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Durante décadas as pessoas deslocaram-se das zonas rurais para os centros urbanos à procura de trabalho, melhores salários e, consequentemente, mais qualidade de vida. Contudo, o ritmo de vida nas cidades parece penalizar a saúde e o bem-estar dos seus habitantes, cansados da correria do dia-a-dia e tantas vezes incapazes de usufruir da cultura e movida que outrora tanto os atraiu nas cidades.
Os últimos dois anos, marcados pela pandemia, parecem ter vincado a vontade de “abrandar”, de procurar uma vida mais tranquila e de maior proximidade com a natureza.
Acresce a diferença de custo de vida entre as zonas urbanas e rurais, desde logo o custo da habitação, o que aliado ao crescimento do teletrabalho fazem cada vez mais pessoas pensar em como poderiam ser boas as suas vidas naquela velha aldeia que viu os seus avós e os seus pais nascerem.
Apesar do ‘apelo da vida no campo’ os dados provisórios do Censos2021 revelam que cerca de metade da população residente em Portugal está concentrada em apenas 31 municípios, localizados maioritariamente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os desequilíbrios na distribuição da população pelo território “acentuaram-se”, assinalando que, por um lado, “a evolução demográfica da última década ao nível do município permite verificar que os territórios localizados no interior do país perdem população” e, por outro, “que os municípios que registam um crescimento populacional se situam predominantemente no litoral”.
Os Censos2021 deixam bem evidente que o caminho de regresso à vida no campo continua um caminho demasiado longo.
Quando pensamos no sítio onde queremos viver procuramos escolas para os nossos filhos, hospitais centrais próximos, redes de cuidados e de assistência e possibilidades de trabalho.
Foi o trabalho, a vontade de procurar ‘uma vida melhor’, como ouvimos tantas vezes, que levou os nossos avós e pais a ir viver para as cidades ou a emigrar. Da mesma forma também o trabalho pode trazer os netos e filhos de volta às origens. Vale a pena pensar...