Envelhecer faz parte de viver

Procurei viver todas as etapas de minha vida da forma mais normal e saudável, dentro do possível.

Porém chegou sim o momento em que comecei a questionar-me sobre o envelhecimento e a grande questão que tive não foi quando, mas sim, como iria envelhecer.

E com esse pensamento pude mudar hábitos e procurar manter tanto a saúde física como a mental e emocional, para que o processo acontecesse da forma mais natural possível. E isto compõe boa parte da receita de minha longevidade saudável.

Qual a receita para um envelhecimento ativo?

O meu processo passava por viver a idade a cada dia e aproveitar as oportunidades que ela me oferecia.

Mesmo que não notasse que a idade passava, ver o meu filho crescer acabava por ser um alerta, de que os anos passavam rapidamente.

Assim fazia planos de ter um bom emprego e estar ali até a chegada da idade para a reforma… e, consegui!

Era um emprego estável e bem remunerado. Mas com o passar dos anos, a monotonia da atividade e a necessidade de ter maiores períodos de liberdade, levaram-me a abrir mão deste emprego e optar por ser empreendedora. Ter a liberdade tão sonhada.

No entanto, tive que encerrar o meu negócio, numa época em que a economia afetou milhares de pequenas empresas.

Com isso, as preocupações começaram a surgir.  

Novos planos, necessidade de adaptação

Precisei refazer os planos… e decidi então que iria optar por uma profissão que me proporcionasse prazer, enriquecimento cultural e pudesse ser útil no contributo para o desenvolvimento pessoal do outro. Algo que sempre sonhei desde criança, ser pedagoga.

Foi uma experiência incrível. Eu, na altura com 50 anos, a frequentar a universidade entre jovens de 20 a 30 anos. Ser a mais velha da turma e ainda obter as melhores notas.

Com isso, rejuvenesci uns 20 anos e obtive estímulo para continuar, com a certeza de que nunca seria tarde, pois a minha experiência de vida contava para enriquecer o meu currículo. E com isso, independente da minha idade, encontraria uma vaga no mercado de trabalho, na área de educação, pois sempre havia carência de professores.

Preparada para os imprevistos… as mudanças acontecem

Mas o destino não acontece como planeamos. E assim que obtive a minha licenciatura, conheci meu atual marido e mudei-me para Portugal.

Assim que cheguei, há 10 anos, havia a expectativa de exercer a minha recente formação, mas para minha frustração, o reconhecimento da mesma foi uma verdadeira odisseia.

Tive que esperar 5 anos, para me dizerem que eu tinha que procurar outras vias para fazê-lo.

Durante esse processo, consegui a reforma no Brasil. Um valor pouco significativo para quem pretendia ter estabilidade no final de tantos anos de trabalho. Simultaneamente em Portugal, eu procurava participar de formações, no contexto da procura de emprego e empreendedorismo.

Mas infelizmente nada do que aprendi foi útil para que ingressasse na área de educação e exercesse minha recente e tão sonhada atividade profissional.

Ao perceber que nada acontecia e a idade passava, agora de forma acelerada, tal qual meu espírito hiperativo, comecei a preocupar-me bastante e o envelhecimento passou a ser um desafio.

Não pelo desgaste físico, mas sim pela questão financeira.

Entretanto atualmente tive a sorte de encontrar pessoas com projetos e ações direcionadas para o envelhecimento saudável o que tem me proporcionado alguma tranquilidade e esperança de conseguir ultrapassar esta etapa, de forma saudável e tranquila.

Envelhecer é inevitável. Então, vamos viver da melhor forma.

A conclusão a que chego, é que envelhecer é inevitável. E qualquer que sejam as decisões e caminhos que escolhemos seguir, não podemos deixar de envelhecer. Portanto irei fazê-lo da melhor maneira possível.

Procurando viver o dia a dia, aceitando as transformações físicas e as dificuldades que terei, as falhas que minha mente terá.

Mas o importante é, que os momentos felizes que vivi, ficarão eternos em meu subconsciente. E os que não foram, quero que desapareçam eternamente e no final, não serão os anos de minha vida que vão contar, mas sim a qualidade da minha vida ao longo desses anos.

 

De Marisa Cruz, uma Reporter 60+