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E quando o trabalho deixa de ser benéfico? O alerta chega da OMS

25/05/2021 | Fernanda Cerqueira

Longas jornadas de trabalham afetam a saúde. FOTO UNSPLASH Longas jornadas de trabalham afetam a saúde. FOTO UNSPLASH

Convencemo-nos de que precisamos de trabalhar para conseguir ter uma vida confortável, mas muitas vezes todo esse trabalho não nos assegura o tão desejado conforto e segurança e, pior, rouba-nos saúde.

De acordo com um estudo global da Organização Mundial da Saúde (OMS), citado pela BBC, o excesso de horas de trabalho está a matar centenas de milhares de pessoas por ano. O estudo, que é o primeiro deste tipo, revela que em 2016 morreram 745 mil pessoas vítimas de derrames e doenças cardíacas causados por longos horários de trabalho.

A investigação mostrou que trabalhar 55 horas ou mais por semana estava associado a um risco 35% maior de acidente vascular cerebral e 17% maior de morrer de doença cardíaca quando comparado a uma semana de trabalho de 35 a 40 horas.

55 horas de trabalho equivale a trabalhar 11 horas por dia, numa semana de trabalho de cinco dias ou, algo como mais ou menos, 9 horas por dia, numa semana de trabalho de seis dias. Se nos parece muito? Talvez não pareça. Mas, os estudos dizem o contrário. Não só é demasiado, como é a nossa saúde que está a sofrer o impacto. Horas de trabalho em excesso, stress, ansiedade, desgaste emocional e físico estão a afetar-nos silenciosamente.

O estudo, conduzido em conjunto com a Organização Internacional de Trabalho (ILO, na sigla em inglês), revela ainda que quase três quartos das pessoas que sofreram o impacto de longas horas de trabalho eram homens de meia-idade ou mais velhos. E as consequências manifestaram-se, frequentemente, muito mais tarde na vida, em alguns casos, anos depois dos períodos em que estiveram sujeitos a longos períodos de trabalho.

Onde estamos e para onde vamos?

Embora o estudo não tenha incluído o período da pandemia COVID-19, a OMS considera que o recente salto para o teletrabalho pode, em muitos casos, ter aumentado os riscos associados às longas jornadas de trabalho.

«Temos algumas evidências que mostram que quando os países entram em confinamento nacional, o número de horas trabalhadas aumenta em cerca de 10%», disse Frank Pega, oficial técnico da OMS, citado pelo Jornal de Notícias.

Contudo, é unânime entre os especialistas que já antes da pandemia e do boom do trabalho remoto, o número de pessoas a trabalhar longas horas já estava a aumentar.

Todos ouvimos em algum momento aquele velho ensinamento de Voltaire «o trabalho poupa-nos de três grandes males: tédio, vício e necessidade». É sem dúvida uma grande verdade! Mas, quando o trabalho ocupa a proporção certa, num equilíbrio saudável que de nenhuma forma comprometa o nosso bem-estar e a nossa saúde.

Fonte: BBC e Jornal de Notícias