Efeitos demograficos e os seus desafios | Sociedade

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Efeitos demograficos e os seus desafios

05/02/2020 | Sofia Alçada

Foto: Unsplash Foto: Unsplash
Segundo o artigo do site The Visual Capitalist, e baseado nos dados da OCDE, alguns países já têm mais pessoas em idade de reforma do que adultos ativos (entre 20 e 64 anos). E, mesmo os países onde ainda não é assim, será grande a probabilidade que isso aconteça já na próxima geração.

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Estes dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) incluem países membros e não membros.
As futuras gerações têm que lidar com o impacto de dois factores em tendências opostas: a expectativa de esperança de vida crescente e a taxa de natalidade decrescente.
A previsão é para que a população, no ano de 2050, totalize as 10 mil milhões de pessoas, o que representa um crescimento de cerca de 2,3 mil milhões face aos dias de hoje, e em que, cada uma destas pessoas, viverá em média muito mais tempo. Outro dado indica ainda que o número de pessoas com mais de 65 anos quando comparada com a população ativa vai triplicar. Em 1980, eram de 20 para 100 trabalhadores; A previsão é que em 2060 sejam já de 58 para cada 100 trabalhadores.
 

Declinio da força de trabalho

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Globalmente a população ativa sofrerá um declínio de 10% até 2060.  Em 2050, pessoas com mais de 65 anos serão em maior número que adolescentes e jovens adultos e representarão mais do dobro do número de crianças abaixo de 5 anos (segundo os dados ONU referentes a 2019).
A população em idade ativa vai decrescer cerca de 10% até ao ano de 2060, em termos globais. As maiores quebras, estimadas em cerca de 35% ou mais, estão previstas para países como a Grécia, o Japão, a Coreia, a Letónia, a Lituânia e a Polónia. Em sentido inverso, assiste-se a um crescimento da força de trabalho com mais de 20% na Austrália, México e Israel 
No caso de Israel, o crescimento esperado é da ordem dos 67% devido a forte taxa de natalidade que os pais regista, só comparável a época do pós-guerra nos USA, com o fenómeno que ficou conhecido com o “Baby Boom”
A medida que os países se preparam para este ciclo populacional, a quebra da oferta no trabalho é no entanto apenas, um dos vários impactos que vamos assistir devido ao aumento da longevidade.
 

Gerir os riscos:

Existem muitos outros riscos sociais e económicos que podemos esperar com o aumento da longevidade da população:
  • Geração espremida: Com mais pessoas a usufruir do benefício das pensões e reformas e menos a pagar impostos e a contribuir, poderá haver necessidade de aumentar dos impostos para poder suportar essas despesas.
  • Aumento dos custos de saúde: Vidas longas não significa necessariamente vidas saudáveis. O aumento da esperança de vida, trás consigo o aumento das doenças cronicas que exigem despesas de tratamentos de longo prazo.
  • Abrandamento das economias: A mudança da força de trabalho poderá levar a uma transição de capitais dos países mais envelhecidos para os mais jovens, alterando assim a distribuição global do poder económico.
 

Pressão sobre as pensões:

A pressão sobre os sistemas de pensão é talvez o maior sinal e mais preocupante do fenómeno do envelhecimento populacional. Apesar do aumento gradual da idade da reforma nos vários países, as pessoas não poupam o suficiente face ao aumento da esperança de vida que têm, o que poderá resultar num deficit estimado de $400 triliões em 2050.
 
Uma pensão é uma promessa, não necessariamente uma garantia. Qualquer mudança feita pelos programas dos atuais governos terão implicações na vida dos futuros reformados, mas ao mesmo tempo são necessárias reformas que diminuam o crescimento do deficit e assegurem o equilíbrio das contas.
 

À procura de um sistema mais equilibrado:

Alguns países estão a fazer grandes alterações com vista a obtenção de um sistema mais equilibrado. O Global Pension Index sugere as seguintes iniciativas que poderão ser tomadas em consideração: 
  1. Aumento da idade da reforma
  2. Incremento dos estímulos às poupanças – dentro e fora do sistema de fundos de pensões
  3. Aumento da cobertura dos fundos privados de pensões em toda a força de trabalho, incluindo os trabalhadores independentes e contratados, para proporcionar melhor integração entre os vários intervenientes.
  4. Preservar os fundos de pensões e reforma limitando o acesso aos benefícios antes da idade da reforma
  5. Aumentar a confiança de todas as partes interessadas, melhorando a transparência dos planos de pensão
 
Embora 59% dos trabalhadores esperem continuar a ganhar bem nos anos da reforma, oferecer às pessoas melhores incentivos e opções para facilitar e fomentar o trabalho numa idade mais avançada pode ser crucial para garantir o crescimento econômico contínuo.
 

Viver mais e melhor

Com 2020 a marcar o início da Década do Envelhecimento Saudável, o mundo está, sem dúvida, a entrar em um período crucial.
 
Países em todo o mundo enfrentam uma tremenda pressão para gerir efetivamente o envelhecimento da população. Será fundamental a preparação para essa mudança demográfica precoce, contribuindo para o avanço econômico dos países e permitindo que as populações - jovens e não tão jovens - vivam por muito tempo, mais e melhor.