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As mudanças de comportamentos dos portugueses com a chegada da pandemia estão presentes no estudo “Hábitos do Consumidor Português”, desenvolvido pela Boston Consulting Group (BCG), onde são analisadas as perspetivas dos portugueses sobre o futuro da pandemia, e como o seu quotidiano foi afetado nas áreas das:
Apesar da acumulação de riqueza ter abrandado durante a pandemia, com uma taxa de crescimento médio anual de 3% em 2015-2019, a comparar com os 2% em 2019-2020, e de uma considerável parte da população ter sido impactada financeiramente, 41% dos portugueses conseguiram poupar mais do que em anos anteriores.
Ainda em período de pandemia, verificou-se um aumento de gastos em veículo pessoal, educação e soluções de investimento. Também as categorias de despesas como animais de estimação ou entretenimento em casa registaram um aumento, mas de uma forma que se prevê temporária. Algumas categorias caíram temporariamente, como as despesas em restauração ou vestuário, e é expectável que outras venham a ter um peso menor no futuro dos portugueses, tais como bens de luxo e transportes públicos.
Acentuou-se a tendência de não utilizar o dinheiro físico, aumentando a utilização do online banking (23%) e de aplicações móveis (21%).
Esta mudança para o digital pode estar relacionada com o aumento das compras online, sendo que 44% dos portugueses recorreram mais ao e-commerce, comparando com o período pré-pandemia. Entre os motivos para esta escolha destacam-se os melhores preços/descontos (53%) e o evitar de multidões (51%).
Quanto às atividades essenciais e de lazer, os portugueses esperam alterar os seus comportamentos face ao período pré-pandemia:
Com os confinamentos e as precauções com o distanciamento social, os consumidores passaram mais tempo em redes sociais e a percentagem de pessoas que as utilizaram durante mais de uma hora por dia aumentou perto de 10 p.p., quando comparado com o período pré-pandemia.
Também a utilização de plataformas de streaming aumentou mais de uma hora por dia a chegar aos 53%, aproximadamente 15 p.p. acima do registado em período pré-pandémico.
Após quase dois anos de incerteza em relação ao impacto da pandemia nos voos e nas restrições de chegada e partida, 56% dos inquiridos espera viajar mais no pós-pandemia do que anteriormente, e 79% imagina-se mesmo a fazer uma viagem no próximo ano.
O regresso ao trabalho continua a ser uma incógnita para empregadores e colaboradores com 64% da população a afirmar sentir-se confortável ou indiferente a trabalhar presencialmente, mas apenas 36% a preferir um modelo totalmente presencial. Esta preferência por modelos com componentes remotas pode estar relacionada com alguns sentimentos gerais:
Com os novos modelos de trabalho, muitos trabalhadores ponderam mudar-se para outras regiões, fora das cidades.
No tema da saúde, verificou-se uma deterioração da saúde mental dos portugueses, registando-se um aumento de 9% para 20% de pessoas que se sentem instáveis psicologicamente. Entre os principais mecanismos iniciados para inverter este sentimento, destaca-se a prática de meditação e as consultas de Psicologia.
A maioria dos portugueses reconhece ainda que passou a dar maior importância à saúde mental e física, à família, à estabilidade financeira e ao crescimento pessoal. Ainda 33% das pessoas começaram a importar-se mais com a adoção de comportamentos sustentáveis, o que se materializa na alteração de alguns comportamentos como a utilização de sacos reutilizáveis (49%) e a utilização de embalagens reutilizáveis (36%).
Metodologia
Entre 18 e 22 de novembro de 2021, a BCG em Lisboa inquiriu 1.000 portugueses de todas as idades, géneros e regiões para compreender como estes alteraram e esperam alterar os seus hábitos de consumo e vivência num futuro próximo, devido à Covid-19. O estudo analisa como estes veem a evolução futura da pandemia, bem como outras cinco áreas do seu quotidiano: (1) Atividades essenciais e de lazer; (2) Poupança e Despesa; (3) Hábitos digitais; (4) Habitação e trabalho; (5) Saúde e sustentabilidade.
Fonte: PR Boston Consulting Group