Portugal e o envelhecimento saudável: Muito há fazer indica o estudo

O estudo baseou-se numa amostra de mais de 2.000 indivíduos com 70 anos ou mais e os seguintes países:

• Alemanha
• Áustria
• França
• Portugal
• Suíça

Foram consideradas pessoas sem doenças crónicas e sem grandes limitações físicas.

Resultados do estudo comparativo acerca do envelhecimento saudável

Assim, os resultados atribuem o pódio a Áustria e a Suíça, que apresentam os melhores resultados no que toca ao envelhecimento saudável, com resultado da ordem dos 58,3% e dos 51,2% respetivamente. Em seguida, temos a Alemanha com 37,6%, seguindo da França com 36,7% e Portugal com um baixo resultado de apenas 8,8%.

Em Portugal, o estudo foi coordenado pelo reumatologista José Pereira da Silva, do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, tendo a amostra sido recolhida na região Centro.

Em declarações à agência Lusa, o reumatologista refere que os resultados obtidos não foram uma surpresa, indicando que "estas diferenças existem, mas são corrigíveis".

"Não são uma consequência inelutável da idade. Seria importante haver um programa para perceber porquê e introduzir medidas corretivas (…). Temos de encontrar soluções à nossa capacidade [financeira]", refere.

Se pensarmos que a amostra envolve pessoas em boas condições de saúde, "torna estes resultados mais alarmantes".

Pereira da Silva deixa ainda a seguinte reflexão: "Todos [os países referidos no estudo] são reconhecidamente mais ricos, em média, do que Portugal, e o nível educacional é diferente [mais alto], mas esta é a realidade. Por outro lado, estamos muito orgulhosos da nossa longevidade média, pois temos das esperanças de vida mais altas do mundo, mas não é com qualidade. E isto merece atenção e deve debater-se seriamente".

Independentemente do país de origem, os valores do envelhecimento saudável estão associados à:

• idade,
• índices de massa corporal,
• sexo
• condição física.

Fatores que podem explicar o maior envelhecimento saudável

“Os recursos económicos individuais são muito importantes, a pessoa poder ir ao médico, comprar medicamentos, alimentar-se bem, ir ao ginásio".

"Há também a dimensão dos recursos técnicos da sociedade, como a que distância está a pessoa de um centro de exercício físico, ou quantos ginásios existem a custo acessível para um idoso, ou de que forma os serviços médicos promovem ou não os hábitos saudáveis", adiciona o reumatologista.

Outros fatores que poderão explicar as diferenças entre estes países têm a ver com a vitamina D:

"nós temos, de longe, a prevalência de carência de vitamina D mais elevada. Nos países com melhores resultados, as pessoas são suplementadas e nós não somos. Ainda que seja debatível a importância da vitamina D, é apenas um indicador da presença de promoção da saúde pelos serviços".

O nível educacional também condiciona os resultados e as opções "As pessoas não sabem, não têm acesso e depois não fazem as melhores escolhas".

Do lado do poder público poderia também ser dada a importância que o tema merece:  "Portugal tem uma secretaria de Estado da Juventude, mas não há nenhuma para a terceira idade. Somos cada vez mais um país de velhos, cada vez mais frágeis e continuamos a fazer questão de que só os novos tenham oportunidades de serem saudáveis".

De que estamos à espera?