Seis competências para se destacar na era da IA

A Inteligência Artificial (IA) não é mais algo que esperamos que aconteça no futuro. Está firmemente incorporado ao mundo de hoje, geralmente alimentando silenciosamente as ferramentas e serviços em que confiamos diariamente. Nós nos beneficiamos disso quando pesquisamos informações no Google, assistimos a filmes na Netflix, fazemos compras na Amazon ou pegamos uma carona com o Uber.

Ocasionalmente, fica um pouco mais na cara, como aconteceu recentemente, quando aplicativos como ChatGPT e Dall-E entraram em cena. Esses aplicativos de IA generativa tornaram possível que qualquer pessoa coloque a IA para trabalhar e, embora as iterações atuais possam ser limitadas em sua produção, é o suficiente para aqueles em alguns setores começarem a olhar por cima dos ombros para o que está por vir.

Exatamente como essas maravilhas tecnológicas da era da IA afetarão nossos empregos, empresas e vidas profissionais ainda é desconhecido. Mas o que é geralmente aceito é que aqueles que podem aproveitar o poder da IA para ajudar com suas tarefas e responsabilidades – particularmente neste estágio inicial de sua evolução – estarão em melhor posição para prosperar diante da onda de disrupção que se aproxima.

Isso requer uma compreensão do potencial dessa tecnologia e como ela se relaciona com a profissão ou indústria, e um esforço conjunto para desenvolver as competências que garantem que esteja pronto para aproveitar as oportunidades encontradas no mundo digital do trabalho.

São seis. Saiba quais:

Literacia digital

Tornar-se alfabetizado digitalmente começa com a compreensão do básico para poder trabalhar com tecnologia com confiança, o que implica ser capaz de ligar um computador, navegar na internet e criar e fazer login em contas até usar plataformas de trabalho colaborativas com equipes.

Também inclui entender a rápida evolução da tecnologia e manter-se a par das últimas tendências, incluindo como a IA está sendo implementada no setor e como os colegas de trabalho ou concorrentes estão a usar a IA para gerar valor.

A alfabetização digital básica é necessária para permitir que selecione as ferramentas certas para:

• resolver um determinado desafio,
• enfrentar quaisquer problemas que possam surgir
• entender os resultados que conseguiu alcançar.

Literacia de dados

Os dados são o combustível que impulsiona a IA. Ao analisar as informações digitais, os algoritmos de aprendizagem aprendem mais sobre o mundo em que vivemos e tornam-se cada vez mais precisos em fazer previsões.

Isso gera alguns desafios, sendo o mais óbvio é que a IA quando usa maus dados provavelmente será inútil ou, pior, perigosa.

Na era da IA, as pessoas com competência de dados desempenham um papel fundamental na:

• compreensão das informações que as máquinas alimentadas por IA precisam,
• onde podem ser encontradas
• como podem usá-las.

Para se tornar mais habilitado em dados, pode aproveitar os muitos cursos on-line gratuitos disponíveis sobre análise estatística, visualização de dados e interpretação de dados. Ao combinar esses cursos com experiência prática na análise de dados do mundo real, qualquer pessoa pode desenvolver os conhecimentos necessários para trabalhar efetivamente com dados.

Reconhecimento de ameaças digitais

Toda vez que a tecnologia avança, inevitavelmente nos expomos a novas vulnerabilidades. E o início da era da IA não é diferente. Vimos como vídeos deepfaked podem convencer as pessoas de que estão a assistir a imagens reais de Tom Cruise ou Barack Obama. E houve casos de vozes sendo sintetizadas usando IA para realizar ataques de fraude e phishing.

As indústrias estão a enfrentar um enorme déficit no número de profissionais de segurança cibernética necessários para combater efetivamente as ameaças existentes – muito menos essas emergentes.

Portanto, desenvolver habilidades de detecção e evasão de ameaças relacionadas à IA é uma ótima maneira de garantir que está em posse de um conjunto de habilidades importantes no futuro.

Pensamento crítico

Uma coisa surpreendente que se tornou aparente sobre a nova onda de ferramentas de IA, como o ChatGPT, é que elas são surpreendentemente fáceis de enganar. A prova pode ser vista pela velocidade com que foram encontradas soluções alternativas para evitar que se deem conselhos prejudiciais ou perigosos. Isso geralmente ocorre porque a IA, no momento, não possui nenhuma verdadeira capacidade de pensamento crítico. IA tende a simplesmente seguir cegamente as ordens e regurgitar as informações com as quais foi alimentado.

O pensamento crítico é uma das habilidades humanas que nos permite combater e mitigar o viés que muitas vezes é exibido pela IA, permitindo-nos orientá-la para uma melhor tomada de decisão. Ser um pensador crítico, encoraja-nos a:

• fazer perguntas,
• identificar lacunas na informação
• formar nossas próprias opiniões

todas as ações que são aspectos críticos de muitos empregos e características altamente desejáveis para futuros líderes.

Criatividade

Como falado, chamamos a nova geração de ferramentas de IA de IA "generativa" porque é capaz de criar coisas novas. Bem, é o que parece, pelo menos. Seria mais preciso dizer que ferramentas como ChatGPT e Dall-E são capazes de costurar elementos de coisas que já existem para chegar a algo que parece novo.

Mas a verdadeira criatividade – a centelha que é uma combinação de invenção, expressão, experiência e personalidade – ainda é uma habilidade exclusivamente humana.

A criatividade dá vida às ideias e leva-nos a considerar as possibilidades de um mundo melhor e diferente – e aqueles capazes de aproveitá-la continuarão a ser valorizados por um longo tempo.

Curiosidade e aprendizagem contínua

As máquinas não querem aprender. Eles aprendem porque lhes dizemos para o fazer. Se há uma habilidade (e eu digo habilidade em vez de característica, porque ela pode ser aprendida) que encorajaria a todos, é promover a capacidade de questionar continuamente o mundo ao nosso redor e desenvolver um apetite feroz por novas informações.

Trazer o impulso humano, a paixão e o apetite para o nosso trabalho é uma maneira de garantir que não seremos deixados na poeira por máquinas inteligentes e que nos sintamos motivados a otimizar nossa utilidade e eficiência, combinando o melhor do que é ser humano, com a velocidade e o poder de uma nova geração de inteligentes, máquinas de aprendizagem.

Fonte: Bernard Marr é um futurista, consultor estratégico e autor de Future Skills: The 20 Skills and Competencies Everyone Needs to Succeed in a Digital World.