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É simples, os comerciantes sabem como captar a nossa atenção como despoletar a ação de compra porque exploram e bem o que nos leva a fazer compras por impulso.
Bem, mas se eles sabem, nós também podemos saber e com isso tomar medidas que nos impeçam de continuar a ter este impacto negativo no nosso orçamento principalmente agora que a inflação está a subir.
Mas vamos por partes.
Se foi passear e viu numa montra uma peça de roupa à qual não conseguiu resistir e comprou, ou visitou um site online e comprou aquela saia de que gostou tanto. Então acabou de fazer uma compra por impulso.
Se foi ao supermercado e viu um produto que nem conhecia em promoção e colocou no seu carrinho, então acabou de fazer outra compra por impulso.
O mesmo se passa quando vai aos saldos ou no Black Friday e vê uma promoção incrível e compra sem pensar se precisa ou não.
Tudo elas foram compras por impulso, compras mais emocionais e menos racionais. São compras que fez para satisfazer o desejo que apareceu naquele mesmo instante. Ou seja, que fez por impulso.
São compras que muitas vezes depois de as fazer chegamos à conclusão que foi um desperdício de dinheiro, que nem precisávamos tanto delas. Mas a verdade é que já gastou o dinheiro e por isso o seu orçamento mensal ficou menor.
As compras por impulso podem ser desencadeadas por alguns fatores que lhes servem de gatilho:
O produto tem:
Mas também resultar de:
Comprar a preços baixos e com descontos são sempre uma forma de sentirmos que estamos a fazer um bom negócio com a compra que estamos a fazer, certo? Pois, é por isso que as lojas fazem promoções no ínício da estação e saldos no fim. Estão a aproveitar-se da sensação muitas vezes falsa de que estamos a fazer um bom negócio.
Já viu que os produtos em promoção estão na loja, na zona onde habitualmente passa? Pois essa é outra das estratégicas usadas pelos comerciantes, colocar os produtos que querem “despachar” na denominada “zona quente da loja”. São produtos que vê quando passa e pega por impulso antes de chegar à caixa de pagamento.
Outra das estratégias de venda é criada pelo sentido de urgência, cartaz com a mensagem “preço imbatível só hoje”, ou “liquidação hoje” levam a compras por impulso com receio de perder a promoção. Mas lembre-se esta é mais uma estratégia de venda.
De facto, assim é. Usamos cada vez mais a internet e a nossa presença nas redes sociais diariamente é cada vez maior.
E já reparou na quantidade de anúncios que lhe aparecem quando está numa rede social com ofertas de produtos que até se enquadra no seus nossos gostos pessoais. Claro que não existem coincidências. As empresas fazem uso de algoritmos para conhecer os seus interesses. Depois é fácil mostrar-lhe algo que até gostaria de comprar.
E esses estímulos ao consumo que nos rodeiam levam a compras por impulso, que até ficam só à distância de um clique.
Agora que já sabe o que são compras por impulso, o que as motiva e como se aproveitam os comerciantes delas para o levar a comprar, chegou a altura de lhes pagar na mesma moeda.
Se essa informação serve para o incentivar a comprar, também serve para si para poder encontrar estratégias para evitar essas mesmas compras.
Essa é uma das medidas eficazes na compras físicas. Ao pagar as suas compras com dinheiro vê realmente o dinheiro que está a gastar o que é um fator desmotivador da compra.
Por outro lado, se pagar com o cartão de débito não terá logo a noção do impacto nos eu orçamento. E se pagar com cartão de crédito, só quando chegar o extrato para pagar terá noção do verdadeiro “estrago” nas sua finanças.
Assim, se for dar uma volta às lojas leve dinheiro. Verá que não fará compras por impulso.
Faça a lista do que precisa e compre só o que estiver na lista. Lembre-se que os produtos apelativos estão no caminho da caixa ou em zonas onde irá decerto passar. Mas se não estão na sua lista não compre. Lembre-se que a sua disposição faz parte da estratégia para o incentivar a comprar.
Lembre-se que as compras por impulso têm por base a emoção e não a lógica. De facto, se parasse para pensar teria feito a compra? Se calhar não e é aqui que entra a regra das 72 horas que tem vindo a ser cada vez mais usada como estratégia para evitar as compras por impulso.
A regra das 72 horas assenta em fixar um período de tempo para dar tempo que no nosso cérebro a lógica se sobreponha à emoção.
A regra, como dissemos tem a premissa de que 72 horas é o tempo necessário para que o nosso cérebro passe de um estado emocional para um estado racional.
Nesse período terá de realizar três ações: parar, esperar e pensar e por fim reavaliar. Só depois se segue a decisão de comprar ou não comprar.
Está numa rede social ou na internet e vê um anúncio de um produto que lhe chama a atenção e a sua primeira reação é comprar de imediato.
É a altura certa para pôr em prática a regra das 72 horas:
Não faça de imediato a compra. Guarde o produto nos seus favoritos ou coloque numa lista de produtos que gostaria de comprar. Não se esqueça de registar o preço do produto.
Nas 72 horas seguintes irá fazer os seguinte:
Depois de ter feito toda a análise anterior chegou a hora de reavaliar a decisão da compra.
Continua a querer fazer a compra? Se tem necessidade do produto (ou mesmo a vontade) e esta não afeta o seu orçamento então compre.
Mas se tiver de recorrer a crédito, ou se mantém dúvidas pense bem, talvez a melhor decisão será não comprar.
Nas 72 horas que impôs a si mesmo antes de finalizar a compra o seu cérebro teve tempo de reconhecer a diferença entre desejo e necessidade. Ou seja, teve de transformar o impulso em lógica.
Não significa que não deve comprar, significa que ao decidir comprar está a tomar uma decisão racional e não emocional. É apenas um pequeno intervalo de tempo que pode fazer toda a diferença no seu orçamento.
Sobre a autora: Paula Landeiro - economista - Artigo original publicado no site Doutor Finanças