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A indústria do legado

04/10/2021 | Ana Sepúlveda

A maturidade e a industria do legado Foto: Andrea Piacquadio, Pexels A maturidade e a industria do legado Foto: Andrea Piacquadio, Pexels

No primeiro projeto que fiz na área do envelhecimento consegui envolver uma pessoa que admiro até hoje, que é o Professor que dirige o Age Lab do MIT (https://agelab.mit.edu/). Nessa altura pedi ao Joseph Coughlin que escrevesse um artigo para ser a introdução do relatório do referido projeto. Ele escreveu um artigo sobre o impacto do envelhecimento da população e as novas indústrias que iriam aparecer e/ou que seriam reforçadas.

A Indústria do legado

Uma das indústrias que ele menciona é a chamada “indústria do legado”. Na altura achei aquilo muito estranho e isto foi há mais de 10 anos atrás. Dizia ele no artigo que o aumento de pessoas maduras, no total da população, iria fazer surgir uma nova área de negócio relacionada com o desejo que é próprio da maturidade, que é o de deixar um legado para o futuro.

A verdade é que hoje percebo perfeitamente o que ele dizia em 2007. Seja porque eu mesma me preocupo com isso, seja porque vejo essa preocupação nas pessoas à minha volta e na sociedade. Isto tem a ver com o nosso próprio processo de maturidade.

Ou seja, no processo de maturidade cerebral, na relação do cérebro com as nossas emoções e na forma como nos percebemos em sociedade, é próprio do ser humano este desejo de deixar algo para o futuro. Este algo pode ser um filho tardio, ou outra coisa qualquer.

Eu, não tenho filhos. Tenho 2 sobrinhas, filhas de 2 amigas e um sobrinho de sangue, o Rafael. O Rafael ainda é muito pequeno, mas a Madalena e a Maria já não e hoje estou a construir um livro que será o meu testemunho de relação com Deus, para elas e para quem mais vier a ler.

Como queremos ser lembrados?

Na verdade, e ainda mais com o covid-19 e esta loucura que começámos a viver, sinto de uma forma ainda mais forte esta necessidade de deixar uma pegada na sociedade do futuro. Comecei a pensar nisso de uma forma mais consistente quando um dia me fizeram uma pergunta – típica do coaching – que é:

“Quando morreres o que queres que as pessoas digam de ti?”

“Como queres ser lembrada?”

Recomendo vivamente que se dediquem a pensar nesta pergunta. A resposta tem múltiplas aplicações e uma delas é, do meu ponto de vista, uma pista para percebermos se queremos ou não deixar algo para o futuro e, se sim, o quê queremos deixar.

Devo dizer que é muito interessante porque isto nos dará:

  • mais vida, mais energia
  • alimenta o nosso propósito e
  • dá-nos um sentido.

Eu já tinha uma missão, mais a nível profissional.

Com esta reflexão, ganhei uma missão na minha vida pessoal, o que para mim é fantástico. Porque sempre coloquei muito mais energia e foco na minha vida profissional e não tanto na afetiva e familiar e hoje sinto um pouco as suas consequências.

Por isso, aqui deixo a proposta:

Pensar no legado que quer deixar aos que ficam, sejam eles familiares, amigos ou estranhos (a sociedade).