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Este número surgiu nos anos 60, mas, ao contrário do que poderíamos esperar, não resultou de uma investigação científica rigorosa em grande escala, mas sim de uma campanha de marketing realizada no Japão, pela marca Yamasa, com o objetivo de vender pedómetros, os primeiros do mundo, na altura dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 1964.
Segundo conta o jornal britânico The Guardian, como falar em quilómetros assustava os clientes, a empresa fez uma conversão para passos. O dispositivo ganhou o nome de manpo-kei, que significa “contador de 10 mil passos” e daí nasce o mito tão divulgado e aceite nos dias de hoje.
A partir desse momento, os profissionais de saúde e médicos começaram a aconselhar as pessoas a caminhar ou correr diariamente os tais 10 mil passos, mesmo na ausência de qualquer evidência científica.
Só mais tarde os investigadores encontraram os benefícios associados a esta meta. Uma equipa de cientistas da Universidade de Kyushu, no Japão, concluiu que se os japoneses caminhassem 10 mil passos por dia, diminuiriam o risco de ter uma doença cardíaca.
De forma muito gradual, a Organização Mundial de Saúde (OMS) começou a recomendar este valor como o necessário para uma atividade diária suficiente, mas a verdade é que a fiabilidade deste número, diz a Visão, tem sido posta em causa ultimamente.
Um das questões colocadas em cima da mesa é:
10 mil passos são quantos quilómetros afinal?
A resposta varia conforme a estatura da pessoa, dado que pessoas mais baixas teriam de andar mais para cobrir a distância de 10 mil passos.
Além disso, outro problema tem a ver com o facto de não considerar a intensidade do exercício, já que o aumento da frequência cardíaca é, muitas vezes, o mais importante do que dar um certo e determinado número de passos.
O facto de não serem testadas outras distâncias (quer maiores, quer mais curtas) ou não se ter em conta doentes crónicos com diabetes tipo 2, por exemplo (os 10 mil passos nestes doentes podem ter consequências negativas), faz com que este valor perca a sua credibilidade.
Recentemente, os investigadores têm centrado as suas atenções na cadência do exercício e não no número de passos.
“Quando a intensidade é melhor, o coração bate mais rápido e mais sangue circula no corpo”, refere Tudor-Locke, da Universidade de Massachusetts Amherst.
Há ainda investigadores que acreditam que há benefícios entre os 7000 e os 8000 passos,
Um estudo de 2019 na JAMA focado em mulheres de idades avançadas, chega a conclusão que andar 4.400 passos por dia permite uma diminuição da taxa de mortalidae em cerca de 4 anos, quando comparadas com as que andavam 2700 passos ou menos por dia. Mas a redução do risco aparece para quem anda cerca de 7500 passos por dia, e portanto investigadores não encontraram beneficios em andar 10.000 passos ou mais numa base diária.
Um outro estudo de 2020, publicado na mesma fonte, chega a conclusão que andar entre 8.000 a 12.000 passos por dia está ligada a uma diminuição do risco de morte quando comparado com 4000 passos por dia.
Portanto, a questão mais importante que retiramos destes estudos, é que temos que nos exercitar para bem da nossa saúde, atingindo ou não a barreira dos 10.000 passos. Preparados? Vamos a isso!
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