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Portugal e o potencial da Economia da Longevidade

16/07/2021 | Ana Sepúlveda

A Madeira e o posicionamento como um arquipélago "Age & Longevity friendly" A Madeira e o posicionamento como um arquipélago "Age & Longevity friendly"

Na semana passada o Governo Regional da Madeira tornou pública uma reunião tida entre o seu vice-governador Pedro Calado e a equipa de embaixadores europeus da rede Aging2.0, onde também se encontrava o CEO da Rede – Stephen Johnston.

Nessa reunião foi apresentada à rede Aging2.0 a visão do Governo Regional para tornar a Madeira no primeiro arquipélago mundial “Age & Longevity Friendly” que passa pela:

  • promoção da sustentabilidade social,
  • pela inovação na saúde,
  • na atração de novos residentes e
  • no reforço da promoção turística.

O que é a rede Aging2.0:

A rede Aging2.0 surge em 2011 em Silicon Valley e atualmente está presente em mais de 137 cidades nos 5 continentes e agrega mais de 40.000 pessoas.

Tem a missão de promover a inovação de soluções relacionadas com a longevidade e o envelhecimento e acelerar a chegada ao mercado de soluções de base tecnológica e não só.

No que diz respeito à Europa, é propósito da rede atuar como catalisador de iniciativas que contribuam para tornar a Europa cada vez mais um continente “Age Friendly”, o que tem levado a que se tenham promovido encontros entre governantes e a rede, no sentido de identificar áreas de trabalho comum.

Saiba mais acerca da rede aging 2.0 nesta entrevista 

O Exemplo da Madeira e a economia da longevidade:

Na referida reunião, que precede a abertura do capítulo do Aging2.0 naquela região (em Portugal já existe o Capítulo de Lisboa), ficou evidente o interesse de alguns dos Embaixadores presentes em colaborar na definição e futura implementação da estratégia, como foi o caso do embaixador de Londres – Erik Kihlstrom – por exemplo.

Um dos aspetos que foi destacado pelos presentes foi o facto de, numa região onde ainda não existe uma comunidade relativamente madura que trabalhe a inovação relacionada com o envelhecimento e a longevidade, como existe em outras regiões de Portugal, a iniciativa é tomada não pelo setor social ou mesmo pela iniciativa privada e sim pelo governo local, que está a preparar um órgão de governação que fique encarregue da pasta da economia da longevidade.

Ora, num projeto desenvolvido recentemente pela 40+ Lab, foi feita uma análise às estratégias de mais de 35 países, para o desenvolvimento da economia da longevidade.

Criámos uma matriz que permitisse relacionar o grau de desenvolvimento com o nível de maturidade e de compromisso do país com a longevidade.

Verificámos que a criação de um órgão de governação é, tradicionalmente, uma das últimas iniciativas a serem implementadas. No entanto, a criação de estruturas governativas intersectoriais e de longo prazo, são uma das melhores soluções para garantir que medidas governamentais desenhadas para promover a economia da longevidade não ficam reféns de ciclos eleitorais nem restritas a um único setor.

Refiro tudo isto para que o leitor tenha a informação necessária para compreender o quão inovadora a Madeira está a ser.

Em reuniões do Aging2.0 onde estive, após o encontro acima referido, foi-me dito que Portugal está, efetivamente, a posicionar-se de uma forma interessante neste mundo da longevidade e não só.

Um dos embaixadores espanhóis chegou mesmo a referir que há uma década atrás Portugal, e os portugueses, tinham uma atitude serviçal em relação à Espanha e aos empresários espanhóis. Este comentário é feito por uma pessoa que não só está ligado a centros de inovação na área do envelhecimento, como também lida diariamente com outras indústrias, e nota uma clara mudança de forma de estar de Portugal, na relação com Espanha, mas também com outros países.

São pequenos passos como este, fruto de uma visão e também de um aprendizado, que acabam por aos poucos, mudar positivamente a forma como Portugal é visto a nível internacional, o que se pode revelar bastante positivo para as relações externas e para a economia.

É preciso que outros sigam. Que outros líderes económicos e políticos vejam o que de melhor está a ser feito, para tirar o máximo proveito da economia da longevidade, e implementem nos seus territórios.

Outro bom exemplo do que já se faz de relevante para o crescimento da economia da longevidade, em Portugal, é a criação da Rede Portuguesa de Envelhecimento Saudável e Ativo (RePEnSA).

Esta rede vai ser formalmente criada no dia 12, e é constituída pelos centros Porto4Ageing, Ageing @Coimbra, Lisbon Active Healthy Ageing (AHA) e Algarve Active Ageing, que são as 4 redes regionais de promoção da inovação na área da saúde e do envelhecimento.

Como uma pessoa profundamente comprometida com a longevidade e a promoção da economia da longevidade em Portugal, gostava muito que outros se aliassem a Coimbra, Porto, Algarve, Lisboa e agora Madeira porque a longevidade será uma das grandes áreas de crescimento económico das próximas décadas e uma das formas de Portugal crescer nesta área é através do aumento de massa crítica.