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Viver bem no longo prazo

22/11/2018 |

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O tempo importa. Quanto mais cedo iniciar a sua poupança para a reforma, menor o esforço mensal. Em muitos casos, em virtude do ciclo de vida, só se admite pensar na reforma após completar a primeira metade da vida ativa. No entanto, nessa altura, o esforço será maior.

Em Portugal, nos últimos 50 anos, a esperança média de vida tem aumentado a um ritmo de três anos por década. No sentido inverso, a taxa bruta de natalidade tem diminuído, registando, nos dias de hoje, uma quebra de 65% face aos valores de 1960.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), atualmente a esperança média de vida aos 65 anos é de 18 anos para os homens e 21,8 para as mulheres. No final de 2017, os jovens com menos de 15 anos representavam 13,8% da população residente – cerca de 1,4 milhões de jovens. A população com idade igual ou superior a 65 anos ascendia a 2,2 milhões (21,5% dos residentes).

Estes dados são bem elucidativos e sugerem a pressão a que o sistema de Segurança Social estará sujeito nas próximas décadas, com consequências nos rendimentos dos pensionistas no momento da reforma. Alguns estudos sugerem que nos próximos dez anos, a pensão de reforma poderá ser inferior a metade do último salário bruto. Face a este cenário é cada vez mais importante construir um plano de investimento que complemente o valor da reforma.

Através do gráfico abaixo, que constitui uma simulação do efeito de capitalização para um investimento de 5000 euros com entregas anuais de 600 euros, é bem percetível a importância de se começar a poupar o mais cedo possível.

Tomando em consideração o cenário de investimento equilibrado, entre Obrigações e Ações Globais, e admitindo um crescimento anual nominal de 3,5% do capital investido (tendo um objetivo de retorno acima da taxa de inflação de 2%) a longo prazo, importa destacar a importância da disciplina de investimento e o efeito da capitalização. Para efeitos de simplificação, vamos considerar que as entregas anuais são fixas todos os anos.

Considerando um cenário de reforma aos 66 anos, é possível observar o efeito de adiar a decisão de investir para a reforma. Caso a decisão de investir a pensar na reforma ocorra aos 45 anos, no final terá acumulado menos de metade do investimento do investidor que iniciou o plano 15 anos antes (aos 30).

 

Numa outra perspetiva, caso aos 45 anos pretenda obter um valor próximo de 60 mil euros no início da sua reforma, para lá do investimento inicial de 5000 euros, terá de poupar, todos os anos, 1600 euros, o que representa um esforço anual adicional de 1000 euros, quando comparado com o investidor que iniciou o plano aos 30 anos.

Apesar de a taxa de poupança das famílias portuguesas se encontrar num novo mínimo e próximo de 5%, é importante apelar à necessidade de poupar, independentemente da idade e do ciclo de vida. Por referência, a atual taxa de poupança da União Europeia é de 10%.

Entre as várias alternativas, numa lógica de investimento a longo prazo, os investidores poderão considerar uma ampla carteira de fundos de investimento ou de ETF (exchange-traded funds) de modo a obter uma exposição às principais classes de ativos mundiais. Sujeito a eventuais ajustes em função da tolerância ao risco e à capacidade de suportar perdas, quanto maior o horizonte temporal, maior a percentagem de alocação a ativos de maior risco (mercados de ações). À medida que se aproxima da idade da reforma, deverá modificar a composição da carteira de investimentos, de modo a privilegiar ativos com menores variações (mercados de obrigações).

Entenda que, no longo prazo e para uma carteira de investimento amplamente diversificada, a volatilidade natural dos mercados financeiros tende a traduzir-se numa remuneração do capital acima da inflação, isto é, um crescimento real do investimento. Ao invés, pensar no longo prazo através de produtos com taxas de remuneração inferiores à inflação é abdicar de uma parte da capacidade de consumo no futuro.

O tempo importa e inicie o seu plano quanto antes. Afinal, vai querer viver bem quando chegar “ao longo prazo”.