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Quando somos infetados, por um vírus ou uma bactéria, na maior parte das vezes o nosso sistema imunitário controla a infeção. Mais extraordinário é que, quando tudo corre bem, não só ultrapassamos a infeção como o nosso sistema imunitário sai reforçado e num novo contacto com o vírus responde sem dificuldade porque desenvolveu anticorpos. De uma forma muito simplificada, e por isso imperfeita, a isto se resume a imunidade.
Isto é aquilo que sabemos. O que não sabemos é se no caso concreto do coronavírus SARS-CoV-2 (significa “síndrome respiratória aguda grave – coronavírus 2”), e cuja infeção provoca a doença Covid-19, as pessoas infetadas desenvolvem imunidade.
«Não tivemos tempo ainda para perceber como é a imunidade ao longo do tempo», contou Thiago Carvalho, Imunologista da Fundação Champalimaud, durante o debate online “Imunidade: a chave para o regresso à normalidade?” e que decorreu no dia 6 de maio. «Esta é uma doença que surgiu em dezembro do ano passado e nós ainda não sabemos quais são os parâmetros - o que nós chamamos de correlatos de imunidade - os sinais que nos dizem o que é que sinaliza que uma pessoa está de facto imune, ou seja, que ela teve a infeção e não está mais suscetível», explicou.
O especialista referiu que «uma pista importante são os anticorpos», mas ressalvando que «nem todas as pessoas que têm anticorpos estão necessariamente imunes a contactos posteriores com o vírus». Neste contexto destacou a importância dos chamados testes serológicos, que detetam não a presença do vírus, mas se uma pessoa tem anticorpos.
A concluir, o imunologista explicou que «se este coronavírus se comportar de maneira parecida com os anteriores, o que nós esperamos é algum grau de imunidade», sublinhando, contudo, que não há certezas e que neste momento o mais importante é obter informação. «Recolher o maior número de dados das pessoas infetadas, dos anticorpos que produzem e correlacionar isto com as infeções e a carga viral».
Questionado sobre a tão falada imunidade de grupo, Thiago Carvalho sublinhou que «a imunidade é uma estratégia importante a discutir, mas aliada a outras estratégias de proteção».
Para já a imunidade, individual ou de grupo, continua a ser o quebra-cabeças da comunidade científica e cujas respostas ainda vão demorar bastante tempo para chegar. Para todos nós a melhor defesa continua a ser a proteção: manter o distanciamento social e respeitar, da melhor forma possível, as regras de etiqueta respiratória e de higienização.
O debate online “Imunidade: a chave para o regresso à normalidade?” decorreu no dia 6 de maio, no âmbito das sessões “Ciclo Variável Mundo Novo”, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian. Pode assistir ao debate completo no vídeo abaixo, no Facebook ou no Youtube da Fundação Calouste Gulbenkian.
Além de Thiago Carvalho, Imunologista, na Fundação Champalimaud, neste debate participaram também André Peralta-Santos, Médico, Consultor da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública e Universidade de Washington, Susana Peralta, Professora da NOVA School of Business and Economics (NOVA SBE), Carlos Moedas, Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Joana Gonçalves Sá, Professora NOVA School of Business and Economics (NOVA SBE), Coordenadora da Iniciativa Ciência e Sociedade, IGC. Uma sessão moderada por Mónica Bettencourt-Dias, Diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência.