MONTEPIO Inovar há 170 anos | Entrevistas

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MONTEPIO Inovar há 170 anos

27/11/2018 |

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A Caixa Económica Montepio Geral existe há mais de 170 anos. Um exemplo claro de envelhecimento ativo. Foram muitos os desafios e os projetos desenvolvidos. Como avalia o caminho percorrido até aqui?

A Caixa Económica Montepio Geral nasceu há 174 anos e conta com uma história longa de proximidade junto dos portugueses. É um banco que se orgulha da génese mutualista e da ligação à economia social, tendo sido capaz de inovar, de se adaptar, de se reinventar e de olhar para o futuro, mantendo os valores de sempre.

Inicialmente focada nas famílias, através do incentivo à poupança e na previdência, como forma de garantir um futuro digno, mais tarde, a instituição reforça o seu papel no apoio ao crédito habitação, numa altura em que poucas eram as instituições autorizadas para tal. A oferta de soluções de poupança para as mais variadas fases da vida dos seus clientes reforçou desde sempre o constante empenho numa gestão eficiente dos recursos que cada cliente confiava ao banco.

O Montepio é igualmente um exemplo de modernidade e inovação. Fomos o primeiro banco a disponibilizar uma rede própria de Caixas Automáticos, a Chave 24, que permitia externalizar um conjunto de operações – que até aí estavam confinadas aos balcões – dando assim maior liberdade aos seus clientes. Fomos igualmente um dos primeiros bancos a disponibilizar o serviço de homebanking, garantindo proximidade e autonomia.

Com o desenvolvimento da economia e da própria sociedade, o banco foi acompanhando as empresas nacionais, principalmente as PME e as microempresas, que compõem maioritariamente o tecido empresarial em Portugal, e foi afirmando o seu papel cada vez mais relevante no setor da economia social.

E porque acompanhamos a sociedade e a sua evolução, acompanhamos também as manifestações de empreendedorismo e, muito em particular, quem quer contribuir com ideias inovadoras para “velhos” problemas sociais. O empreendedorismo e inovação social é hoje um ecossistema relevante e de olhos no futuro, que procura resolver desafios sociais de forma disruptiva e com recurso à tecnologia e ao que esta tem de melhor para o mundo atual.

É com satisfação que nos assumimos como um banco português independente, cada vez mais perto dos portugueses: famílias, empresas e instituições da economia social, onde quer que estejam. Uma instituição onde tradição e inovação coabitam em harmonia perfeita, guardando os valores de sempre. Lá está, os valores crescem consigo.

O nosso tema de capa é “Como obter rendimento e ocupação”. Começava por uma afirmação: “Portugal continua a ser um dos países com menores índices de poupança da OCDE.” Concorda?

Portugal e os portugueses têm vindo a lutar com um conjunto de constrangimentos que contribuem para baixos índices de poupança. Desde logo um passado com uma taxa de analfabetismo elevada, um abandono escolar precoce que inevitavelmente conduziu a uma força de trabalho pouco qualificada, logo com baixos rendimentos. Portugal possui a distribuição de rendimentos mais desigual da Europa e a crise económica recente contribuiu grandemente para o aumento do desemprego, da desigualdade e da pobreza.

Este ambiente em nada favorece a poupança, mas ainda assim é preciso alertar a população para a necessidade de poupar. A educação financeira, a consciência de que com pouco se faz muito, a capacidade de planear uma poupança (se todos os meses colocarmos de parte 10% dos rendimentos, no final do ano a poupança terá crescido), têm sido alvo da atenção da CEMG através de projetos de educação financeira (como o portal Ei – Educação e Informação da Associação Mutualista Montepio), ou uma oferta de soluções de poupança ajustadas a qualquer “carteira” ou até a mais recente novidade – o Mealheiro Digital, uma nova forma de poupar, simples e flexível, para cada um poupar ao seu ritmo e com um objetivo específico (seja para a educação dos mais novos, para umas merecidas férias ou para comprar um bem essencial). Preocupamo-nos ainda com o desenvolvimento de soluções que permitam aos nossos clientes obter mais vantagens, a custos reduzidos, uma outra forma de preocupação com a poupança, de que é exemplo a Solução 15 em 1 | Serviço Máximo – 15 vantagens numa só Conta.

