Eu e a minha reforma | Entrevistas

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Eu e a minha reforma

07/09/2021 | Maria Amélia Cupertino de Miranda

A importância de prepararmos a nossa reforma Fonte: Unsplash A importância de prepararmos a nossa reforma Fonte: Unsplash

A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que assume a coesão social, a cultura e a educação como dimensões estruturantes da sua missão e dos seus projetos. Para conhecermos melhor o trabalho da Fundação e, em particular, o Projeto de educação financeira “Eu e a Minha Reforma” é nossa convidada a Dra. Maria Amélia Cupertino de Miranda, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda.

Impulso Positivo (IP): Desde 2010, que a Fundação tem vindo a abordar a educação financeira de forma consistente e continuada concebendo e implementando programas para diferentes públicos. Neste contexto, o que é o projeto “Eu e a Minha Reforma” e a quem se destina?

Maria Amélia Cupertino de Miranda (MACM): O projeto “Eu e a minha Reforma “é um projeto de educação financeira que se destina a pessoas com 55 ou mais anos, e que visa combater um problema social grave: o défice de literacia financeira da população sénior.

A iliteracia financeira é reconhecidamente um problema social que se agrava com o desenvolvimento dos mercados financeiros, a crescente complexidade dos produtos, serviços e instrumentos financeiros, o desenvolvimento tecnológico e digitalização/desmaterialização da economia, a evolução e o envelhecimento demográfico.  Inibe significativamente a qualidade de vida e o bem-estar de segmentos abrangentes e numerosos da população, como é o caso da população sénior, conduzindo-os a processos de empobrecimento, segregação e exclusão sociais.

O défice de literacia financeira da população sénior portuguesa  inibe, de facto, a qualidade de vida dos seniores, na medida em que fracos conhecimentos financeiros, comportamentos e atitudes financeiras imponderadas, baixos níveis de poupança, recurso ao crédito pouco prudente e a propensão a situações de fraude comprometem a boa gestão dos recursos financeiros disponíveis, para fazer face a despesas correntes (alimentação, saúde, habitação, ...) e inesperadas e assim assegurar níveis básicos de qualidade de vida na reforma e na velhice, face a uma esperança de vida cada vez maior.

Para além disto, afeta ainda o bem-estar dos cidadãos tanto do ponto de vista individual como coletivo, pois, por um lado, compromete a sua capacidade de tomar decisões pessoais adequadas às suas necessidades e recursos e, por outro, constitui uma ameaça para a sustentabilidade dos sistemas financeiros e económicos no seu todo, com implicações sociais negativas.

Os baixos níveis de escolaridade e o fraco nível de medidas que incentivem uma cultura de aprendizagem ao longo da vida, que respondam a múltiplas áreas como sejam a alfabetização, a aritmética, a literacia financeira, as competências digitais, etc. impactam negativamente na vida da população-alvo, limitando os seus conhecimentos e as suas capacidades de compreensão e apreensão de conceitos básicos, dificultando o acesso a serviços financeiros e  limitando um adequado planeamento do orçamento familiar e da poupança.

Desde logo, a iliteracia financeira impede os cidadãos de adotarem comportamentos financeiros adequados nas situações do dia-a-dia, comprometendo uma gestão equilibrada do orçamento familiar disponível, que já de si é muito reduzido. Recorde-se que os rendimentos são exíguos, 18,3% da população com 65 ou mais anos está em risco de pobreza, e face à idade, são prementes os custos com saúde (tratamentos, medicamentos), para além das despesas correntes (alimentação, habitação, higiene, vestuário e conforto térmico, …), cujas pequenas variações colocam em causa a capacidade de as pessoas fazerem face a essas necessidades.

Face a este cenário e com o agravamento do envelhecimento da população e a maior longevidade, torna-se premente uma boa gestão do orçamento e crucial o planeamento e gestão da reforma. A maior parte das pessoas revela estar pouco ou nada confiante no planeamento da reforma, prevendo que seja assegurada através dos regimes contributivos obrigatórios, o que face à escassez de recursos públicos e ao aumento da população em idade de reforma, originam dúvidas sobre a capacidade de o sistema público financiar adequadamente, em níveis que assegurem as necessidades básicas da população, uma vida condigna.

 

IP: Quais os principais objetivos deste programa?

MACM: Os principais objetivos deste programa são:

  • Cruzar a formação financeira com a capacitação digital
  • Disseminar a educação financeira
  • Ensinar a reconhecer a importância do orçamento como ferramenta de planeamento e gestão da situação financeira
  • Aprender a gerir o aspeto emocional das opções financeiras
  • Reconhecer a importância da poupança
  • Criar hábitos de prevenção de burlas
  • Capacitar para a utilização dos serviços financeiros digitais
  • Transferir informação essencial sobre o tema dos seguros

 

IP: De que forma é implementado este projeto? Ou seja, em que consistem os Laboratórios de Literacia Financeira?

MACM: “Eu e a Minha Reforma” inova pela capacidade e flexibilidade de resposta às necessidades e potencialidades da população sénior, e seus familiares, através de um programa diversificado, adaptado e ajustado quer à realidade da base territorial, quer às especificidades da população em concreto, assegurando a capilaridade territorial e a proximidade aos públicos, mediante a articulação estreita com entidades parceiras, autarquias locais e agentes do ecossistema de economia social.

Está a ser implementado em 6 municípios: Porto, Maia, Gaia, Valongo Santo Tirso e Matosinhos.

Trata-se de um projeto que se materializa através de um programa integrado e continuado, que disponibiliza uma oferta diversificada e qualificada de iniciativas direcionadas à especificidade do público-alvo, em resposta às suas características próprias, prevendo:

- A mobilização de recursos e parceiros nos territórios de intervenção abrangidos, para diagnóstico das características e perfis socioeconómicos do público-alvo, visando a customização e personalização da dinâmica de desenvolvimento de competências, mobilizando as organizações, equipamentos e recursos existentes nos territórios com critérios de capilaridade e proximidade;

- A conceção e produção de conteúdos e materiais facilitadores da aquisição de conhecimentos e de competências em suporte físico e digital;

 - Os Laboratórios de Literacia Financeira.

Estes constituem um programa de desenvolvimento de competências em contexto informal, com características teórico-práticas visando a melhoria de conhecimentos e atitudes financeiras, o aprofundamento de conhecimentos e capacidades na utilização dos serviços financeiros digitais, o apoio à inclusão financeira, o desenvolvimento de hábitos de poupança, a promoção do recurso responsável ao crédito, a criação de hábitos de precaução contra a fraude e o conhecimento sobre seguros.

Cada laboratório é constituído por 11 sessões com a duração média de 90 minutos e com o número máximo de 20 pessoas.

Integra:

 - Visitas gratuitas ao Museu do Papel Moeda, proporcionando a visitação às suas coleções, visando a promoção da aquisição de conhecimentos sobre os testemunhos da evolução económica, social e cultural do sistema fiduciário e financeiro em Portugal;

 - Dinâmicas de networking e partilha de experiências interpares, que proporcionam momentos de referenciação e aprendizagem mútua e aferição informal de conhecimentos;

 -  Iniciativas abertas de sensibilização e informação (Senior Summit e Fórum de Literacia Financeira), de partilha e debate, destinados à população sénior e público em geral, participação de representantes e agentes do sistema financeiro, reguladores, profissionais, técnicos, investigadores e académicos associados às temáticas da problemática social da iliteracia financeira, causas, efeitos pessoais e sociais, impactos e mudanças comportamentais e de atitudes, face a tendências, contextos demográficos, económico-sociais, políticos, tecnológicos;

-  Disponibilização da Linha de Apoio e de Suporte ao esclarecimento de dúvidas e questões e à prestação de informações simplificadas relativamente a componentes associadas à literacia financeira, conhecimentos, conceitos, apoio à compreensão de produtos e serviços e encaminhamento sobre como obter ajuda ou informações adicionais;

- Plano de comunicação de disseminação de boas práticas, incluindo uma campanha generalizada de informação e sensibilização da população sénior para a importância de uma adequada e esclarecida ponderação das questões e escolhas financeiras, ambicionando alcançar uma população mais vasta de forma extensiva;

 - Monitorização e avaliação de impacto com recurso a entidades externas independentes para o acompanhamento, monitorização, medição e avaliação da mudança e do impacto social gerado.

 

IP: Os Laboratórios de Educação Financeira vão decorrer de forma presencial ou online? 

MACM: Os Laboratórios de Literacia Financeira foram inicialmente pensados para decorrerem de forma presencial, mas devido à pandemia rapidamente foram adaptados para serem realizados on line, estando presentemente a decorrer via Teams.

Esperamos, a todo o momento, que possamos passar a realizá-los de forma presencial, embora seja de destacar algo de extraordinário e impensável antes da pandemia: pessoas com 55 ou mais anos, com enorme défice de literacia digital, foram rapidamente capacitadas e hoje usam o Teams com enorme agilidade e prazer!

 

IP: Como podem os interessados inscrever-se? 

MACM: A inscrição é gratuita e muito fácil de fazer. Os interessados devem preencher um formulário que está on line no site da Fundação – www.facm.pt.

Neste momento, estão abertas e aceitam-se  inscrições para vários grupos de vários municípios, a começar a 15 de Setembro:

  • 25º Grupo (Vila Nova de Gaia) - 15 de setembro a 20 de outubro de 2021

Sessões à 2ª e 4ª feira, das 10.00 às 11.30 | Inscreva-se AQUI

  • 26º Grupo (*) - 16 de setembro a 21 de outubro de 2021

Sessões à 4ª e 5ª feira, das 14.30 às 16.00 | Inscreva-se AQUI

  • 28º Grupo (Porto) - 13 de setembro a 29 de novembro de 2021

Sessões à 2ª feira, das 14.30 às 16.00 | Inscreva-se AQUI

  • 29º Grupo (*) - 16 de setembro a 26 de outubro de 2021

Sessões à 3ª e 5ª feira, das 10.00 às 11.30 | Inscreva-se AQUI

  • 30º Grupo (Maia) - 21 de setembro a 7 de dezembro de 2021

Sessões à 3ª feira, das 14.30 às 16.00 | Inscreva-se AQUI

(*) Estes grupos são para residentes nos seguintes Municípios: Maia, Matosinhos, Porto, Santo Tirso, Valongo e Vila Nova de Gaia.

Quem quiser saber mais, pode telefonar para a Fundação (22 6102289 ou 919458613). O site da Fundação e o Facebook têm sempre informação atualizada sobre o calendário do programa.

Há também a Newsletter “Eu e a Minha Reforma” que vai dando nota de atividades e novidades.

 

IP: Vivemos uma fase de enorme transformação. Já hoje, e de uma forma acentuada nas próximas décadas, teremos a população mais longeva de sempre e também a mais qualificada. Contudo, hoje o défice de literacia financeira e digital continuam a ser obstáculos para as pessoas com mais de 55 anos?

MACM: Sim, mais do que nunca.

Se duvidas houvesse, a pandemia encarregou-se de nos mostrar que eram necessárias duas coisas: cuidar da saúde e das finanças. O mundo viu-se mergulhado numa incomensurável depressão económica e financeira.

A capacitação financeira das pessoas é hoje reconhecidamente como sendo indispensável. Até há bem pouco tempo, o conhecimento financeiro não era valorizado como hoje, felizmente, é. O conhecimento financeiro muda atitudes e comportamentos e leva a que as pessoas tomem decisões corretas e seguras. Leva também ao desenvolvimento de competências na utilização de serviços financeiros, cria hábitos de precaução contra as burlas, desenvolve hábitos de poupança e promove o conhecimento sobre a temática dos seguros.

Nas palavras sábias da Prof. Anna Maria Lussardi “Na economia de hoje, a literacia financeira é tão importante como saber ler e escrever”.

IP: Numa sociedade em que a ciência e a tecnologia nos levam mais longe quase todos os dias, qual a importância da formação para a inclusão social?

A causas da exclusão social são múltiplas, mas o que não tenho dúvidas é que entre elas são três as principais: o envelhecimento, a exclusão financeira e a exclusão digital.

A Fundação Dr. António Cupertino de Miranda assume as práticas da filantropia estratégica, o que signigica que está focada em estudar e a encontrar respostas para problemas complexos. Assume os problemas sociais (neste caso a iliteracia financeira e o envelhecimento) como pontos de partida para a sua ação. E por outro lado, está muito comprometida com a inovação social.

A Fundação está consciente que há hoje um novo contexto social que tem novas exigências, novas necessidades e apresenta novos desafios para resolução dos problemas. Exige-se assim que a Fundação adote novas praticas, novos métodos e novos processos estruturais para conseguir dar respostas mais eficazes e duradouras do que as que tradicionalmente existem.

Por outras palavras, é necessário que se verifique uma co-evolução da mudança social e da inovação social.

 É este o ponto de partida para mais um novo programa, (é o caso do programa Eu e a minha Reforma), o qual apresenta criação de valor social positivo, pois apresenta uma solução nova e duradoura, na área da formação financeira dos mais velhos e na sua capacitação digital.

 Isto só acontece porque há um co-envolvimento das populações e é um processo colaborativo - tem como parceiros a Faculdade de Economia da Universidade do Porto, o Banco de Portugal, a Associação Portuguesa de Seguradores, a Price WaterhouseCoopers e os Municípios referidos: Porto, Maia Gaia, Valongo, Santo Tirso e Matosinhos.

Este projeto é apoiado pela EMPIS (Portugal Inovação Social) através do Fundo Social Europeu.

 

IP: A pandemia expôs um problema social muito grave. Vivemos numa sociedade em que o aumento da esperança de vida e a diminuição da natalidade criaram uma sociedade envelhecida, mas onde as pessoas mais velhas são muitas vezes socialmente excluídas e outras tantas vezes discriminadas. Quais os desafios que se colocam à promoção de uma sociedade para todas as idades?

