Alteração dos hábitos alimentares: Portugal com 1 milhão de veggies | Saúde e Bem Estar

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Alteração dos hábitos alimentares: Portugal com 1 milhão de veggies

23/11/2021 | Sofia Alçada

Alteração de hábitos alimentares em Portugal Fonte: Pexels Alteração de hábitos alimentares em Portugal Fonte: Pexels

Em termos de grandes conclusões, podemos referir que:

  • Em dois anos a população portuguesa que integra a comunidade denominada de veggie, que inclui os três grupos chamados vegans (que não incluem na sua dieta alimentar qualquer produto de origem animal), vegetarianos (não comem carne nem peixe, mas sim os seus derivados), e flexitarianos (os que consumem carne e peixe, mas de forma ocasional), cresceu 33%
  • Flexitarianos continuam a representar a maior fatia da comunidade veggie
  • Preocupações com a saúde e bem-estar animal lideram as motivações dos consumidores

Por um mundo mais sustentável, a mudança de hábitos alimentares:

Em pleno contexto de procura por um mundo mais verde, o maior exemplo vem do universo alimentar.

Em Portugal, número total de adultos que segue uma dieta eminentemente vegetal já atinge mais de um milhão de pessoas.

Esta é a principal conclusão da segunda edição do estudo ‘The Green Revolution’, acabado de lançar pela Lantern, consultora de estratégia e inovação, especialista no setor alimentar.

Resultados do Estudo “The Green Revolution”

Este estudo conduzido com uma base de mais de mil entrevistas feitas à população adulta portuguesa, revela um crescimento sustentado das novas dietas alimentares.

Na primeira edição do estudo, lançada em 2019, a Lantern concluiu que quase 9% da população portuguesa era veggie. Desde então esse valor aumentou quase três pontos percentuais.

Em 2021 verificou-se um crescimento, face a 2019, que atinge quase 250.000 novos veggies, o que se traduz num aumento de 33%. Ou seja, 11,9% da população já se assume como veggie, o termo que designa a soma de vegans, vegetarianos e flexitarianos.

Dentro da comunidade veggie, a maior parte destes consumidores consideram-se flexitarianos, ou seja, seguem uma dieta alimentar menos rígida que permite o consumo de carne e peixe de forma ocasional:

  • 9,3% dos portugueses consideram-se flexitarianos, 27% mais do que há dois anos, representando um total de 800.000 pessoas.

Quanto aos vegans (que excluem por completo qualquer produto de origem animal) e vegetarianos (que não incluem carne nem peixe na sua alimentação, mas aceitam os seus derivados), a soma destas duas classes alimentares cresceu 57% face a 2019:

  • Há um total de 180 mil vegetarianos, o que significa 2,1% da população adulta. Este perfil cresceu 137% em comparação com a edição anterior, compensando o declínio dos vegans;
  • 0,5% dos adultos portugueses consideram-se vegans (vs. 0,7% em 2019), representando atualmente um universo de 40 mil pessoas

“O crescimento dos veggies é uma tendência clara, mas ainda não está a ser sustentada pelos dados de consumo. Ainda não se verificou uma queda significativa nas vendas da carne vermelha”, nota David Lacasa, partner da Lantern.

“Se analisarmos os dados do INE sobre a evolução, desde 2010, do consumo humano de carne vermelha, vemos como desde 2013 o volume total de toneladas tem crescido um 7%, mas ainda está 3% abaixo dos dados de 2010.

De 2019 a 2020 o consumo caiu um 5% até as 662 toneladas, dados muito relacionados com o impacto da pandemia no consumo fora de casa”, acrescenta.

Como é o consumidor veggie?

No que toca ao género, pode assumir-que a tendência veggie tem crescido, sobretudo, entre as mulheres.

Uma em cada 7 mulheres assume-se como veggie, o que significa 13,7% da população feminina, um número que cresce em comparação com 2019 onde eram 1 de cada 8.

entre os homens, apenas 1 em cada 10 pertence à classe veggie (9,9%).

Olhando para a combinação de vegans e vegetarianos, o domínio existe também para o sexo feminino: o peso nas mulheres é de 3,1% vs. 2,0% nos homens.

Quanto à idade, a comunidade veggie estende-se em todas as faixas etárias, com uma presença mínima de 10% em cada grupo.

  • A maior penetração incide no grupo etário dos 18 aos 34 anos.
  • O segmento dos 25 aos 34 anos lidera a penetração por alvo, com 16,8%, acima dos 11,3% em 2019.
  • No caso dos mais jovens, dos 18 aos 24 anos, 12,8% deles são veggies.
  • Estes dois grupos também são mais prominentes no grupo de vegetarianos/vegans, atingindo 6%, o valor mais alto nas faixas etárias.

Geograficamente, a divisão é equitativa:

  • 49% em cidades com menos de cem mil habitantes
  • 51% nas maiores.

Contudo, o maior crescimento de veggies em relação a 2019 concentra-se em cidades com mais de 100.000 habitantes, com 52,6% mais de veggies (51% em 2021 contra 33% em 2019). Já nas cidades com menos de 100.000 habitantes, o fenómeno desceu em 26,2% (de 67% para 49%).

As motivações: Porque a opção por ser vegan?

Face a 2019, as motivações dos consumidores vegan mantêm-se inalteradas:

  • a saúde é a motivação mais citada pelos flexitarianos, com 68% a mencioná-la este ano em comparação com 73% em 2019.
  • a preocupação com os animais que, entre os flexitarianos, é o segundo motivo mais importante para adotar uma dieta veggie, mas desceu 4 pontos percentuais em dois anos, dos 34% em 2019 a 30% em 2021. Para os vegetarianos e vegans, é também a segunda razão para adotar este tipo de dieta, com 69%.
  • a sustentabilidade é outra das motivações que continua a ser relevante, entre os flexitarianos, para adotar uma dieta veggie, mas que desceu de forma importante nesta edição – menos 18 pontos percentuais. A preocupação com o ambiente, a pegada que deixamos no futuro, representa agora 29% nas motivações dos flexitarianos para mudar a sua dieta este ano, em comparação com 2019, que foi de 47%.

 

Fonte: Press Release