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Longevidade, é uma palavra que faz cada vez mais parte do nosso léxico, ao mesmo tempo que se vem tornando numa área de interesse para especialistas. Nesse sentido, se quiser manter-se actualizado em termos de livros dedicados à longevidade, saiba que no dia 19 de janeiro saiu o último livro de Bradley Schurman com o título: The Super Age: Decoding Our Demographic Destiny.
Fundador e CEO da “The Super Age”, empresa de consultoria e de investigação estratégica global que ajuda organizações a entender os desafios e as oportunidades do envelhecimento da população, desempenhou cargos na American Association of Retired People (AARP), na EconomyFour e colaborou com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) - e o Fórum Económico Mundial (WEF) sobre o tema do envelhecimento. E foi ainda responsável pelo relatório “Aging Readiness and Competitiveness Report”. Bradley Schurman é sem dúvida alguém que sabe as implicações da longevidade tanto na sociedade como na economia.
Neste livro, analisa como duas megatendências – taxa de natalidade em declínio e o prolongamento da esperança de vida – estão interligadas e, consequentemente contribuem para uma “super” megatendência que está a criar uma sociedade nitidamente diferente, muito mais velha e com diversas gerações, uma sociedade como nunca existiu até hoje.
Dividido em três partes (history of age, demographic dystopia e new demographic order), o livro apresenta várias reflexões que considero fundamental destacar.
O autor refere que as mudanças demográficas e o envelhecimento estão a acontecer a uma escala global. Os aumentos da média da esperança de vida, que já se situa na faixa dos 80 anos, e da taxa de sobrevivência infantil, levaram a alterações nas pirâmides demográficas, criando-se assim novos paradigmas.
Também as desigualdades são uma realidade, pois populações com maior escolaridade e rendimentos elevados têm mais hipóteses de viver mais e com mais segurança (saúde ou económica).
A reforma tem vindo a perder expressão. Por exemplo, nos EUA, muitas pessoas optam por continuar a trabalhar para se manterem socialmente ativas e/ou financeiramente seguras. Em certos casos, verificam-se ambas situações.
Schurman alerta-nos para o quão prejudicial pode ser o preconceito relativamente à idade. É uma realidade quotidiana, infelizmente, bastante comum. E mais, os custos associados ao idadismo já começam a ser astronómicos, ao ponto da OCDE ter já sugerido que algumas economias correm o risco de se contrair de 10% a 20% devido a esse preconceito generalizado.
E ainda, o autor salienta que a inclusão geracional poderá levar a um período de prosperidade sem paralelo. Como? As economias mais desenvolvidas possam vir a ter populações reduzidas, mais velhas e com maior diversidade de gerações. Se por um lado, vão precisar trabalhar mais tempo por outro terão mais necessidade de produtos e serviços ao longo das várias fases da vida. E, na minha opinião, é nisto que temos de nos concentrar. As estratégias inclusivas são um caminho claro para o crescimento de qualquer economia porque o mercado assim o exige.
Esta inclusão vai permitir um crescimento económico incrível e uma maior coesão social. Será preciso renegociar o contrato social (por ex.: idade da reforma), mas também repensar a forma como as empresas recrutam e retêm talentos. E não só! Será preciso reajustar estratégias de marketing para chegar a consumidores mais velhos e diversificados.
O que podemos concluir é que a inclusão geracional tem um potencial catalisador, mas isso só acontecerá combatendo o preconceito.
Porque todas as fases da vida requerem necessidades diferentes, as marcas têm de ficar atentas a estes novos consumidores que estão a emergir da geração que se designa como “Middle Age Plus” e que surgem com elevado potencial de compra. Um tema a explorar um próximo artigo. Prometo.
Sobre a autora: Ana Marquilhas, consultora de Media, com alma viajante e dedicada à família. Apaixonada e curiosa pelo tema da longevidade, porque acredita que a vida ativa não acaba aos 50 anos, mantém-se atualizada sobre as tendências que surgem nesta área. Defende que é necessário mudar a sociedade e transformar mentalidades para valorizar, sem exceção, todas as gerações.