Medicina de reabilitação: «na primeira linha das políticas de envelhecimento saudável» | Saúde e Bem Estar

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Medicina de reabilitação: «na primeira linha das políticas de envelhecimento saudável»

11/03/2021 | Fernanda Cerqueira

A reabilitação pode ser uma forte aliada da nossa longevidade. FOTO UNSPLASH A reabilitação pode ser uma forte aliada da nossa longevidade. FOTO UNSPLASH

A progressiva melhoria dos cuidados de saúde prestados à população e um maior conhecimento sobre o envelhecimento e, em particular, sobre as doenças associadas ao envelhecimento apelam cada vez mais à intervenção da reabilitação. Numa estratégia de saúde que procura maximizar as capacidades funcionais das pessoas, nomeadamente, quando essas capacidades são ameaçadas, seja pelo processo de envelhecimento, seja por uma lesão ou doença.

Na opinião do professor Jorge Torgal, da Escola Superior de Saúde do Alcoitão, «a reabilitação é uma chave para concretizar o potencial de melhoria da saúde no envelhecimento». Porque «embora os estilos de vida saudáveis possam prevenir ou retardar o aparecimento das doenças crónicas», a reabilitação permitirá «otimizar as funções da pessoa à luz da doença ou das incapacidades existentes», explicou. E acrescentou que «a reabilitação quer não só otimizar a capacidade própria, intrínseca de uma pessoa, mas também a sua capacidade de interação com a sociedade e com o ambiente».

Em geral «a reabilitação começa com a avaliação das funcionalidades das pessoas face à situação clínica que apresentam e também à sua situação de vida, à sua condição económica, aos seus aspetos psicológicos, assim como às facilidades e barreiras sociais e ambientais que limitam o seu dia a dia». Feito este diagnóstico, as intervenções podem ser desenhas e definidas, sendo normalmente multidisciplinares, com múltiplas ações e múltiplos agentes. «Esta equipa, usualmente, envolve a fisioterapia, a terapia ocupacional e, dependendo das condições de saúde e das necessidades de cuidados, envolve muitas vezes psicólogos, neuropsicólogos, terapeutas da fala, profissionais de ação social. É esta equipa que vai definir os objetivos de reabilitação, em conjunto com o doente, com a sua família e com outros que sejam significativos para o doente».

As intervenções desta equipa vão incluir «medidas de adaptação, exercícios, atividade física e terapêutica e incluem também a educação, o que é bastante importante para assegurar que o doente é um parceiro na sua reabilitação».

«Hoje há uma evidência forte de que as intervenções da reabilitação são muito efetivas e melhoram dramaticamente a situação clínica dos doentes»

 A par da melhoria da condição de saúde, há também importantes benefícios económicos associados, isto porque, a maior autonomia ou a redução da dependência da pessoa tem implicações económicas.

Também numa perspetiva de direitos humanos, o professor Jorge Torgal destaca a importância da reabilitação, dizendo que «a sociedade tem a obrigação de conseguir a inclusão social das populações idosas». «No tocante a direitos humanos, para a sociedade a questão central deve ser como conseguir que uma população idosa com incapacidades tenha oportunidades para viver uma vida plena com todos os seus direitos e com todas as suas possibilidades cumpridas. É precisamente através da reabilitação que se pode conseguir este aumento da capacidade funcional e fazer com que as pessoas possam atingir até aí níveis de ação inexplorados permitindo assim uma maior vida e uma maior atividade na sociedade e no dia-a-dia».  

A concluir o professor Jorge Torgal reafirmou que «como estratégia de saúde a reabilitação é fundamental para dar resposta aos desafios que a sociedade traz». E é por isso que acredita que «as questões relacionadas com a reabilitação (a fisioterapia, a terapia ocupacional, a terapia da fala) são áreas de trabalho com uma imensa responsabilidade social, com uma enorme procura no futuro e com uma possibilidade de satisfação pessoal para aqueles que nelas trabalham. Possibilitando que cada um cumpra não só uma função especifica para um doente, mas cumpra também uma função da maior relevância para que a sociedade seja mais social e mais inclusiva».

3ª Edição do Simpósio Interações – Uma Sociedade para Todas as Idades

Jorge Torgal, professor da Escola Superior de Saúde do Alcoitão; Pedro Pinto de Jesus, da GEBALIS; Catarina Teles de Araújo, do Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão; e Maria Jesus Rodrigues, do Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão foram os oradores convidados da sessão ‘De volta a casa: abordagem integrada à mobilidade’ moderada por Mário Rui André, Diretor da Unidade de Missão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Uma sessão integrada na 3ª Edição do Simpósio Interações – Uma Sociedade para Todas as Idades, organizado pela Unidade de Missão ‘Lisboa Cidade de Todas as Idades’ da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Esta foi a sexta sessão de um conjunto de 16 sessões, todas gratuitas e com transmissão online, sempre às quartas-feiras, com início às 14h30.

Saiba mais AQUI sobre esta iniciativa. E não deixe de ver ou rever a sessão completa no canal do Youtube da SCML.

Não deixe de ler o nosso artigo «Ser mais velho é uma mais-valia» em que contamos mais sobre a participação do professor Jorge Torgal, no Simpósio InterAções.