
E foi o que aconteceu. Como Lisa não aceitou, foi despedida. Assinou um acordo e, após 35 anos, saiu do canal onde tinha trabalhado esse tempo todo. Na comunicação feita pela própria (e que pode ver aqui: LaFlamme ), é evidente o desgosto de quem se vê forçado a deixar de fazer o que gosta porque simplesmente tem o cabelo grisalho.
Mais chocante se torna quando se sabe que o seu antecessor deixou o canal aos 77 anos e com cabelos brancos. Mas havia uma pequena diferença: era homem.
Aquilo com que o canal não contava foi com a repercussão que o despedimento provocou, já que imediatamente os seus pares, muitos da mesma faixa etária, se juntaram à indignação, e depressa surgiu um movimento de contestação, integrando o grande público e condenando publicamente a estação de televisão.
O movimento assumiu a hashtag #fireMichaelMelling e passou a apelar ao despedimento do vice-presidente de informação da Bell Media, alegadamente responsável por esta decisão e agora ausente da empresa.
Juntando-se ao movimento, a Dove Canada, que já era conhecida pela sua estratégia de apoio à inclusão, pegou no tema e lançou uma campanha digital de apoio ao combate do idadismo. Sob a hashtag #keepthegrey, desafia as pessoas a mudarem o seu perfil nas diversas redes sociais para cinzento e transforma o dourado das suas embalagens em cinzento para mostrar que cinzento é “cool”.
Ou veja aqui o vídeo que saiu na comunicação social com a explicação de Lisa (em ingles).Dove Canada's New Ad Throws Shade Over Lisa LaFlamme’s Controversial Firing - YouTube
Atitudes e ações como estas por parte dos anunciantes e das marcas são um excelente passo para normalizar os preconceitos existentes relativamente à idade. A cultura “anti-aging” em que vivemos é tóxica e, associada a circunstâncias específicas, pode limitar a progressão natural da nossa sociedade ao excluir tantas pessoas.
Sobre a autora: Ana Marquilhas, consultora de Media, com alma viajante e dedicada à família. Apaixonada e curiosa pelo tema da longevidade, porque acredita que a vida ativa não acaba aos 50 anos, mantém-se atualizada sobre as tendências que surgem nesta área. Defende que é necessário mudar a sociedade e transformar mentalidades para valorizar, sem exceção, todas as gerações.