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“Não tenho tempo para nada, ser feliz consome-me muito” - Clarice Lispector
A vida deve ter na componente de gestão uma ação bem definida. O que é isto de gerir a vida? É o que todos fazemos desde sempre. Mas, à medida que vamos caminhando, vamo-nos rodeando de cada vez mais especialistas em várias áreas, desde procurar ajuda para o dia a dia das nossas casas, aos médicos. E as nossas contas? Os nossos contratos da luz, da prestação bancária…Quais são os nossos rendimentos e como torná-los mais rentáveis.
O Relatório Mundial da Felicidade, editado anualmente pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, coloca Portugal na 66.ª posição. Portugal tem vindo a subir nesse ranking e subiu 11 posições face a ao relatório de 2018. Isso é positivo, pois significa que (no coletivo) as consciências estão a evoluir (a tornar-se cada vez mais consciências).
As variáveis em estudo são: PIB per capita (a riqueza do país), assistência social (apoios sociais), expectativa de vida saudável (aqui foi onde tivemos maior valor), generosidade, confiança, perceção e corrupção (pior valor, 122.º lugar do ranking) e, ainda, liberdade para fazer escolhas.
Ao criarmos este Gabinete Sénior, conscientes da nossa intervenção social, foi principalmente na liberdade de fazermos escolhas que se centrou o nosso pensamento. Sendo a generosidade uma variável, entendem os especialistas que as pessoas que dão são mais felizes. Mas no dar e doar também deve existir consciência do que se quer, dos benefícios, dos riscos e dos mecanismos para atualizar a doação (incluindo a sua anulação).
São muitas as questões com que, nos escalões etários mais avançados, lidamos: umas porque queremos, outras porque é necessário.
Apesar de podermos pensar que está quase tudo feito, eis duas questões relacionadas com o ato de doar.
Doei uma casa à minha sobrinha, pensando que ela iria acompanhar-me no envelhecimento, assegurando a minha presença em visitas culturais, em idas a cerimónias da minha religião e zelando pela satisfação do meu bem-estar. O que posso fazer?
A doação é um contrato e os contratos só se modificam ou revogam por acordo das partes. Em regra, depois de aceite pelo beneficiário da referida doação, esta não pode ser revogada. Depois de aceite, a doação só pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou seja, do beneficiário da doação.
E quais os casos em que se pode verificar ingratidão?
São esses: o donatário ter sido condenado como autor ou cúmplice de homicídio doloso, ainda que não consumado contra o doador, o seu cônjuge, descendente, ascendente, adotante ou adotado; ter o donatário sido condenado por algum crime doloso contra as mesmas pessoas e corresponda a pena superior a seis meses de prisão; ter o donatário, por meio de dolo ou coação, induzido o doador a fazer, revogar ou modificar o testamento, ou disso o impedir; ter o doador dolosamente subtraído, ocultado, inutilizado, falsificado ou suprimido o testamento, antes ou depois da morte do doador, ou de se ter aproveitado desse facto; ter o donatário, sem justa causa, recusado ao doador ou ao seu cônjuge os devidos alimentos, quer por ser uma das pessoas obrigadas a prestá-los, quer por se ter transferido para o donatário tal obrigação.
Afora as situações descritas fica vedado ao doador a possibilidade de revogar a doação.