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A Organização das Nações Unidas (ONU) revela num relatório, publicado no mês de março, que uma em cada duas pessoas no mundo discrimina em função da idade. São estereótipos e preconceitos relacionados com a idade que se têm difundido, conduzindo a uma cada vez maior discriminação das pessoas mais velhas.
Algo grave e negativo que nos penaliza como sociedade e que se agravou no contexto da pandemia. «A pandemia não trouxe só a doença, trouxe também o aumento do preconceito», comentou a professora Sibila Marques, do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, que falava no dia 14 de março, durante a 13.ª sessão do Simpósio InterAções.
Durante a pandemia aumentou o número de notícias e publicações, quer nos media tradicionais, televisão e jornais, quer nas redes socais, que transmitiram uma imagem errada das pessoas mais velhas neste tempo de pandemia. Um retrato de vulnerabilidade, de solidão, de fragilidade, uma representação «tendencialmente negativa», comentou a professora Sibila Marques. Um retrato negativo que contribuiu decisivamente para o aumento do idadismo. «Não doi apenas o vírus que se espalhou, mas o idadismo também aumentou», afirmou Sibila Marques.
Recuando ao momento pré-pandemia, o que é que nós sabíamos sobre os estereótipos sobre idodos?
Um inquérito sobre o idadismo, realizado em 2008-2009, pela European Social Survey, em vários países da União Europeia, revela que os jovens são caracterizados como sendo «positivos, ativos, aventureiros, bonitos, criativos». Sendo que «irresponsável e precipitado» são algumas das características negativas que lhes são apontadas. As pessoas idosas foram associadas aos traços positivos «avô, calmo, conselheiro, experiente, maduro. Mas também traços negativos tais como declínio, doente, dependente, esquecido, lento, rabugento».
É preciso referir que os estereótipos nem sempre aparecem de uma forma tão flagrante e aparecem muitas vez de uma forma bastante mais subtil. «De facto existe em vários países do mundo um estereótipo das pessoas idosas serem muito simpáticas, mas não tão competentes», refere, como exemplo, a professora Sibila Marques. Uma perceção partilhada por vários países europeus, incluindo Portugal.
Como qualquer outro preconceito, o idadismo é um desafio de todos nós. Todos os dias as nossas escolhas, a nossa postura e atitude definem a sociedade em que vivemos e a sociedade em que vamos envelhecer. E é um desafio, de uma forma muito particular, para as pessoas mais velhas e que devem empenhar-se cada vez mais em esbater os estereótipos idadistas que lhes são atribuídos.
A professora Sibila Marques, do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa; Sofia Alçada, Diretora do Impulso Positivo; Maria Seruya, do Projeto “Velhas Bonitonas”; e Maria João Matos, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, foram as oradoras convidadas da sessão ‘A Importância da Comunicação na Desconstrução de Mitos e Estereótipos Idadistas’, moderada por Mário Rui André, Diretor da Unidade de Missão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Uma sessão integrada na 3ª Edição do Simpósio Interações – Uma Sociedade para Todas as Idades, organizado pela Unidade de Missão ‘Lisboa Cidade de Todas as Idades’ da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Esta foi a 13ª sessão de um conjunto de 16 sessões, todas com transmissão online e gratuitas, sempre às quartas-feiras, com início às 14h30.
Saiba mais AQUI sobre esta iniciativa. E não deixe de ver ou rever a sessão completa no canal do Youtube da SCML.