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O aumento da esperança média de vida aliado ao fornecimento de melhores condições de saúde e alojamentos totalmente pensados para a comunidade sénior são fatores-chave do crescimento do investimento no setor de senior living. Também as exigências e necessidades do público sénior, mais ativo e informado, atuam como motores da transformação do setor, criando novas oportunidades para expansão e inovação.
Uma nova realidade que está a impulsionar transformações profundas no mercado português de senior living. Esta é uma das principais conclusões de um estudo da Savills, consultora imobiliária internacional, apresentadas num webinar promovido, conjuntamente, pela consultora e pela APR – Associação Portuguesa de Resorts, no dia 27 de abril.
As Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), os comummente denominados “lares de idosos”, continuam a dominar o mercado português, comparativamente a novos conceitos que integram o universo de senior living, ainda limitados a um nicho da população com maior poder de compra e, em muitos casos, com níveis de autonomia elevados.
Apesar de estar longe da maturidade já atingida por outros mercados europeus, o mercado português de residências sénior está a crescer, reunindo todas as condições para atrair grandes operadores internacionais. Portugal está agora na corrida para se tornar um dos mais fortes mercados de residências sénior, tendo sido nomeado pela revista International Living como o melhor destino de 2020 para pessoas reformadas se fixarem.
Multiculturalidade, sentimento de segurança, custo de vida acessível, qualidade do serviço nacional de saúde e clima ameno todo o ano são algumas das características apontadas pela Savills como principais atrativos o mercado português.
O estudo da Savills refere ainda que, no ano 2080, a população portuguesa com idade superior a 70 anos representará 31 por cento da população total, o que representa uma oportunidade de ouro para o crescimento do mercado português de residências sénior.
Em Portugal, existem cerca de 1.800 instituições públicas e 740 privadas com capacidade para mais de 100.500 utentes, dos quais perto de 93 mil estão integrados em ERPI. Lisboa e Porto concentram o maior número de ERPI a nível nacional, com cerca de 24,7 por cento do total de camas disponíveis.
Para o futuro, o estudo da consultora imobiliária aponta a consolidação de dois conceitos no universo de senior living: residências sénior, para pessoas ativas e com um alto nível de independência, e projetos dedicados a utentes que sofram de algum tipo de patologia e que exijam um maior acompanhamento e cuidados especializados.
No setor das residências sénior, entre os principais operadores portugueses, contam-se o Grupo José de Mello Residências, o Grupo Luz Saúde e o Grupo Montepio Residências. Contudo, é o grupo francês Orpea que figura como o maior investidor a operar atualmente em Portugal.
A nível europeu, os maiores investimentos comerciais feitos no setor sénior verificam-se em França, Alemanha e Reino Unido, com este último a liderar em termos de volume de ativos comercializados neste setor (mais de 2,6 mil milhões de euros em 2019).
Nos últimos anos, Portugal registou um aumento exponencial do seu reconhecimento como destino de eleição para turismo e residência. Em 2019, os compradores internacionais, a maioria dos quais beneficiários do programa Vistos Gold, foram responsáveis por 8,5 por cento do volume de vendas de residências.
A aquisição de propriedades por compradores acima dos 65 anos de idade poderá representar uma oportunidade para o setor de senior living, capitalizando sobre as características ímpares que demarcam Portugal dos restantes mercados e que posicionam o país como um dos mais atrativos onde usufruir dos anos de reforma.
Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que cerca de 50 por cento das fatalidades fruto da COVID-19 na Europa ocorreram em instalações de alojamento para idosos. Este dado explica-se pelas vulnerabilidades inerentes à população idosa, intensificadas pela permanência em ambientes fechados e de convivência próxima.
A pandemia lançou sobre os operadores de alojamentos sénior custos acrescidos com a contratação de mais recursos humanos e equipamentos, bem como com a adaptação de espaços existentes para a criação de zonas de isolamento.
A adoção de soluções tecnológicas para conservar alguma forma de contacto entre os utentes e os seus entes queridos e a utilização de espaços exteriores, como jardins e outros espaços verdes, revelaram-se indispensáveis durante os períodos de confinamento.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) indica que, em matéria de cuidados a longo-prazo da população acima dos 65 anos, verifica-se uma tendência em crescendo da preferência por serviços que prestem cuidados ao domicílio.
A análise realizada pela Savills indica que incapacidades financeiras frequentemente se levantam como obstáculos ao acesso a instalações residenciais sénior, existindo preferência pelos cuidados ao domicílio. Contudo, não se antevê a desaceleração do crescimento da procura por residências sénior, considerando as limitações observáveis nos cuidados prestados em casa dos utentes, comparativamente aos que podem ser oferecidos em instalações devidamente concebidas para a prestação desses serviços.
Os dados apontam ainda para um aumento da população com patologias redutoras de autonomia, como a demência, prevendo-se que esse fenómeno seja acompanhado pelo aumento da oferta de instalações especificamente criadas para dar resposta a esse crescimento.
A Savills prevê que o mercado nacional de senior living registará um crescimento significativo quando a geração que agora se encontra abaixo dos 40 anos de idade atingir a idade da reforma. Esta geração conferirá um maior valor ao bem-estar e à segurança, e não tanto ao local em que estão instalados. Esta tendência deverá verificar-se entre as próximas duas e três décadas.
Assim, deveremos esperar que o mercado português de senior living seja, pelo menos no futuro próximo, dominado por uma mistura de investidores nacionais e estrangeiros, prevendo-se também um aumento da compra e reposicionamento de residências já existentes.