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Lazer e turismo são motores do envelhecimento ativo e positivo

24/04/2018 | Bernardo Trindade, administrador da Portobay Hotels & Resorts e ex-secretário de Estado do Turismo

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O panorama demográfico mundial e nacional mudou e o aumento da esperança média de vida determinou obrigatoriamente um aumento da longevidade da população. Os 50+ são hoje um segmento da população com um estilo de vida muito ativo. Têm mais tempo livre, melhores condições socioeconómicas, em geral, e um enorme gosto pelo lazer e pelas viagens.

As atividades turísticas e de lazer contribuem para um envelhecimento ativo e saudável, combatem o isolamento e promovem o bem-estar físico e psíquico. O turismo é, sem dúvida, um instrumento de integração social, de acesso à cultura e comunicação com os outros.

Sendo um segmento com enorme relevância e potencial, os 50+ nem sempre têm merecido a atenção devida por parte dos decisores políticos e da indústria turística, tendo um peso significativo no turismo interno. Deve, portanto, ser considerado uma aposta em termos de investimento por parte do mercado turístico.

Este governo relançou, em 2018, o programa turismo para este segmento, suspenso durante vários anos. Agora designado como Inatel 55+.PT, o programa pretende promover a inclusão social e o contacto intergeracional, impulsionando simultaneamente a atividades turística no interior do país e o combate à desertificação e sazonalidade.

Potenciar o envelhecimento ativo e saudável, promover uma oferta regular de atividades culturais e democratizar o acesso a atividades de turismo e lazer, são alguns dos objetivos deste programa, que abrange 95 viagens, 4700 beneficiários e 23 250 noites.

 

Turismo de bem-estar também deve ser potenciado

Associado ao turismo para a população dos 50+, o turismo médico e de saúde e bem-estar cresceu exponencialmente nos últimos anos, adquirindo enorme relevância na maior parte dos destinos turísticos. Importa compreender bem este segmento e aproveitar o mundo de oportunidades que oferece, numa perspetiva económica, mas também social.

Portugal tem condições únicas para desenvolver este produto turístico! Uma riqueza hidrológica fantástica e um parque termal que conta com 46 unidades, concentradas na região norte e centro do país. Importa efetuar ainda algum trabalho, com um investimento sério em algumas unidades termais e a aposta na internacionalização e promoção conjunta destes destinos. Estes devem ser vendidos com uma abordagem integrada de experiência de saúde e bem-estar, gastronómica e cultural.

O mercado europeu de termalismo representa mais de 750 mil empregos, é responsável por 200 milhões de dormidas turísticas e gera receitas na ordem dos 45 mil milhões de euros. Estes números dão que pensar!

De saudar a reposição das comparticipações do Estado nos tratamentos termais no Serviço Nacional de Saúde que, acompanhado da sensibilização da classe médica para os benefícios das terapêuticas termais, impulsionará certamente a revitalização das termas e das respetivas localidades, pelo consumo de bens e serviços diversos como a hotelaria, restauração, comércio e serviços de lazer.

Importa ainda reforçar a necessidade de investigação associada à atividade termal e aos benefícios das termas para a saúde. O alargamento do conhecimento sobre esta atividade possibilitará a construção de produtos turísticos cada vez mais qualificados e diferenciadores.

É essencial incentivar políticas focadas na disponibilização de condições, experiências e serviços necessários à população 50+, manutenção da sua qualidade de vida e promoção de um envelhecimento ativo e saudável. Construindo simultaneamente um produto turístico competitivo e reforçando a visibilidade de Portugal como destino de turismo sénior e de turismo saúde e bem-estar.

O processo de envelhecimento faz parte do ciclo natural da vida, mas melhor se o pudermos percorrer com qualidade e alegria. E o turismo para isso, seguramente contribuirá!