Por último, acreditamos que os índices de poupança vão aumentar, acompanhando o crescimento económico, e esta é a razão por que procuramos soluções de poupança diferenciadas e atrativas que possam servir os vários tipos de clientes e as suas necessidades.

Com o envelhecimento da população, poder-se-á tornar insustentável manter o atual sistema das reformas. Que conselhos dá às pessoas ainda no ativo, para se prepararem para os desafios financeiros no período da reforma, neste clima de incerteza?

É necessário ter a consciência de que nenhum de nós idealiza uma reforma igual à dos nossos avós, ou até dos nossos pais. Hoje em dia a reforma é encarada como uma nova fase para aproveitar a vida, para contribuir para a sociedade, para conhecer o mundo, para apreciar a cultura, para estudar e para viver a família. E tudo isto só será possível com um planeamento da reforma consciente e consistente. Podem começar já pela criação de um Mealheiro Digital! E poupar para esse objetivo, com um plano de aumentos programado.

É preciso poupar para o futuro, de forma a anular eventuais perdas de rendimento, fazer face a imprevistos e a incertezas como o futuro da Segurança Social, e de forma a assegurar a possibilidade de concretizar tudo o que se pretende, com qualidade e dignidade. Poupar sem grande esforço só é possível se o fizermos ao longo da vida, por isso planear a reforma na vida ativa é essencial e os nossos clientes podem contar com várias soluções, desde Planos de Poupança Reforma, Depósitos a Prazo, Fundos de Investimento (para os mais ousados), Seguros de Capitalização, ou os produtos de poupança e proteção da Associação Mutualista Montepio.

Na sua opinião, idealmente, com que idade deveríamos começar a preocupar-nos com a nossa reforma?

Quanto mais cedo, melhor. A idade ideal acaba sempre por depender da disponibilidade financeira de cada um. Há pessoas para quem o ato de poupar é uma forma de estar na vida, há outras que poupam porque desde sempre viveram num ambiente familiar onde a poupança era “obrigatória” e outras ainda que têm de experienciar um determinado momento que serve como gatilho para a poupança (por exemplo, o nascimento de um filho).

Acima de tudo é preciso ter consciência de que na sociedade atual, aos 50 e aos 60 anos somos “jovens” e queremos viver de forma digna, dinâmica, confiante e satisfatória. E isto só será possível com rendimentos e poupança arrecadada. A esperança de vida tem vindo a aumentar (estudos recentes indicam que a esperança média de vida dos portugueses vai aumentar dez anos até 2080), a evolução da medicina e da tecnologia aplicada à saúde, bem como dos cuidados médicos, permite a longevidade (os entendidos estimam que o ser humano possa viver, naturalmente, até aos 115 anos). Logo, uma reforma “à antiga” não nos servirá, porque a evolução, os estímulos, a tecnologia, os desafios e as vontades serão outros.

Na vossa ótica, a experiência e conhecimento dos investidores são um fator determinante para o acesso aos vários produtos financeiros? A CEMG adequa a sua oferta às diferentes classes que daqui decorrem? Promover sessões de literacia financeira, adequar a oferta ou ambas? 

A escolaridade e a qualificação são essenciais para uma vida financeira informada e orientada a cada fase, desafio ou objetivo. Mas o mais relevante é ter consciência do perfil de investidor de cada um (sou conservador ou não me importo de arriscar? Arriscar muito ou pouco?). São vários os produtos financeiros disponíveis e conhecer cada um, os seus objetivos e o perfil de risco em que se enquadram é essencial para saber em consciência onde aplicar os rendimentos e as poupanças. Conhecer os produtos é a chave para uma vida financeira informada, ler e compreender todas as condições, conhecer as implicações e questionar para dissipar qualquer dúvida são condições essenciais para investir da melhor forma.

