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Na verdade, o grande mote da passagem do tempo, deverá ser olhar para o mesmo com positividade e capacidade de auto-percepção. Muitas vezes é possível olhar para trás e modificar rotinas, hábitos ou aspetos da nossa vida interior, tendo em vista uma vida mais plena e com sentido. Podemos dizer que envelhecer faz parte da vida, mas obter sabedoria para lidar com os desafios, faz parte de uma condição humana mais digna e feliz. Este é um Guia que pretende orientar um envelhecimento ativo e positivo, mas que se adequa a qualquer idade – pois nunca é tarde (ou cedo demais) para preparar um futuro cheio de plenitude e bem-estar.
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Podemos definir alguns eixos centrais que fazem parte de uma conceção de “Envelhecimento Ativo e Positivo”. Estes eixos, que funcionam como princípios gerais, serão abordados de forma consistente ao longo deste guia. No entanto, podemos já ter uma perceção bastante ampla daquilo que contribui significativamente para um bem-estar durante o envelhecimento
Não existem dúvidas que um estilo de vida saudável irá contribuir fortemente para um envelhecimento ativo. Isto significa, dotar as nossas vidas de rotinas que contribuem para uma boa saúde física e emocional. Manter um estilo de vida saudável não é uma meta, mas sim um caminho. É possível ir adequando alguns conjuntos de regras ou bons hábitos, à medida que vamos passando por diferentes fases de vida.
Podemos dizer que o autoconhecimento é a chave para a manutenção de um envelhecimento ativo e positivo. Sabermos antecipar reações emocionais ou biológicas, dá-nos a possibilidade de jogar da melhor forma possível com os recursos que existem à nossa volta. Se no instante é possível prever aquilo que possa ser um obstáculo interior, existirá sempre uma forma de trabalhar este obstáculo e torná-lo como fazendo parte de um caminho pessoal.
Por vezes, até uma limitação pessoal poderá levar-nos a ferramentas de autocuidado que nos permitem chegar às nossas potencialidades. Isto significa, pegar numa característica positiva a nível pessoal ou diário, e torna-la ainda mais fulcral na manutenção de um estilo de vida ativo. Na nossa vida existe uma balança onde as nossas potencialidades irão sempre superar limitações ou perdas.
Envelhecer é saber aceitar as perdas. Não só as perdas humanas, mas também o declínio físico, psicológico ou ambiental. Porém, a impossibilidade de vivermos como vivíamos no passado, não tem de ser algo penoso – muito provavelmente só gostaríamos de voltar atrás “se soubéssemos o que sabemos hoje”. Aceitarmos perdas é um processo interior difícil, que envolve muitas vezes o luto; mas que quando superado, nos torna mais fortes e capazes de viver o momento presente.
Mais do que olhar para aquilo que poderá ser uma falha, temos de olhar para os aspetos positivos da nossa vida diária, personalidade, qualidades físicas… As capacidades que temos devem ser exploradas de modo a susterem o nosso papel em sociedade. Talvez possam existir limitações, mas a nossa capacidade emocional para valorizarmos os nossos melhores tributos, irá ser determinante para superar adversidades.
Como já sabemos, um estilo de vida saudável irá contribuir para um envelhecimento ativo e positivo. Mas o que significa ao certo manter um estilo de vida saudável? E até mesmo, como podemos criar novas rotinas que nos levarão a um envelhecimento bem-sucedido. São diversos os fatores a ter em conta e entre eles estão:
Como já sabemos “nós somos aquilo que comemos” e esta é uma máxima que faz parte da vida de todos os indivíduos (independentemente da idade que tenham). No entanto, estudos dizem que este é o melhor momento para ingerir alimentos ricos em ómega 3 (peixe e oleaginosas) – benéficos para o cérebro e coração. Este também é o momento para cortar no sal e açúcar, tanto um como o outro podem levar a doenças crónicas (como é o caso dos diabetes). Deve-se apostar também no ferro, que está presente naturalmente em leguminosas e cereais integrais.
A atividade física deve ser um momento de prazer e satisfação pessoal. No entanto, são muitas as pessoas que não têm este hábito – pelo que começar uma atividade física moderada poderá ser um pouco mais problemático. A melhor forma de contornar esta limitação é recorrendo a atividades físicas onde tenha um professor ou treinador. Para além de lhe dar motivação, irá também ajudá-lo a realizar os exercícios necessários em total segurança.
Este é dos vícios mais difíceis de superar, mas uma vida sem tabaco pode significar mais e melhores anos de vitalidade. De momento, já existem diversas opções medicamentosas para quem quer deixar de fumar; assim como terapias a nível psicológico que permitem contornar o “vazio” deixado pelos cigarros. Em Portugal é possível pedir uma consulta de cessação tabágica, onde poderá informar-se junto de um médico quais as opções disponíveis para deixar de fumar.
Manter uma rotina para um estilo de vida saudável, inclui também continuar a realizar pequenas atividades da vida diária, como por exemplo: cozinhar, ir às compras, tratar da limpeza da casa ou regar as plantas. Por este motivo, é essencial num estilo de vida saudável que se incluam estas pequenas atividades na rotina diária. Elas poderão ajudar a manter um senso de autonomia e capacidade funcional.
Uma das ferramentas geriátricas que tendem a funcionar melhor, situam-se na dimensão de uma medicina preventiva. Esta poderá socorrer-se de modelos ou técnicas visam aumentar a possibilidade de prevenir doença fisiológica ou emocional. Por outro lado, também engloba a capacidade da comunidade/sociedade poder ter recursos que ajudem na prevenção dos tipos de doença mais associados ao envelhecimento.
