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«Vivemos a revolução da longevidade!», afirma Alexandre Kalache, médico e gerontólogo, responsável pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil. Uma «verdadeira revolução», pois «nada irá influenciar mais a sociedade do século XXI do que as tendências demográficas», referiu o especialista, que falava durante a sessão do dia 20 de janeiro, durante a 3ª Edição Simpósio Interações – Uma Sociedade para Todas as Idades.
De acordo com os números divulgados pela ONU «estima-se que o número de pessoas com 60 anos ou mais, duplique até 2050 e mais do que triplique até 2100, passando de 962 milhões em 2017 para 2,1 mil milhões em 2050 e 3,1 mil milhões em 2100». E se isto parece uma realidade distante citamos as conclusões de Alexandre Kalache «basta ter 25 anos em 2020 para estar entre os 70+ em 2065. Com a revolução da longevidade a vida deixou de ser uma corrida de 100 metros para se tornar cada vez mais uma maratona.».
O envelhecimento populacional tem hoje implicações que se acentuarão em todos os setores da sociedade: no mercado laboral, económico e financeiro; na procura de bens e serviços; na habitação e nos transportes; na proteção social e na assistência; e também nas estruturas familiares e relações intergeracionais.
É, por isso, urgente um novo olhar sobre a longevidade. «Parem de falar mal do envelhecimento e abracem o envelhecimento como a grande conquista dos últimos 100 anos», referiu Alexandre Kalache. Por mais incoerente que nos possa parecer, a verdade é que muitos de nós continuam a lamentar algo que devia ser celebrado!
No contexto da pandemia COVID-19, surgiram de uma forma acentuada fenómenos de idadismo (ageism, em inglês), uma forma de preconceito contra os idosos. Algo que pode ser definido como «atitudes prejudiciais contra a pessoa idosa e o processo de envelhecimento, práticas discriminatórias, políticas e ações que perpetuam um viés negativo e estereotipado». Sobre este tema, Alexandre Kalache é perentório «para combater o idadismo não basta não ser idadista. É preciso ser anti-idadista. Assim como não basta não ser racista, há que ser antirracista».
«Nós estamos todos a envelhecer e é preciso preparamo-nos todos os dias para isso», comentou Alexandre Kalache. Na sua opinião, uma política que atenda à Revolução da Longevidade deve promover os quatro capitais essenciais para o bem envelhecer: atenção à saúde; acesso ao conhecimento; condições financeiras, pelo menos renda mínima; e suporte e cuidado da família, amigos e pessoas próximas. A estes quatro pilares acresce um quinto: um propósito. Ou seja, a razão que nos leva todos os dias a sair da cama e que pode ser a família, os amigos ou o nosso contributo para a sociedade.
Citando o Alexandre Kalache: «quanto mais cedo se prepararem para a longevidade melhor, mas nunca é tarde demais. Comece já!»
Alexandre Kalache foi um dos oradores convidados da 3ª Edição do Simpósio Interações – Uma Sociedade para Todas as Idades, organizado pela Unidade de Missão “Lisboa Cidade de Todas as Idades” da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Esta foi a primeira sessão de um conjunto de 16 sessões, todas com transmissão online e gratuitas, sempre às quartas-feiras, com início às 14h30, desde 20 de janeiro.
Saiba mais AQUI sobre esta iniciativa.
Não deixe de ver ou rever no vídeo abaixo a sessão completa.