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Conceito ainda recente em Portugal, muito mais se aplicado à população dos escalões etários superiores, o cohousing, cenário colaborativo em que se vive em habitações independentes, mas em que há serviços de apoio, pode ser uma solução a ter em conta para muitos 65+ (ou até mais novos). Foi com o objetivo de promover esta modalidade de habitação que surgiu a Hac.Ora Portugal Senior Cohousing Association. É presidida por Nuno Cardoso, ex-presidente da Câmara Municipal do Porto, que considera que “há uma enorme lacuna de respostas para os ativos dos escalões etários mais avançados”.
A mesma fonte indica que, na maioria dos casos, essas pessoas ficam a viver sozinhas “enquanto resistem e conseguem” viver autonomamente. “É certo que existe a resposta do apoio domiciliário, mas isso é muito pouco para resgatar as pessoas do isolamento e solidão”.
O presidente da Hac.Ora Portugal considera que esse grupo de pessoas, “hoje muito ameaçadas”, poderá ter numa vida em cohousing a sua qualidade de vida e o seu bem-estar muito melhorados. “Estudos realizados na Suécia, onde o cohousing existe há mais de 40 anos, concluem que as pessoas vivendo em ambientes colaborativos veem a sua esperança de vida aumentada em dez anos”, salienta.
“Inúmeras poupanças”
O cohousing é uma solução habitacional autopromovida e autogerida, exigindo dos seus moradores uma atividade sadia na organização da vida do equipamento. Numa solução genuína de cohousing (há muitas cambiantes e todas as formas são possíveis desde que devidamente acordadas pelos moradores/promotores), o processo começa com a criação de um grupo de pessoas interessadas em viver com espírito comunitário (porventura amigos ou conhecidos).
O grupo reúne e vai construindo a ideia de projeto que gostaria de realizar, definindo o local, as tipologias e dimensões da habitação (espaço privado e íntimo), os espaços comuns (cozinha comunitária, salas de estar para refeições, para convívio, ver televisão e cinema, biblioteca, ginásio, sala de meditação, oficina, atelier de costura, atelier de bricolage, etc.) os espaços verdes (jardins, estufas, lagos, fontes, etc.).
“Este processo de gestação do projeto pode demorar algum tempo, pois convém ser bem debatido e consensualizado. Claro que o sonho tem de ser matizado com a realidade dos custos das soluções e a capacidade de investimento do grupo e as fontes de financiamento que se consigam mobilizar para o projeto”, afirma Nuno Cardoso.
O antigo autarca da Invicta salienta que “as economias de viver numa habitação colaborativa são inúmeras”, desde as energéticas às dos equipamentos de que se pode usufruir por serem coletivos, às poupanças na alimentação, se a opção for fazer algumas das refeições em regime coletivo. “Direi que as poupanças existem sempre, podendo ser mais ou menos exploradas consoante o compromisso do grupo no projeto colaborativo”.
Projetos na forja
Não se conhece ainda nenhum projeto em curso no nosso país, mas há já interesse, de acordo com o presidente da Hac.Ora Portugal. Em Espanha o conceito também é novo, mas estão já 80 projetos em curso (com alguns já realizados).
Por cá, as melhores aproximações que a associação conhece são a Aldeia de S. José de Alcalar, na Mexilhoeira Grande (Portimão), a Unidade Residencial Madre Maria Clara, em Oeiras, e a Aldeia Sénior de Os Pioneiros, em Águeda. “Além disso, a Santa Casa da Misericórdia do Porto, com quem estamos a estabelecer um protocolo, tem um projeto-piloto para este escalão etário que será em breve abordado”, adianta.