Velhice já não é doença | Sociedade

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Velhice já não é doença

22/12/2021 | Sílvia Triboni

Velhice não é doença Fonte: Pexels Velhice não é doença Fonte: Pexels

Por determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir de 1º de janeiro de 2022, “Velhice” passaria a integrar a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde – CID11, no capítulo sinais, sintomas e achados inespecíficos relacionados à saúde.

Essa inclusão causaria um impacto negativo de proporções incalculáveis em vários segmentos, da saúde à economia, reforçando preconceito contra os mais velhos (idadismo), modificando as estatísticas de morbimortalidade e fomentando a indústria anti-ageing. Tal decisão representava um significativo retrocesso na área de gerontologia que, há décadas trabalha em prol do envelhecimento e do respeito à dignidade das pessoas idosas.

Embora essa decisão da OMS datasse de 2018, foi mais visivel no final de maio de 2021 por meio do canal @oquerolanageronto em uma live tendo como convidados Dr. Alexandre Kalache (ILC-Brasil) e Dr. Carlos Uehara (SBGG) dando início a uma grande mobilização da sociedade civil e criando o movimento #velhice não é doença que agregou diferentes pessoas e instituições em favor da exclusão desse código da CID11. 

Sob a liderança Dr Kalache, reconhecido internacionalmente por conquistas em prol do Envelhecimento Ativo e Saudável, esse movimento produziu inúmeros encontros e discussões virtuais, além de documentos encaminhados ao Ministro da Saúde e à própria OMS.

A presidente destituída do Conselho Nacional de Direitos das Pessoas Idosas, Lúcia Secotti, a Longevida, o Movimento Atualiza, ABG (Associação Brasileira de Gerontologia), entre outras, uniram-se à causa, que teve inclusive repercussões junto da sociedade civil, da imprensa e as mídias em geral.

O Movimento #velhicenãoédoença ultrapassou fronteiras e ganhou a adesão de profissionais e instituições de diversos países da América Latina e da Europa, entre eles a Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria (IAGG) e o Ministério da Saúde da Costa Rica.

Uma Vitória das pessoas idosas

Finalmente, após meses de ampla articulação e forte presença nas redes sociais, a OMS decidiu que o código “Velhice” será retirado da CID-11. O anúncio foi feito pela direção da divisão que coordena a iniciativa ‘Década do Envelhecimento Saudável’ a Kalache em 14 de dezembro.

Um dia histórico de conquista da sociedade civil que beneficiará as pessoas idosas de todo o mundo’, comemora.

A mudança já consta no site da OMS e no lugar de “Old age”, no código MG2A consta Ageing associated decline in intrinsic capacity (capacidade intrínseca em declínio associada ao envelhecimento).

O movimento #velhicenãoédoença continuará a estimular o debate público sobre as implicações do termo que substituirá a palavra ‘velhice’ na CID-11, bem como prosseguirá na defesa dos direitos à vida e às práticas cidadãs em prol do bem-estar das pessoas idosas – como proposto pela Convenção Pan-Americana de Direitos das Pessoas Idosas ainda não endossado pelo governo brasileiro.

Acompanhe o perfil do Instagram e a página do Facebook do movimento.

Qual o papel da Longevida?

O braço social da Longevida participa ativamente desde o início do movimento “Velhice não é Doença” com Sandra Gomes (que tivemos o enorme gosto de ter num dos nossos podcasts. Pode ouvir aqui), e uma equipa completa que trabalha a divulgação e comunicação da iniviativa para que os direitos das pessoas idosas não sejam nunca esquecidas e defendidas.

 

Fonte: Movimento #velhicenãoédoença