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A população sénior representa uma franja cada vez maior da população. «São pessoas que vivem mais anos e procuram viver esses anos com mais qualidade. O que exige, desde logo, uma resposta ao nível da habitação», sublinhou Stella Bettencourt da Câmara, professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, e que falava no dia 24 de novembro, no âmbito da IX edição da Semana da Reabilitação Urbana do Porto.
Com efeito, em Portugal, os denominados lares para a terceira idade continuam a dominar o mercado comparativamente à oferta existente de senior living. Contudo, esta parece uma realidade em mudança com a entrada no mercado de operadores privados, altamente especializados e que pretendem expandir a sua atividade a nível internacional e conquistar quota de mercado.
Na opinião de Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL, que falava durante a apresentação do estudo ‘Portuguese Senior living Market’, «as residências seniores em Portugal deverão crescer bastante enquanto alvo de investimento nos próximos anos».
Em termos de investimento, no primeiro semestre deste ano, entre produto concluído e novos projetos, «foram alocados 65,5 milhões de euros a este segmento». De acordo com os números apresentados pela JLL, desde 2018 foram investidos 185 milhões de euros neste tipo de ativos no nosso país, dos quais 63% foram direcionados para a aquisição de imóveis já em operação e outros 37% em projetos em desenvolvimento.
Quanto à distribuição geográfica, Joana Fonseca revelou que «o distrito de Lisboa recebeu a esmagadora fatia deste investimento, cerca de 67%, seguido pelos distritos de Faro e do Porto».
Considerando que o envelhecimento da população acontecerá num quadro em que a esperança média de vida também aumentará, a necessidade e o interesse pelo segmento de senior living também continuará a crescer. A JLL estima que sejam necessárias mais 17.000 camas até 2025 para atingir a cobertura de 5% definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na opinião de António Tavares, Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, «é evidente que não há capacidade de institucionalizar toda a população envelhecida», acrescentando que «nem esse é o desejo da maioria das pessoas». Com efeito, «envelhecer em casa e na comunidade é positivo», referiu. E para isso soluções de habitação partilhada tais como o co-living «são opções com futuro. A par, necessariamente, em muito casos, de soluções que passam por um grande apoio domiciliário», sublinhou.
O forte desequilíbrio entre oferta existente e a procura, em contínuo crescimento, não passa despercebido aos investidores privados que reconhecem que «há muito potencial neste mercado», sublinhou António Rodrigues da Silva, CEO do Grupo BF. A par da «procura crescente, nacional e internacional» referiu António Rodrigues da Silva «há, do lado da oferta, um mercado fragmentado e pouco profissional». Pelo que «o senior living tem potencial e há até uma cerca pressão internacional para a aquisição de ativos em Portugal».
Na mesma linha também o Grupo Orpea reafirma a aposta no mercado nacional e assume que o seu objetivo é «ter mais 3 300 camas nos próximos anos» contou Rita Fortuna, Responsável de Desenvolvimento da Orpea.
Uma oferta que se deseja variada, com diferentes formatos, preparada para responder a todas as necessidades da procura. «Senior resorts, senior villages, residências seniores são todos formatos válidos e interessantes consoante a localização geográfica e que vão permitir responder aos diferentes públicos e diferentes necessidades», sublinhou Hugo Gonçalves Pereira, Board Member da Uhub.
Fonte: REPortugal