Introduza o seu e-mail
Qual o lugar ideal para envelhecer? Quando fazemos esta pergunta às pessoas mais velhas a maioria responde que quer viver nas suas casas o maior tempo possível das suas vidas, pois aquele é o lugar que melhor conhecem. Na opinião do professor António Fonseca, psicólogo e professor na Universidade do Porto, «envelhecer no lugar onde se viveu a maior parte da vida e onde estão as principais referências dessa vida constitui uma vantagem». E ressalva que «o lugar onde a pessoa vive não é apenas a casa é, também, a comunidade onde essa casa se insere».
É precisamente esta valorização do envelhecimento no lugar onde sempre se viveu, casa e comunidade, que explica o paradigma do ageing in place. Este foi o tema em destaque durante a intervenção do professor António Fonseca na sessão do dia 3 de fevereiro, do 3º Simpósio InterAções.
Para o professor António Fonseca «a habitação é desde logo a primeira condição para que as pessoas possam continuar a viver em casa pelo maior tempo possível». E se olharmos para a população sénior portuguesa vemos que uma grande franja desta população tem baixos rendimentos que não são suficientes para garantir a introdução das adaptações necessárias nas casas ao longo do normal ciclo de vida. «Basta recordar a dificuldade que a maioria dos portugueses têm em aquecer as suas casas no inverno, algo especialmente grave entre as pessoas mais velhas», referiu António Fonseca.
Além da habitação, a vivência das pessoas mais velhas nas respetivas casas está ainda dependente da resposta a outro tipo de necessidades e que «exige que as comunidades façam escolhas». Em causa estão, nomeadamente, o acesso à saúde e cuidados, a mobilidade e os transportes, a qualidade dos espaços públicos, as oportunidades de lazer e de ocupação do tempo livre.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou, no relatório do 2º Fórum Global da OMS sobre Inovação para populações Envelhecidas (2015), cinco áreas de intervenção no processo de ageing in place: as pessoas, os lugares, os produtos, os serviços personalizados, políticas de apoio social.
Desdobrando as cinco categorias identificadas pela OMS, o professor António Fonseca apresenta no seu estudo 'Boas Práticas de Ageing in Place. Divulgar para valorizar' 10 categorias de intervenção aplicadas ao caso português: apoio aos cuidadores; combate ao isolamento; gerotecnologias e investigação; inovação em apoio domiciliário; inovação em centro de dia; intervenção na vida da comunidade; lazer, atividade física e aprendizagem ao longo da vida; melhoria das condições de habitação; recursos de saúde e acompanhamento psicológico; segurança, mobilidade e bem-estar.
«É preciso intervir para melhorar a qualidade do processo de envelhecimento e isto passa, por exemplo, pela criação de ambientes mais favoráveis e pelo reforço dos apoios ao domicilio», mas talvez um dos maiores desafios seja «dar atenção às necessidades e expectativas das pessoas». E «nós não sabemos aquilo de as pessoas necessitam até lhes perguntarmos».
António Fonseca, psicólogo e professor na Universidade do Porto, Victor Regnier, professor, investigador e arquiteto, Universidade da Califórnia, Helena Roseta, Coordenadora Nacional do Programa Bairros Saudáveis e Paula Marques, Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa foram os convidados da sessão ‘Habitação e envelhecimento na comunidade’, moderada por Mário Rui André, Diretor da Unidade de Missão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Uma sessão integrada na 3ª Edição do Simpósio Interações – Uma Sociedade para Todas as Idades, organizado pela Unidade de Missão ‘Lisboa Cidade de Todas as Idades’ da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Esta foi a terceira sessão de um conjunto de 16 sessões, todas com transmissão online e gratuitas, sempre às quartas-feiras, com início às 14h30.
Saiba mais AQUI sobre esta iniciativa. E não deixe de ver ou rever a sessão completa no canal do Youtube da SCML.