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Dados do Eurostat, publicados no dia 11 de janeiro, mostram que as casas para comprar no nosso país ficaram 80% mais caras desde 2010 até ao terceiro trimestre de 2022. Também as rendas subiram, de forma menos acentuada, mas ainda assim ficaram aumentaram 25% no mesmo período temporal.
Não foi há muito tempo que a crise financeira e do crédito de 2008 abalou, primeiro, os Estados Unidos e logo depois a Europa. Uma crise que se repercutiu severamente na economia portuguesa, a taxa de desemprego atingiu os 16,2%, e praticamente congelou o mercado imobiliário.
A recuperação só se começou a sentir em 2013, mas desde então a dinâmica e crescimento da atividade e dos preços não parou mais. Recuperou o mercado imobiliário e Portugal entrou na rota do turismo e dos investidores com cada vez mais estrangeiros a visitarem Portugal e a se interessarem pelo mercado imobiliário nacional. Um movimento acompanhado por alterações legais, com procedimentos de licenciamento mais complexos e mais demorados, novos processos construtivos, exigências de qualidade, sustentabilidade e eficiência acrescidos… mais recentemente, a taxa de inflação escalou, com uma importante subida dos preços dos materiais e da mão-de-obra. No caso, em particular, da mão-de-obra esta está não só mais cara como é escassa. Contas feitas, hoje comprar casa no nosso país está 80% mais caro do que era em 2010.
Também o custo de arrendar aumentou. Apesar de existirem bastantes segundas habitações em Portugal, os portugueses parecem hesitar na decisão de serem senhorios. Rendas congeladas, alterações legais, incumprimento dos contratos de arrendamento, despejos e prejuízos nos imóveis afastam os proprietários do mercado de arrendamento.
Estas duas realidades criam em Portugal um sério problema habitacional com falta de casas para comprar ou arrendar e a que o Governo tem dado bastante destaque, sobretudo com a criação de vários programas de apoio à reabilitação urbana e ao arrendamento e com a afetação de investimento do Plano de Recuperação e Resiliência à habitação.
Preço das casas vai continuar a subir?
É uma pergunta de resposta difícil, sobretudo num cenário de inflação, com as taxas de juros nos contratos de crédito à habitação a subirem e os salários reais a ficarem mais curtos. Contudo, os profissionais do setor imobiliário apontam para um aumento ou pelo menos uma manutenção dos preços ainda que com uma redução do número de transações. Ou seja, é possível que se comprem e vendam menos casas, mas como há falta de oferta os preços vão manter-se elevados.
Com efeito, e de acordo com os dados de dezembro do Instituto Nacional de Estatística (INE), os preços das casas em Portugal continuaram a subir e, aumentaram 13,1% no terceiro trimestre de 2022 face ao mesmo período de 2021. Já nas rendas, o aumento foi de 7,6%. Aumentos que se registaram com a inflação elevada e com taxas de juros já na ordem dos 3%.