Como sabemos, as lesões são das formas de doença que mais atinge a população idosa. Neste sentido, existem forma de prevenir que as lesões aconteçam, devolvendo a capacidade de orientação ou de mobilidade no individuo. Esta prevenção pode fazer-se tendo como recurso alguns tipos de exercício físico, sendo que o Tai Chi é aquele que é mais aconselhado na prevenção de lesões. Este desporto permite trabalhar o equilíbrio e a força muscular, de uma forma calma e que proporciona também o bem-estar mental.
Está provado que a gripe, na população mais envelhecida, pode ter consequências piores; levando a doenças como a pneumonia ou doenças cerebrovasculares. O próprio estado gripal pode ser sentido com maior força, o que também pode levar a internamentos hospitalares. Por estes motivos, é importante que todos os anos seja feita a vacina da gripe, como forma de prevenção medicinal.
São diversos os recursos existentes na comunidade que funcionam como medidas preventivas para a saúde da população idosa. Neste caso, podemos falar dos diversos tipos de cuidados ao domicílio que existem e que evitam internamentos hospitalares. Por outro lado, existem associações e organismos que possibilitam convívios, turismo sénior, voluntários na área da geriatria… Estas são medidas preventivas com enfoque na qualidade de vida e no envelhecimento ativo.
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Já falámos anteriormente sobre a perda, enquanto processo natural de envelhecimento. No entanto, temos de discernir que as perdas enfrentadas ao nível da vida humana nos podem conduzir a diferentes estados de luto. O que parece ser consensual entre os estudos em geriatria é que muitas vezes aquilo que se define como um modo de tristeza permanente (e que parece ser natural na idade), pode ser muitas vezes um sinal de desequilíbrio psicológico. Assim, percebe-se que os momentos de perda muitas vezes podem desencadear doenças afetivas como a depressão.
Termos auto-percepção significa reconhecer o que poderá ser um estado “normal” ou “patológico”. Determinadas características de personalidade poderão ter como consequência uma pobre regulação emocional – durante a vida adulta podemos até reconhecer qual será a predisposição para doenças emocionais que se desenvolvem mais tarde, durante o envelhecimento. Por este motivo, é necessário estar especialmente preparado para entender que a vida não tem de ser vivida com tristeza ou desânimo – achar que estes estados emocionais fazem parte do envelhecimento, é um dos mitos mais incoerentes acerca do mesmo.
Está realmente provado que intervenções psicológicas (sejam elas de caracter psicanalítico, cognitivo-comportamental, interpessoal…), têm uma grande influência no tratamento da depressão. É possível viver sem tristeza, mesmo que esta seja considerada uma “Depressão minor”. Procurar ajuda neste sentido, está ao alcance de qualquer um e permite-nos viver de forma plena e harmoniosa.
Sabe-se que quanto mais o individuo se encontra envolvido e integrado na sua comunidade/sociedade, mais este irá retirar frutos para a sua própria vida. A partir de um dado momento de vida, em que se entra na reforma ou se deixam atividades que costumavam preencher os nossos dias, podemos optar por atividades como voltar a estudar ou fazer voluntariado. Esta forma de envolvimento social irá melhorar a regulação do humor e também manter as nossas funções cognitivas em bom estado.
O que será determinante para um bem-estar psicológico durante o envelhecimento? Como já sabemos, existem certos eixos que definem um envelhecimento ativo e positivo. No entanto, já sabemos que muitas vezes o “mindset” pode ser tudo e definir o sucesso das nossas vidas (mesmo que existam outras limitações ao nível físico). O bem-estar psicológico é possível de ser encontrado e melhorado, tendo em conta as seguintes conceções que fazem parte de uma vida plena.
Devemos sempre olhar para as nossas vidas com o filtro da objetividade. Pode ser que tenham acontecido algumas perdas ou que existam limitações ao nível da saúde; mas não devemos esquecer que enquanto formos capazes de prestar ajuda familiar, manter a casa arrumada ou até mesmo ser capaz de participar em programas de voluntariado – somos, na verdade, autónomos. Esta autonomia deve ser vista como uma das capacidades que temos e que nos trazem bem-estar, pelo que deve ser valorizada todos os dias.
Mantermos laços afetivos com amigos, família, companheiro/as… é a melhor forma de saborear tudo aquilo que a vida tem para nos oferecer. Muitas das coisas boas que temos só fazem sentido se as pudermos partilhar com os outros, por isso é sempre bom criar e manter relações positivas. Este também é o momento de viver as relações com plenitude, sabendo deixar aquelas que são tóxicas ou que não nos trazem felicidade.
Pensar que se chega a uma determinada idade e já se alcançou tudo aquilo que se pretendia, é uma ilusão. Existem sempre objetivos de vida, seja em que idade for. Podem ser tão simples quanto ajudar a cuidar dos netos, como tirar uma licenciatura na universidade. A verdade é que possuir objetivos de vida permite-nos manter uma atitude positiva e voltada para o futuro.
O crescimento pessoal pode surgir de muitas formas; desde realizar um sonho há muito desejado, começar uma psicoterapia ou entender melhor a humanidade através da filosofia ou religião. Para crescer pessoalmente, basta apenas estarmos atentos ao mundo que nos rodeia e tentarmos evoluir com o mesmo.
Como já sabemos, o reconhecimento de características individuais é fulcral para um envelhecimento ativo e positivo; mas aceitar estas mesmas características em momentos menos bons ou tentar compreender as nossas limitações, são o primeiro passo para nos aceitarmos a nós próprios. A verdade, é que não vale a pena ser ninguém diferente, talvez apenas aprendermos a estar em contacto com aquilo que somos realmente.