MACM: O modelo de sociedade em que vivemos está hoje ultrapassado, exatamente porque o aumento da esperança de vida e a diminuição da natalidade criaram uma sociedade envelhecida, onde as pessoas mais velhas são excluídas.

Prevê-se que a situação se venha a agravar. Em 2019 as pessoas com 65 ou mais anos eram 2,3 milhões (cerca de 22%) e a projeção para 2030 é que sejam 26% da população portuguesa. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, Portugal é o quinto país da União Europeia com o índice de envelhecimento mais elevado.

Por outro lado, o 3º Inquérito à Literacia Financeira, publicado em 2021 pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, veio confirmar os inquéritos anteriores em que era constatado o défice de literacia financeira dos seniores, assinalando-os como sendo um grupo vulnerável.

Temos ainda a considerar um terceiro dado fornecido pelo Bareme Internet da  Marktest: só 26% dos seniores usam a Internet. E ao dizer isto, não sei precisar o que significa “usar” … Será navegar? Enviar emails? Saber procurar informação? O que sei é que revela que muitos seniores tem dificuldades com o uso da Internet.

Estes dados levam-me a reflexões inevitáveis: em primeiro lugar, à necessidade de políticas públicas sociais que promovam a inclusão dos mais velhos e por outro, à necessidade da conceção e promoção de programas bem estruturados, como é o caso do “Eu e a Minha Reforma”.

Um dos maiores desafios que se colocam à promoção de uma sociedade para todas as idades é a necessidade de conceber programas que criem a igualdade de oportunidades e a diminuição de assimetrias de informação, a promoção do envelhecimento ativo e bem-sucedido com atividade intelectual estimulante e outras dinâmicas sociais, como a socialização.

 

IP: Muitos especialistas na área do envelhecimento saudável e da longevidade dizem que “estamos a viver a revolução da longevidade”. Na sua opinião estamos prontos para esta revolução?  Aos 55 anos ainda é tempo de começar uma segunda vida ativa ou aos 65 anos de descobrir e explorar novos talentos?  

MACM: Claro que sim, é sempre tempo para começar uma segunda vida ativa. Quanto mais cedo melhor, mas em qualquer idade se vai a tempo. Temos a obrigação de nos prepararmos para envelhecer bem.

E porquê? Temos uma boa probabilidade de viver até aos 90 ou mais anos.

 As mulheres vivem mais, mas com menos qualidade, a partir de determinada idade. O envelhecimento é sobretudo feminino, por isso se diz que há uma feminização do envelhecimento, sobretudo a partir dos 75 anos.

Ora se vivemos mais, temos de nos preparar para viver bem.

E isso quer dizer o quê? Que é necessário cuidar da saúde e do dinheiro. Ora é exatamente isto o que o “Eu e Minha Reforma” ensina: aprender a gerir as nossas finanças pessoais.

Tudo mudou. Tudo o que sabíamos dantes, agora não nos serve mais. Temos de estar financeiramente muito mais informados. Temos de investir em nós.  É preciso não só adquirir conhecimento, mas mudar de atitude e de comportamento, portanto a formação financeira é indispensável.

Como somos muitos, o nosso comportamento vai ter impacto na economia do País. A maneira como gastamos o nosso dinheiro tem impactos na nossa carteira, mas o que é certo é que também tem inevitavelmente um enorme impacto na economia do País, no curto, no médio e no longo prazo. É por isso que já há quem fale numa “Silver Economy”.

Os mais velhos também têm, hoje, de assumir uma nova responsabilidade, temos de mudar de mentalidade – a nossa e a dos outros. Como consumidores, somos, de facto, um parte muito importante da economia.

Somos também a nova geração de “Influencers” – temos de ter a consciência que temos de influenciar outros a adquirir conhecimento financeiro, para depois tomar decisões corretas e informadas.

É por tudo isto que se fala na revolução da longevidade, que começa com um novo olhar sobre nós próprios.

 A Prof. Maria João Valente Rosa costuma dizer que não se deve olhar a vida pelo retrovisor. É isso mesmo, temos de querer olhar em frente, para o imenso tempo de vida que temos pela frente depois de começar a reforma, (provavelmente 1/3 da nossa vida) querer sempre aprender, estarmos ativos e ter uma vida que tenha um propósito.

Estar preparado para envelhecer é querer mudar de vida, mudar de comportamentos, ser financeiramente informado e  tecnologicamente competente, para ser cada vez mais dono de si próprio.

Quando mais cedo nos prepararmos melhor, mas nunca é tarde para começar!

 

Não perca também o nosso podcast com a Drª Maria Amélia Cupertino de Miranda sobre este projeto tão interessante como é "Eu e a minha Reforma". 

Porto, Setembro, 2021

Maria Amelia Cupertino de Miranda - Presidente do Conselho de Administração - Fundação Dr. António Cupertino de Miranda