Introduza o seu e-mail
Não, não tem de ser assim, temos pena, mas na realidade viver bem e feliz, com mais e mais anos somados, depende da atitude que cada um decida assumir, e se isto é uma boa verdade por um lado, por outro, pode até ser má, pois para aqueles que veem na idade a sua melhor desculpa para deixar de viver a vida com emoção, intenção e prazer, para melhor se justificarem dos resultados menos positivos que vão alcançando, assumir a responsabilidade pela opção de encarar a vida como se ela fosse traiçoeira em vez de generosa, não é fácil.
Eu cá quero é viver muito, mas muito mesmo, assim para além dos 100. Quero ter a oportunidade de desafiar os obstáculos, testar a prevenção e dar a volta às limitações que possam aparecer. Quero aprender muito e ter sempre a noção que sei pouco, aprender com os erros e com o conhecimento dos outros, mudar a minha vida e direccioná-la no sentido do destino que mais alegria proporcionar. Não sei se quero que me chamem velha ou idosa ou sénior, aliás e sem lhe atribuirmos as típicas conotações negativas, qualquer uma destas palavras representa um estatuto superior, uma classe de privilegiados, um conjunto de pessoas de valor acrescentado. Não quero chegar depressa, mas quero chegar lá e por lá ficar por muito e muito tempo.
Agarro-me a estas minhas convicções, que não são ilusórias e procuro seguir com a disciplina necessária as indicações que o conhecimento do presente proporciona, melhorando a condição física, mental e emocional, para que os anos passem, mesmo parecendo não passar e que a cada ano que acaba, o grau de satisfação seja sempre superior ao do ano anterior.
Esta não é claramente apenas uma conversa ou introspecção pessoal, a própria Organização Mundial da Saúde define Envelhecimento Ativo como o processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança e está empenhada em contribuir para fornecer e incentivar estratégias para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem. Em Portugal, a Direção Geral de Saúde, seguindo estas orientações da OMS tem também uma estratégia que visa criar um conjunto de soluções e opções que procura ir ao encontro dos desafios e oportunidades gerados pelo envelhecimento e que paulatinamente tem vindo a implementar. No entanto, e mesmo sabendo que é cliché, a verdade é que a mudança depende em primeira instância de cada um de nós e quem não for capaz de sair do estigma da velhice triste e enfadonha, vai ter de aceitar os anos que restam e viver menos feliz, menos saudável e com menos prazer. Por isso, mesmo sendo fundamental esta estratégia formal, governamental e de interesse público, cada um tem mesmo de fazer por si e assumir a atitude que mais facilmente vai levar a uma vida saudável e feliz.
Sem querer reduzir a “salvação” à prática do exercício, mas sendo esta a minha área profissional pela qual sou apaixonada, a verdade é que o efeito do treino regular, orientado e na dosagem certa, é extremamente importante para que este processo de envelhecer saudável aconteça e em complemento com outras áreas de prática, nomeadamente com a alimentação, é claramente uma ferramenta para viver mais, viver melhor e envelhecer feliz.