A literacia financeira tem sido uma aposta, através de programas de educação financeira, com especial enfoque nos mais novos (a Dona Poupança, da Fundação Montepio é exemplo), mas também através da adequação de uma oferta ajustada a várias fases da vida e a várias necessidades (depósitos a curto, médio ou longo prazo, com entregas livres ou programadas, fundos de investimento, diferentes tipos de fundos de pensões…).

 

A capacidade financeira é um fator determinante para o acesso aos vários produtos? Ou pelo contrário, a democratização do acesso torna-os negociáveis por investidores com diferentes capacidades financeiras?

A capacidade financeira não é determinante para aceder aos vários produtos, mas sim o perfil de risco/investidor de cada um. É fundamental a adequação de cada produto ao conhecimento, perfil e objetivo de cada cliente. É essencial a informação, o conhecimento do tipo de risco que cada pessoa está disposta a assumir e o correto planeamento dos investimentos e do futuro financeiro.

Introduzindo a variável risco, existe a noção de que produtos com maior risco são mais adequados a investidores com perfil de risco mais elevado e a investidores com idade mais baixa. Concorda?

A variável risco e a tolerância ao risco são fatores relevantes quando se estrutura a aplicação dos nossos rendimentos e o planeamento das nossas poupanças. Claramente, produtos que não garantem a totalidade do capital investido são para pessoas mais tolerantes ao risco, com um perfil menos conservador e preparados para oscilações. Por outro lado, são investidores que também sabem que se o risco é maior, maior é a probabilidade de obter rentabilidades mais elevadas.

Mas este tipo de investimentos não é de todo exclusivo ou maioritariamente procurado por investidores mais novos, até porque hoje em dia, com o desemprego jovem e a instabilidade da vida profissional, existe menos capacidade de poupança e menos hábitos de investimento. Cada vez mais os “jovens de 50 anos” procuram investimentos, com maior ou menor risco, mas para objetivos diferentes (normalmente para assegurar uma reforma tranquila, para assumir algum risco, dada a disponibilidade financeira existente – a casa normalmente já está paga, o carro também – ou para viver a vida e fazer o que a correria e as obrigações da vida ativa não permitiram, como por exemplo, viajar).

Que produtos dentro da vossa oferta são mais adequados às várias classes de investidores dentro dos binómios risco/idade e risco/retorno?

Os nossos clientes mais jovens, cujas decisões de poupança são assumidas pelos pais, apostam essencialmente em produtos de poupança como depósitos a longo prazo, uma vez que a preocupação é poupar para o futuro, em segurança.

Para os jovens em início de vida ativa, a CEMG disponibiliza depósitos a prazo de risco baixo, com possibilidade de entregas mensais de valor mínimo baixo, de forma a garantir uma poupança para a primeira habitação ou para um carro. Por outro lado, e se quiserem começar a planear a reforma, os fundos de pensões com entregas mensais também são uma opção segura.

Se estivermos perante jovens adultos e adultos em vida ativa, com alguma tolerância ao risco, os vários fundos de investimento (em ações, obrigações ou fundos de fundos) podem ser uma solução para rentabilidades mais elevadas, ou até, para os mais informados e conscientes, o investimento em instrumentos financeiros de risco, através de plataformas como o Montepio Trader Go, pode ser uma opção interessante, desde que com completa consciência e informação.

Para os que temos vindo a designar como “jovens de 50 anos”, os seguros de capitalização, disponibilizados pela nossa participada, a Lusitania, são bastante procurados, assim como os fundos de pensões que aliam os benefícios fiscais a uma valorização contínua e a uma gestão especializada da Futuro, uma empresa do grupo Montepio.

A habitação própria é sem dúvida uma forma de poupança. No caso de Portugal somos, uma grande parte da população, proprietários. Não é esta também, uma boa forma de poupança? Que produtos se avizinham nesta área?

Sim, Portugal, ao contrário de outros países da Europa, conta com um historial de aquisição de habitação própria permanente, ao invés do arrendamento. Tem muito que ver com um processo cultural e com o melhoramento das condições de vida nos anos 1980 e 90. A compra de casa é muitas vezes entendida como uma “forma de poupança”, dado que:

– quando adquirida na idade jovem, com recurso a financiamento bancário, é expectável que depois na idade da reforma o mesmo já esteja totalmente liquidado, ou seja, passa a existir uma maior disponibilidade financeira;

– se adquirida sem recurso a financiamento é sempre um bem de valor e de património pessoal;

– quando considerada como património que passa de pais para filhos, acaba por ser uma forma de poupança para o futuro dos filhos.

