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Com esta complexa pergunta, o Professor Joaquim M. Sampaio Cabral, Presidente do Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, e Pós-doc em Engenharia Bioquímica no Massachusetts Institute of Technology (MIT), iniciou a sua palestra intitulada O Papel da Medicina Regenerativa na Longevidade, que decorreu no dia 23 de junho deste ano, no âmbito do ciclo de conferências e debates promovido pela Fundação Culturgest.
Neste artigo, destaco alguns dos inúmeros ensinamentos oferecidos pelo Doutor Joaquim M. Sampaio Cabral, sob o tema:
Ao abordar os fatores de envelhecimento, inicialmente o professor explicou as determinantes do envelhecimento como uma combinação complexa de:
- fatores genéticos,
- fatores não genéticos
- fatores ambientais.
Enfatizou que os fatores genéticos e ambientais agravam o processo de envelhecimento devido aos danos acumulados ao longo da vida, ao passo que a prática de uma dieta (restrição calórica) pode promover a longevidade, através do retardamento ou prevenção de doenças relacionadas com o envelhecimento.
Foi surpreendente saber que a restrição calórica promove a longevidade em muitas espécies, retardando o envelhecimento ao nível genético, mediante a neutralização dos efeitos da:
- oxidação,
- inflamação,
- diminuição do stress
- diminuiçao dos danos genéticos.
Outras determinantes do envelhecimento passíveis de controlo são as exposições ambientais, a toxinas e poluentes químicos, assim como o estilo de vida pessoal danoso (tabagismo, bebida e stress), os quais influenciam o envelhecimento, resultando frequentemente no desenvolvimento de certas doenças em idade mais precoce do que a esperada.
"O envelhecimento é ou não considerado como uma doença?” foi a pergunta lançada pelo especialista, cuja resposta ainda se debatem os pesquisadores.
Segundo Joaquim Sampaio Cabral, o envelhecimento é considerado como uma doença por vários cientistas e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma vez que a definição de doença abrange a maioria dos sintomas e deficiências resultantes do processo de envelhecimento.
Uma doença é “uma condição do corpo ou de uma de suas partes que prejudica o seu funcionamento normal e que geralmente se manifesta por sinais e sintomas distintos.
É uma resposta a fatores ambientais, a agentes infecciosos específicos (bactérias ou vírus), a defeitos inerentes ao organismo (anomalias genéticas) ou a combinações desses fatores.”
Em oposição, outros especialistas argumentam que “o envelhecimento não é uma doença porque não é uma disfunção.”
"As funções são relativas à idade, uma vez que processos funcionais presentes mais cedo na vida (por exemplo, capacidade reprodutiva) deixam de ser funcionais posteriormente” explicou o professor.
Para compreendermos o mecanismo de regeneração possível nos seres humanos, e questões éticas que se levantam sobre esta forma de prolongamento da vida, o professor exclareceu:
A Medicina Regenerativa é uma área científica emergente que tem por objectivo:
- Restaurar a funcionalidade de tecidos, órgãos ou partes do corpo danificada por trauma, doença ou envelhecimento, através do desenvolvimento de terapias moleculares e celulares e da criação de órgãos de substituição, conduzindo a uma melhor qualidade de vida.
Segundo a definição do Instituto Nacional de Imagem Biomédica e Bioengenharia, EUA, a medicina regenerativa é:
“Um domínio multidisciplinar envolvendo as ciências da vida, da física e de engenharia, que pretende desenvolver substitutos funcionais de células, tecidos e órgãos para reparar, substituir ou melhorar a função biológica, perdida devido a anomalias congénitas, lesão, doença ou envelhecimento”
A perda da funcionalidade dos órgãos pode ser reduzida e, talvez, até revertida, à medida que se compreende melhor os mecanismos da redução da capacidade regenerativa das células estaminais com a idade.
É importante observar que os avanços em medicina regenerativa levantam questões éticas, legais e sociais às quais os prestadores de cuidados de saúde, cientistas e políticos precisarão ter em consideração nos momentos decisórios.
Ao final da interessante e surpreendente palestra, Joaquim Sampaio Cabral resumiu sua apresentação da seguinte forma:
As terapias regenerativas têm sido focadas em células estaminais e outros factores que prolongam a vida.
Durantes os dias 20 de maio, 3 e 23 de junho de 2020, cientistas das áreas de ciências médicas, bioligicas e humanas explanaram sobre os mais recentes resultados de investigações, e práticas já adotadas pela medicina regenerativa e genética, bioengenharia, destinadas ao aumento da longevidade humana.
A temática desses encontros incluiu implicações económicas e sociais que podem surgir do aumento da longevidade do ser humano, adicionados aos limites biológicos e éticos que decorrem desta procura pela vida eterna.
A busca pela vida longa e pela redução do número de anos vividos com pouca qualidade de vida torna-se tema de interesse mundial, a nos obrigar o estudo e atualização constantes sobre todas as temáticas apresentadas neste ciclo de conferências da Culturgest, à disposição nos respetivos canais do YouTube e Facebook.
Muito Obrigada!
Silvia Triboni - www.acrosssevenseas.com
Linkedin: https://www.linkedin.com/in/silvia-triboni-b7a90449/