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«Os mais velhos têm um valor económico, social e cultural muito relevante e são um recurso para a sociedade e para as suas próprias famílias», afirmou Jorge Torgal, professor da Escola Superior de Saúde do Alcoitão, que falava durante a sexta sessão online do Simpósio InterAções, no dia 24 de fevereiro.
Reconhece, contudo, que persiste um «olhar menos positivo» sobre o envelhecimento da população e em que «veem nos mais velhos menos população ativa no mercado de trabalho, mais custos para a saúde e um aumento dos custos com pensões». É um olhar sobre o envelhecimento que se detém nos desafios, ignorando as imensas oportunidades abertas pelos progressos tecnológicos e científicos e, sobretudo, pela conquista do envelhecimento saudável.
«Eu sou o que sou hoje, provavelmente, em 25% por causas hereditárias e em 75% por resultado daquilo que foi a minha vida. Do ambiente em que nasci, como cresci e como me desenvolvi. Nós sabemos hoje que 75% daquilo que as pessoas são no fim da vida resulta dos impactos cumulativos das desigualdades sociais, dos comportamentos e dos recursos ao longo da vida e com um grande impacto na saúde», explicou o professor Jorge Torgal.
«Entendo que é necessária uma abordagem de saúde publica compreensiva para o envelhecimento das populações. Que reflita as necessidades, as capacidades e as aspirações das pessoas idosas, assim como os diferentes contextos em que vivem, em particular, as suas casas, os seus bairros, as suas cidades e as condições em que os serviços existentes têm respostas saudáveis, adequadas e eficazes».
E continuou sublinando que «as intervenções do Governo, dos Municípios, das organizações sociais e económicas não podem reforçar as desigualdades. Sabemos que quem nasce numa família pobre, quem teve poucas possibilidades de estudar ou pertence a uma minoria cultural terá uma pior condição de saúde na velhice. E viverá provavelmente menos anos. Quem tem mais recursos económicos e teve uma formação académica formal tem, em geral, comportamentos mais saudáveis e tem uma maior esperança de vida e, sobretudo, uma maior esperança de vida com saúde».
A conquista do envelhecimento saudável fará da idade cronológica um número redutor e um indicador cada vez mais impreciso do que é ser idoso.
Na opinião do professor Jorge Torgal os mais velhos «têm de ter um papel ativo», mas cabe à sociedade, como um todo, «criar condições para que tenham esse papel». «Os mais velhos têm conhecimentos, têm qualidades e meios para participar nos diferentes níveis da construção de uma sociedade mais saudável, mais igualitária e que melhor responda às suas próprias necessidades». E acrescentou, concluindo que, «a sociedade antiga em que se era estudante e depois trabalhador e depois reformado é uma sociedade que passou. Hoje os estudantes trabalham, os trabalhadores têm de estudar, de outra forma estarão mal no seu trabalho, e os mais velhos têm de continuar a ser ativos no prolongamento dos seus projetos e percursos de vida adaptados às suas qualidades».
Jorge Torgal, professor da Escola Superior de Saúde do Alcoitão; Pedro Pinto de Jesus, da GEBALIS; Catarina Teles de Araújo, do Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão; e Maria Jesus Rodrigues, do Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão foram os oradores convidados da sessão ‘De volta a casa: abordagem integrada à mobilidade’ moderada por Mário Rui André, Diretor da Unidade de Missão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Uma sessão integrada na 3ª Edição do Simpósio Interações – Uma Sociedade para Todas as Idades, organizado pela Unidade de Missão ‘Lisboa Cidade de Todas as Idades’ da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Esta foi a sexta sessão de um conjunto de 16 sessões, todas gratuitas e com transmissão online, sempre às quartas-feiras, com início às 14h30.
Saiba mais AQUI sobre esta iniciativa. E não deixe de ver ou rever a sessão completa no canal do Youtube da SCML.
Sobre a representação social da idade cronológica recomendamos a leitura do nosso artigo Tenho 40, 65 ou 80 anos. Esqueça o rótulo da idade