O financiamento de habitação própria permanente é um produto core dos bancos e, dado o historial da CEMG, para nós é crucial uma oferta de crédito ajustada às várias necessidades e fases da vida dos nossos clientes. Como se costuma dizer “cada casa é um caso”, e uma análise do cliente consciente e da sua taxa de esforço é essencial para a formalização de um financiamento sem percalços ao longo do tempo de vida do mesmo. É seguro para os clientes e é seguro para os bancos. O passado recente, que nos levou para uma profunda crise financeira, mantém-se muito atual, o que nos leva a ser muito exigentes e ponderados na avaliação do risco, por forma a não criar uma crise social às famílias.

Estamos constantemente a ser desafiados nos nossos negócios e na forma como abordamos os nossos clientes. Surgem novos formatos de habitação, de mobilidade e sem dúvida de rendimento que até aqui não existiam. Quais serão na sua opinião os grandes desafios da banca para os próximos tempos?

São vários os desafios que a banca vai atravessar no futuro. A era digital e a tecnologia constituem-se como oportunidades no que respeita à eficiência e eficácia, bem como à adequação da oferta a cada cliente, de forma personalizada e que vai ao encontro das necessidades de cada um. O acesso a serviços financeiros através de dispositivos como um portátil ou um smartphone levam a que as redes de balcões e de agências se posicionem acima de tudo como o garante da relação de confiança e, em alguns casos, de proximidade.

A PSD 2, a nova diretiva dos serviços de pagamento, vem aumentar a concorrência entre os agentes de mercado, com os bancos a serem obrigados a partilhar os dados pessoais dos seus clientes que assim o permitam, às fintech, por exemplo, e a inteligência artificial também será uma realidade na banca de futuro, com o desenvolvimento de ferramentas como chatbots, que trazem rapidez, eficiência e inovação.

O desenvolvimento e a aposta no talento humano serão essenciais para a banca de futuro que começa a desenhar-se no sentido da assistência e total acompanhamento, antes, durante e depois da transação financeira. A oferta de produtos e serviços personalizados é disponibilizada com base nos comportamentos de cada cliente, nas suas preferências, nas suas pesquisas online, nas suas compras online. Quem “dá a cara” nos bancos terá de se preparar para esta nova realidade, para as novas ferramentas que vão acompanhar os avanços da tecnologia e para clientes cada vez mais informados e exigentes.

Olhando agora para o futuro, como vê a CEMG a preparar os próximos anos da sua história, fazendo face a estes novos desafios?

Vamos continuar a acompanhar o mercado e os desafios da sociedade, bem como a acompanhar os avanços da tecnologia e da inovação. Tal e qual como o temos vindo a fazer desde há 175 anos para cá. E este futuro faz-se e conquista-se precisamente com uma estratégia e um planeamento em linha com a modernidade, mas sempre com o cliente no centro. E não apenas o cliente, em si, mas também a sociedade.

A nova realidade bancária, onde cada cliente se pode relacionar com a sua vida financeira através de dispositivos móveis, por exemplo, leva a que a sua afinidade com o banco seja reduzida. Por isso mesmo, é preciso criar uma referência e uma razão emotiva para se manter a ligação.

O posicionamento que a CEMG tem vindo a assumir no setor da economia social contribui para que os nossos clientes (e o mercado) nos vejam como um banco diferente. Um banco que apoia as entidades da economia social e o seu trabalho junto dos grupos mais carenciados, que contribui para a inclusão social, que apoia o empreendedorismo social, será sempre um banco próximo, que assume um compromisso junto da sociedade.

Continuaremos a trabalhar no sentido de criar um banco que se relaciona com os seus clientes não apenas e exclusivamente do ponto de vista financeiro, mas que cria um motivo, um sentimento de pertença ligado a valores sociais e na criação de valor para a sociedade.